Resenha: Havok – V (2020)

Em uma momento onde muitos reclamam da falta de bandas novas na cena, dizendo que o Metal morreu, que não há mais bandas como antigamente, que as bandas novas que surgem são todas ruins, bom, tenho uma péssima notícia para esses indivíduos: vocês nunca estiveram tão errados. Porém, essa é, na verdade, uma ótima notícia para os que gostam de música boa e não ficam aí choramingando com o saudosismo.

No momento, não há melhor banda para descrever a situação acima. O Havok não é nenhum recém-nascido, muito pelo contrário, já estão há 16 anos na batalha e estão em uma acensão impressionante, tanto comercial quando musicalmente. Seus últimos álbuns têm mostrado uma qualidade imensa, com uma técnica que empolga. É notável também a evolução de seu líder, David Sanchez, vocalista e guitarrista que só vem melhorando a cada trabalho.

O quinto álbum da banda, “V” (cinco em número romano), sem dúvidas, é o auge técnico da banda. Lançado dia 1º de Maio de 2020 via Century Media, marca o primeiro da banda com o baixista Brandon Bruce.

Mas vamos falar de música, hoje faixa por faixa pois o álbum merece. Ao iniciar a audição, nos primeiros segundos de “Post-Thruth Era” você já nota a influência de certa banda que nem preciso falar o nome, ouça e tire a prova. Após essa abertura nostálgica, nos é entregue uma baita música Thrash, rápida, com harmonias melódicas e uma explosão de riffs. Excelente faixa de abertura.

Já “Fear Campaign” me fez lembrar do “Kill ‘Em All” por conta de seu timbre e sua estrutura. Ainda tem um toque moderno e um riff que me deixou de cabelo em pé. Ao final os solos ainda conseguem surpreender. Uma das minhas favoritas do álbum.

Mais riffs intrigantes aparecem em “Betrayed By Technology“, com um trabalho mais cadenciado, mas ainda assim rápido. O baixo aparece mais aqui e tem seu lugar de destaque, de uma forma mais sutil, algo que não foi tão bem trabalhado no álbum anterior, “Conformicide“, onde por muitas vezes o baixo aparecia mais do que deveria.

Outra influência do Metallica? Sim! Aqui temos algo que nos remete a “Eye Of The Beholder“. Impossível não lembrar da faixa durante “Ritual Of The Mind“, agora sim com mais cadência e desacelerada. Conta com um ótimo refrão e um groove muito bom antes do solo.

Interface With The Infinite” parece ter influência de outro gigante do Thrash, o Testament. Seria perfeita uma participação de Chuck Billy em seu refrão, consigo ouvir perfeitamente sua voz se encaixando ali. Mais uma vez os riffs me deixam empolgado e a performance vocal de Sanchez é adorável.

Um interlúdio que lembra o Sepultura chamado “Dog Tsog” precede “Phantom Force“, uma das faixa previamente liberadas que já mostrava o potencial do álbum. Direta e sem rodeios, é agressiva e conta com tudo o que uma música de Thrash Metal precisa: palhetadas rápidas, o baterista sentando a mão e fazendo viradas ótimas, além de ótimos solos.

Os bumbos são atacados “Cosmetic Surgery“, outra faixa com um riff maravilhoso e com outra ótima performance de Bruce no baixo, tudo na medida. Prepare-se para os solos, pois são espetaculares.

O primeiro momento onde os violões dão as caras é em “Panpsychism“, com uma linda melodia que introduz a faixa. Após um minuto o peso entra, com o baixo soltando um Groove nos versos, dominando a música. Ainda temos um tom melodioso nos backing vocals pré-refrão, esse que é mais enérgico com o coro acompanhado o vocalista. Mais um vez você pode se deliciar com o solos incríveis do guitarrista Reece Scruggs, que até agora não decepcionou.

Merchants Of Death” é curtinha e nos faz perceber que audição já está chegando ao fim. A faixa é pesada e apresenta ótima performance de Pete Webber atrás do kit de bateria, com viradas sensacionais e muita precisão nos pedais duplos.

Agora parem tudo! Temos uma forte candidata a música do ano aqui. “Don’t Do It” sem dúvidas é a melhor do álbum e quem sabe até a melhor da banda. Uma faixa incrível, com dedilhados, violões dando a harmonia com um clima tenso e sombrio. Quando o peso entra, e tudo na medida, o suficiente pra não tornar a faixa uma balada. Sanchez até canta limpo em alguns versos. Aos cinco minutos e meio de faixa um plot-twist maravilhoso a transforma em um Thrash Metal agressivo com mais um riff de cair o queixo, totalmente inesperado mas super bem-vindo. Em seu minuto final, mais uma vez os violões com belíssimas melodias que nos fazem querer mais, pois parece que o tempo de audição foi curto, apesar de o álbum ter por volta de 45 minutos.

Pois bem, temos em “V” um Havok com sangue nos olhos, tentando e conseguindo provar que é uma das melhores, senão a melhor banda de Thrash da nova geração. Tudo bem, talvez a empolgação de ter uma audição tão boa com o álbum me faça exagerar nesse ponto, mas ao menos no momento não vejo nenhuma banda superá-los. Até o momento lado a lado com o Trivium é o melhor lançamento de 2020, que não está nem na metade de seu ciclo, mas dificilmente algo irá superar. Vale a pena a a audição e assim que possível ter a cópia física desse Masterpice.

V – Havok
Data de lançamento: 01/05/2020
Gravadora: Century Media

Tracklist:
01. Post-Truth Era
02. Fear Campaign
03. Betrayed by Technology
04. Ritual of the Mind
05. Interface with the Infinite
06. Dab Tsog
07. Phantom Force
08. Cosmetic Surgery
09. Panpsychism
10. Merchants of Death
11. Don’t Do It

Formação:
David Sanchez – Guitarras, Vocal
Reece Scruggs – Guitarras
Brandon Bruce – Baixo
Pete Webber – bateria

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