Os portões de Blashyrkh voltam a se abrir!

Nove anos se passaram desde o lançamento de All Shall Fall, o último álbum de inéditas do Immortal. Desde então um turbilhão se abateu sobre a banda envolvendo brigas judiciais e saída de integrante histórico, tudo isso regado com muita tensão e ansiedade. Mas eis que o Immortal resistiu às intempéries como um paredão de montanhas congeladas e volta com tudo em 2018 com seu novo full-length, Northern Chaos Gods, lançado via Nuclear Blast.

Com a saída do carismático e caricato Abbath (vocais, guitarras) em 2015, o outro membro-fundador, Demonaz, voltou a linha de frente da banda com sua guitarra, instrumento que teve que pendurar em 1997 por conta de uma forte tendinite. Mas além de voltar a ocupar o posto de guitarrista, Demonaz também assumiu uma nova função na banda, os vocais. Pela primeira vez em sua história começada em 1991 o Immortal lança um álbum sem Abbath nos microfones.

Mas para quem já conhece a história não só da banda como também os projetos paralelos de seus integrantes, não foi surpresa Demonaz assumir as vozes do Immortal, tendo em vista que o músico lançou um álbum-solo em 2011. Por outro lado, quem esperava que Demonaz cantaria da mesma forma que em seu trabalho solo, teve uma surpresa. Pois o músico abandonou os vocais graves e roucos e adotou gritos esganiçados e desesperados. Horgh se manteve no posto de baterista que ocupa com unhas e dentes desde 1996. Com a ajuda do produtor Peter Tägtgren (Hypocrisy, Pain) que executou as linhas de baixo, Northern Chaos Gods prova o que seu título denuncia: os deuses do Black Metal nórdico voltaram a causar o mais calamitoso caos!

A faixa-título teve a responsabilidade de abrir os trabalhos e por si só não deixou pedra sobre pedra com sua violência sonora, remetendo o ouvinte no mesmo instante a destruição do clássico Battles In The North (1995). Into Battle Ride mantém a pegada da faixa-título e complementa sem misericórdia a hecatombe desde já pronta. Mas ainda faltam mais 6 músicas para o fim!

Gates To Blashyrkh abre a seção épica do álbum com seu andamento cadenciado e foco no clima gélido que o Immortal é especialista em produzir. Grim And Dark ainda carrega o clima épico de sua antecessora, mas desta vez conduzida com blast-beats (como toca este mostro Horgh!). Influências de Metal tradicional ecoam no andamento da marcial Called To Ice, antes que a variada e imponente Where Moutains Rise tome conta de sua memória. Blacker Of Worlds (repare como o Immortal continua usando seu peculiar padrão-clichê de títulos) é curta e mortal, não dando a menor margem de esperança para o ouvinte, enterrando-o sob nevascas e impiedade no Norte sob a trilha sonora da majestosa Mighty Ravendark.

Demonaz soube manter o padrão adotado pelo Immortal desde que deixou a parte instrumental da banda em 1997, com várias passagens épicas que remetem ao Viking Metal. Mas desta vez a banda soube dosar estes elementos cadenciados com o lado brutal que marcou a história do grupo em Pure Holocaust (1993) e Battles In The North. Resultado: a banda não sente a falta de Abbath e ainda por cima lançou seu melhor álbum em muito, muito tempo, com todos os elementos históricos da banda genialmente dosados e com a identidade dos arautos de Blashyrkh.

A tempestade sonora característica da banda foi domada por Peter Tägtgren, que conseguiu separar os blast-beats de Horgh das guitarras e vocais rasgados de Demonaz de modo a deixar tudo nítido aos ouvidos. Assim sendo, os Reis do Norte estão de volta e vieram reclamar seu trono sobre as montanhas, trazendo consigo suas hostes temporais e holocáusticas. Por favor, saúdem os Reis de Blashyrkh!

Northern Chaos Gods – Immortal (Nuclear Blast, 2018)

Tracklist:
01. Northern Chaos Gods
02. Into Battle Ride
03. Gates To Blashyrkh
04. Grim And Dark
05. Called To Ice
06. Where Moutains Rise
07. Blacker Of Worlds
08. Mighty Ravendark

Line-up:
Demonaz – vocais, guitarras
Horgh – bateria

Convidados:
Peter Tägtgren – contrabaixo