Resenha: Heaven’s Guardian – Chronos (2023)

Hoje, dia 3 de novembro de 2023, é um dia muito especial para o metal nacional, pois estamos diante de um lançamento que vai sacudir as estruturas da boa música, mundo à fora, isto porque a banda goiana de metal sinfônico Heaven’s Guardian acaba de lançar seu quarto e mais novo trabalho de inéditas, o grandioso e requintado Chronos. Esse registro é importante porque a Heavens Guardian foi a primeira banda nacional a lançar um álbum com o acompanhamento de uma orquestra, a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. A fórmula, apesar de ousadamente grandiosa, deu tão certo, que a banda ousou mais uma vez e agora numa escala sem precedentes. Chronos foi gravado em Los Angeles e como grande novidade, apresenta a nova vocalista, a russa Natalia Tsarikova. Chronos foi produzido pelo renomado produtor americano Roy Z (Bruce Dickinson/ Rob Halford/ Rob Rock/ Sebastian Bach) e pelo produtor Addasi Addasi (NervoChaos/ Black Oil). A bela arte da capa é assinada pelo renomado designer Carlos Fides. Cronos, o deus grego do tempo é o grande destaque da obra, que mostra os ‘ciclos cronológicos vividos pela humanidade, desde a Antiguidade da Mitologia Grega, passando pela Idade Média, até a Contemporaneidade da Inteligência Artificial. O tempo é personificado na capa do álbum pelo imponente Guardião, que testemunha e narra estórias vividas ou construídas pela humanidade, que foram preponderantes para a evolução da sociedade, percorrendo cronologicamente momentos de dor, superação e reinvenção que nos levam a entender o passado, viver o presente, e projetar o futuro. Os elementos descritos na capa – o Guardião (Pai do Tempo) acionando o amuleto do tempo, o busto Grego se constituindo em um Cyborg, a arquitetura antiga e moderna, a Roda do Zodíaco, materializam a linha cronológica da civilização humana, nos encorajando a viajar pelos detalhes do que outrora fomos, nos transformamos, e possivelmente seremos’, como descreveu a banda em suas redes sócias. E é exatamente isso o que nós vemos, ou melhor ouvimos ao longo de suas 12 grandiosas faixas.

Repare que por mais de uma vez eu uso a palavra “grandioso” ou seus correlatos. O motivo é tão simples, quanto óbvio, porque tudo, sem exceção TUDO neste trabalho é grandioso, enorme, gigantesco, requintado. Cada musicista envolvido, seja na banda, seja na orquestra ou mesmo no coral, deu o seu melhor e indo mais além. Desde a primeira nota ouvida, logo na introdução, até a última nota executada, o trabalho revela a grande capacidade de cada um em fazer algo marcante e indelével para a história da nossa música. E já que estamos falando dos artistas do espetáculo, deixe-me apresentar a banda Heaven’s Guardian que atualmente é formada por Carlos Zema & Natalia Tsarikova (vocais), Ericsson Marin & Luiz Maurício (guitarras), Everton Marin (teclados) e Murilo Ramos (baixo). A bateria foi gravada em Los Angeles por Francis Cassol. Guarde bem esses nomes, porque a partir de agora você ouvirá do que essa turma é capaz. Meu conselho é “busque um lugar confortável, recoste-se, ponha seu melhor fone de ouvidos e embarque sem medo nessa viagem no tempo, através das eras, acompanhado (a) por uma tripulação de peso e respeito, que vai tirar o seu fôlego e te fazer mergulhar pela história através de lindas e inspiradas camadas sonoras”:

A audição se inicia com a faixa “Tempus”, que não é uma simples vinheta de abertura. Lembra que falei em grandiosidade? Perceba isso ao ouvir essa introdução, cheia de emoção, te levando a nutrir sentimentos de surpresa e pavor!!! “The Sirens of the Past” vem a seguir. A faixa foi o último single pré-lançamento revelado e retrata a história de Orfeu e a origem das sereias, retratando simbolicamente “os perigos e desejos inerentes ao imaginário humano, que destroem aqueles que se deixam levar por impulsos irresponsáveis.” Musicalmente falando, a canção trafega num power metal sinfônico bem cadenciado e ritmado, com grandes variações vocais. ”General of Peace” vem em ritmo de fuga, por assim dizer, pois é mais acelerada e um pouco mais pesada que sua antecessora, lembrando uma sensação de pânico ou loucura. “Valhalla Call” já é mais aventuresca e imponente, com destaque para a linha de bateria bem marcante e evidente. “Tristan and Isolde” é uma canção folk no estilo celta, bem marcada no compasso, lembrando uma marcha pela floresta. “Sail Away”, que encerra a primeira metade da audição, vem na esteira de sua predecessora, porém apesar de folk, já é mais trabalhada no estilo metal pirata, mais nórdico.

