É para isso que servem os amigos! Mostrar-nos coisas interessantes que, por um motivo ou outro, podem passar batidas! A banda Impellitteri passou pelo meu radar, mas foi ficando para depois, baseado em uma ideia errônea de que, por se tratar de um projeto baseado nos talentos de um guitarrista líder, as digressões de guitarra tomariam frente em relação a criação de canções, propriamente falando.
E eis que, mais uma vez, eu vejo o quanto ideias fixas ou pré-concebidas podem ser prejudiciais. Chris Impellitteri, que é de fato o dono da bola, joga – e muito – para o time! As músicas funcionam por si sós. Chris é, de fato, muito talentoso, mas usa esse talento para o benefício da composição e, contraditoriamente, por não querer – e nem ter necessidade – de se exibir, é que alcança o merecido destaque, com solos muito bonitos, criativos e bem colocados, além das bases melódicas e cativantes!
O somatório dos músicos, que ainda tem o vocalista Rob Rock, concebeu, portanto, um ótimo disco de Hard Metal, com composições empolgantes, concisas e muito, muito bem feitas, sem nenhuma passagem instrumental desnecessária e que, certamente, devem crescer exponencialmente quando executadas ao vivo. O grande problema aqui, porém, é que, apesar do mérito de Chris como compositor e líder de banda, o Impellitteri não aparenta ser uma banda de fato. A constante mudança de formação do grupo ao longo de sua trajetória deixa transparecer uma certa impressão de que Chris, quando resolve gravar, pega os músicos que estiverem disponíveis e faz o serviço. A posição de vocalista da banda deixa isso bem claro, pois Rob vai e volta entre os álbuns, sendo substituído eventualmente por Curtis Skelton ou por Graham Bonnet. Rob, entretanto, parece ser o parceiro mais presente de Chris e, de certa forma, os discos mais relevantes da discografia do grupo, além dos que foram lançados mais recentemente, são os que contam com seu vocal absolutamente impecável. Isso, de forma alguma, sem desmerecer Bonnet, que também é um intérprete lendário, mas que, dentro da carreira do Impellitteri, gravou apenas dois de seus dez discos.
Independente disso, o álbum é consistente por si só e tem seus destaques em músicas como “Walk Away”, “Countdown to Revolution”, “Rat Race” e “You Are the Fire”. Quando se depara com uma composição chamada “17th Century Chicken Pickin”, desconfia-se naturalmente que é uma faixa instrumental e não há como errar. É uma música baseada no solo de guitarra e é mais curta do que se poderia esperar, o que demonstra mais uma vez que Chris foca mais nas canções do que na mera exibição de técnica e virtuose. A síntese, ao final de tudo, é que “Screaming Symphony” é um álbum de Metal americano bem executado, muito agradável de ouvir, que pode ser apreciado tanto em uma audição tranquila, quanto servir para o headbanging, se tocado bem alto. Afinal, no fim das contas, o Metal é um estilo de música baseado na guitarra e, portanto, nada melhor do que ouvir um mestre em sua execução.
Formação
Rob Rock – vocal
Chris Impellitteri – guitarra
James Amelio Pulli – baixo
Edward Harris Roth – teclado
Ken Mary – bateria
Músicas
1.Father Forgive Them
2.I’ll Be with You
3.Walk Away
4.Kingdom of Light
5.Countdown to the Revolution
6.17th Century Chicken Pickin’
7.Rat Race
8.For Your Love
9.You Are the Fire
-
8.5/10