Tudo começou no ano de 2013, parecia algo improvável de dar certo, mas deu. No cast havia M: Pire Of Evil, Onslaughter e Artillery, acompanhados de dois grandes nomes do metal nacional: Anthares, Attomica e ainda Carcara e Facada, bandas da cena local.
Tudo corria bem, até assuntos relacionados ao lançamento do álbum VI, do Onslaughter e problemas de saúde com um dos integrantes do Artillery adiar a turnê sul-americana de ambos. Para preencher o vazio desses nomes, foram chamados MX, Taurus e Sextrash. o que poderia ser um desastre se tornou um marco no underground nordestino e passou a movimentar a cena local se tornando um dos eventos mais aguardados do ano.
Nesses quatro anos de festival o Underground Metal Fest, cresceu e se consolidou, trazendo sempre grandes nomes do underground mundial e sempre prestigiando bandas de todo o Brasil. Assim o festival já contou com os nomes de Toxic Holocaust (2014), em 2015 Iron Angel e em 2017, talvez o evento com o melhor cast até então. O local escolhido para acolher o quarto Underground Metal Fest, foi o teatro Boca Rica, um local já conhecido pelos bangers locais. Contando com bancas para venda de cds, camisas e comidas, em um espaço bem organizado.
Programado para começar as 18h, o fest só teve inicio as 19h, devido as passagens de som. A primeira banda a se apresentar, segundo a programação seria a Heritage, mas foi o Murdeath, que, ainda com um público tímido, subiu ao palco, devido a um atraso na conexão do voo da banda Heritage. A banda formada por Jean Augusto (vocal/guitarra), Matheus Cantaleãno (guitarra), Danilo Angeli (Baixo) e, para essa apresentação, Mateus Sales (bateria), brindou os presentes com um speed/heavy metal cantado em português. Fiquei impressionado com a postura de palco e a qualidade técnica do trio ao vivo. A banda apresentou musicas do seu ultimo trabalho, Sob o signo…, com destaque para “Inquisição”, “Resistir” e “Sob o signo do Heavy Metal” cantada em conjunto com os presentes. Infelizmente a apresentação foi interrompida por alguns minutos, devido a uma queda de energia no palco, mas esse fato não desanimou a banda que levou o tempo em que a produção corria para solucionar o problema para conversar com os fãs. Restabelecido a energia, a banda finalizou o show e foi aplaudida pelo público.
Após um curto intervalo era hora da Heritage subir ao palco. Formada por membros e ex-membros de bandas como Blasthrash, Flagelador, Cemitério, Infected, Psychotic Eyes, entre outras, Heritage executa um Thrash metal Old school. Como o underground também é feito de união, a banda dividiu os mesmo instrumentos da Murdeath e infelizmente a mesma sorte com a queda de energia. Novamente a apresentação foi interrompida por um blackout no palco, a produção correu mais uma vez para restabelecer a luz e após alguns minutos, pudemos aproveitar o Thrash metal furioso desses paulistas, que apresentaram as faixas do seu debut Ominous Ritus e enceram com o cover de MudButcher, do Destruction, cantada pelo baterista Hugo.
Quando palco começou a ser montado com o Baphomet guerreiro, era chegada a hora dos lunáticos do Blasfemador. Incrível o carinho que público tem pela banda, lotando o local e desde a primeira faixa enlouquecendo em mosh pits e cantando a plenos pulmões, como na faixa “Traga-me a Cabeça do Rei”. Durante a faixa speed metal ataque, novamente, houve uma queda de energia. Porém o público não desanimou e continuou cantado o refrão, algo emocionante de se ver. O cansaço no rosto do vocalista e produtor do evento Fabrício Estripador era notável e próximo do fim da apresentação, na ultima faixa “Está noite eu encarnarei no teu cadaver”, Estripador, deixou o palco, sendo socorrido pela produção. Novamente os bangers não pararam e continuaram cantando pelo vocalista, na ultima faixa.
O Clima de terror iniciado pela Blasfemador continuou com a Flageladör, banda bem conhecida no cenário local, sendo está sua terceira vinda a Fortaleza. Armando Exekutor, segue acompanhado por Jean Nightbraker (Murdeath) a caminho da terceira guerra mundial. Não houve mais incidentes de energia e os bangers puderam curtir e cantar junto as faixas “Assalto da Motosserra”, “Missão Metal” e a já citada “Terceira guerra mundial”, inclusive subir ao palco para dividir os vacais, em uma apresentação impecável.
Com a saída da Flagelador do palco, muitos fãs, com camisas de bandas de Black Metal, aproximam-se do palco para prestigiar e cultuar a figura do bode. Bode Preto entrou com Josh S. (vocal/guitarra) e Rodrigo F. Magalhães (baixo/Vocal), acompanhados de Bruno Gabal (S.O.H), na bateria, retribuindo uma participação que Josh no Isanity em 1999. Introspectivos e destruidores, em uma apresentação sem falhas, o Bode Preto espalhou o mal e preencheu o ambiente com um massacre sonoro. Faixas como “Inverted Blood”, “The Realm Of Satan” levaram muitos bangers a insanidade.
O odor fétido dos mortos anunciam a chegada do Cemitério ao palco, projeto solo de Hugo Golon, que tem como apoio seus amigos da Heritage, cujo também é baterista. A paixão que os fãs tem pela banda é digna de nota, local lotado e mosh pits gigantes nas faixas “O dia de Satã” e “ A volta dos mortos vivos”, eu mesmo não resisti e fui a frente cantar “Pague pra entrar, reze pra sair”.
O festival se aproximava do fim, muitos bangers descansavam nas arquibancadas, enquanto a Holocausto passava o som. Bastou a sirene tocar, na introdução, para os fãs se amontoarem a frente do palco, conferindo o terror da guerra ao vivo. Uma apresentação furiosa, sem tempo para descansar ou para conversas, o Holocausto, trazia o caos em faixas que privilegiaram, o clássico álbum, Campo de Extermínio. Destaque para as sempre destruidoras “Campo de Extermínio”, “III Reich” e “Vietnã”.
Pela primeira vez em uma turnê sul-americana, o Nunslaughter, visitou diversas cidades brasileiras, dividindo o palco com grandes bandas nacionais e participando como line-up de alguns festivais. A banda, em atividade desde 1987, possui uma longa discografia e quase teve um fim em 2015, mas para nossa sorte voltou em 2016. Antes da apresentação foi possível trocar uma ideia com os membros da banda, que muito simpáticos, receberam os fãs, autografaram cds e tiraram fotos.
No palco pudemos presenciar a blasfêmia vociferada por Don of the Dead (vocal), acompanhado por Wrath (bateria), Tormentor (guitarras) e The Mangler (baixo). Com uma discografia ampla, a banda passeou por sua história em um total de 25 faixas, mas que devido ao tempo das mesmas, cerca de 2 minutos cada faixa, não prolongou muito o show. “I am Death”, “Hex” e “Satanic Slut” levaram os death bangers a loucura.
A saída tranquila, sem tumultos em um festival que ocorreu sem incidentes, a interação entre público e bandas, que circulavam entre os fãs, formando um só organismo, sem estrelismo, mostra a boa organização e a força do undergound. O Underground Metal Fest se consolida com um dos maiores e melhores fest do Brasil. Este deveria ser o quinto, mas devido as abertura do estúdio da produtora, entre outras assuntos, em 2016 não houve o evento. Então que venha o V Underground Metal Fest.