A sétima canção, “The Color of Injustice” é bem mais pesada, próxima do que seria mais metal, com um riff de afinação baixa, trazendo um ar mais vigoroso e vocais mais densos e apresenta algumas quebras em seu andamento, numa linha mais progressiva. A balada “Home of Time” é uma das mais lindas do álbum, sendo conduzida principalmente ao piano acompanhado pela bela voz de Natalia e de quebra nos brinda com um maravilhoso solo de guitarra, que até nos remete ao mestre Brian May. “Wall of Shame”, que foi lançada como segundo single volta a elevar o clima. A canção, que é mais intensa, “retrata o pós-período da Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, a esperança de um tempo de paz e harmonia se foi com a construção do Muro de Berlin que passou a dividir a Alemanha em duas. Famílias foram sendo separadas por uma tensão política que estava só começando. No entanto, uma mensagem de união ainda existia, perseverando nos corações daqueles que lutariam contra o muro da vergonha.” Musicalmente, transita entre o metal moderno e um ritmo mais pop. “The Fall of The Empire” é uma canção emocional, que vem acompanhada pela batida de um coração, que começa mais calmo, enquanto Carlos Zema inicia sua performance vocal como que falando por um alto-falante, ao som dos teclados. No desenrolar da faixa, que vai acelerando, até ficar mais frenética, o coração também bate mais acelerado. Um solo de guitarra furioso dá mais intensidade a ela. “Artificial Times”, que foi lançada como primeiro single nos prepara para o final da audição. A palavra “Revolution” é executada com intensidade ao longo da canção. Liricamente, ela “retrata a modernidade do mundo atual. Hoje todos buscam o corpo perfeito, e para isso, meio que brincam de ser Deus. O conceito “Cyborg” retrata tudo aquilo que não é e não será natural ao corpo humano, desde uma simples intervenção estética até profundas modificações estruturais mecânicas. Essas modificações sugerem que estamos nos tornando Cyborgs com o tempo, e que se não olharmos para o interior de nossas almas e refletirmos sobre o porquê de estarmos aqui, em breve não saberemos mais quem realmente somos.” A canção faz uma mistura entre o power metal e o heavy metal, fazendo o ouvinte bater cabeça e gritar “revolution” junto com a banda. E eis que chegamos ao final da audição e somos brindados com  “Drowning Land”, a faixa derradeira, forte, animada, com uma levada power bem evidente, pra fechar com chave de ouro, como uma grande festa, ou melhor uma celebração à tudo o que foi executado e ouvido.

Heaven’s Guardian (Crédito da foto: Ítalo Yure)

 Chronos cumpre muito bem o seu papel. Fez todo o esforço da banda valer a pena. Fazer o que se propuseram fazer não é pra qualquer um e a Heaven’s Guardian provou mais uma vez que é possível sim chegar ao limite mais alto. A banda reuniu uma equipe profissional e musical de mais de 150 pessoas, e que estará em breve no palco para o lançamento oficial deste grandioso trabalho, magnífico, repleto de virtuosismo, carregado de camadas sonoras, passagens instrumentais intricadas, vocalizações exuberantes. Não há destaques individuais. Aqui, o destaque é o coletivo, muito embora o ouvinte consiga desfrutar de cada instrumento, cada um em seu momento único. E o que dizer sobre a nova dupla vocal? Carlos Zema é um dos mais versáteis cantores de metal, com um leque amplo de variações de timbre, que vão de naipes mais agudos e falsetes, até os mais densos e guturais. Natalia é uma exímia cantora lírica, com sua voz aveludada. As duas vozes se uniram de forma magistral, mostrando uma excelente performance. Um grande ponto pra banda. Não tenho a menor dúvida em afirmar que Chronos é um dos melhores e mais grandiosos lançamentos mundiais de 2023. O mundo precisa ouvir Chronos, da banda brasileira de metal sinfônico, HEAVEN’S GUARDIAN.

Heaven’s Guardian – Chronos
Data de Lançamento: 03/11/2023
Gravadora: Sleaszy Rider Records

Formação:
Carlos Zema: vocais
Natalia Tsarikova: vocais
Ericsson Marin: guitarras
Luiz Maurício: guitarras
Everton Marin: teclados
Murilo Ramos: baixo
Francis Cassol: bateria

Adicionais:
Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás
Coral Jovem de Goiás

Fonte: Heaven’s Guardian

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