Desde que eu tive a oportunidade de, pela primeira vez, escrever uma resenha para um disco do Heretic, minha admiração pela banda cresceu na mesma medida de sua evolução. O Metal instrumental, com influências de música oriental, oferecia aos integrantes do conjunto um acervo de inspiração praticamente ilimitado. E eles souberam utilizar esse material com desenvoltura.

Mantendo essa diretriz de não permanecer em estradas já percorridas, o Heretic inovou em seu álbum “To The False” através da inclusão de um vocalista em sua formação. Esse expediente já tinha sido testado no EP “Heretika”, sendo que todas as cinco faixas daquele estão presentes neste álbum. Qualquer sugestão de descaracterização da proposta da banda deve ser desconsiderada de imediato. O que podemos enxergar aqui é uma ampliação de suas oportunidades criativas.

Decerto que as composições necessitaram de ajustes em suas estruturas. Fazer uma música instrumental é muito diferente de fazê-la com vocais. Erich Martins revelou-se como uma escolha perfeita, apresentando a versatilidade necessária para integrar uma banda como essa. As músicas, agora em formato de canções, também revelaram de forma mais perceptível algumas influências do Heretic dentro do Metal e do Classic Rock. Na primeira faixa, “Unobtainium”, há uma parte central que me fez lembrar das viagens do Led Zeppelin dentro desse tipo de som. A pesadíssima “The Whip Of God” trará agudos halfordianos de Erich e o começo de “Hymn To Sirius” remete a algo do Rainbow na fase de Ronnie James Dio.

Guilherme Aguiar permanece onipresente nas composições, conduzindo não apenas a guitarra, mas toda uma leva de instrumentos exóticos para a cultura ocidental. Os solos de Luis Maldonalle amplificam os arranjos com inserções elaboradas e melódicas, enquanto que a dupla baixo e bateria formada por Laysson Mesquita e Gustavo Naves fundamenta as estruturas com a solidez de templos milenares, como se pode observer, por exemplo, na intensidade da condução de “Trail of Sins”.

Naves cedeu o banco da bateria para o convidado Mario Duplantier, da banda francesa Gojira, na instrumental “Sitar Sauvage”, única desse tipo no disco ao lado da curta e onírica “Truth”. Esta última é um momento de calmaria, intercalado entre o épico Death Progressivo de “Asaty” e o encerramento com “Rising Power”, cuja introdução pode lhe pregar uma peça com algumas notas quase Technopop, mas cujo desenvolvimento revela-se como uma das melhores faixas, misturando em si todos os elementos da musicalidade do Heretic percebidos até então durante a audição.

O peso e a melodia. O carisma e a agressividade. A elaboração e a surpresa, personificada no final repentino, como se representasse que não termina ali. Continuará! E sempre podemos imaginar que o Heretic que surgirá adiante virá igual ao que sempre foi: Diferente de tudo.

Formação

Erich Martins – vocal

Guilherme Aguiar – guitarra, cítara, sintetizador, flauta

Luis Maldonalle – guitarra solo

Laysson Mesquita – baixo

Gustavo Naves – bateria

Lucas Cão – guitarra solo em “Unobtainium”

Músicas

01 Unobtainium

02 The Whip of God

03 Sitar Sauvage

04 Trail of Sins

05 Until the Day It Comes

06 The End

07 Hymn to Sirius

08 Asaty

09 Truth

10 Rising Power

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