Uma banda tem que ter o diferencial pra fazer sucesso, algo único que a distancie de outras bandas. O Halestorm tem isso e se chama Lzyy Hale. O que essa mulher faz a frente da banda é muitas vezes inacreditável. Sua voz tem um timbre único e me arrisco a dizer que ela é uma das melhores vocalistas — senão a melhor — do gênero nos últimos 10 anos.
A banda está lançando o álbum “Vicious” com a promessa de conter algumas das mais pesadas composições da banda. Depois de flertar com um som mais Pop no álbum anterior, “Into The Wild Life” de 2015, agora, ao que parece, a banda cumpriu o que prometeu.
O álbum é composto de faixas bastante consistentes e variadas, alternando entre o Hard Rock e o Heavy Metal. Momentos mais pesados como na faixa de abertura, “Black Vultures“, mostram Lzzy soltando a voz de forma estupenda sobre uma base bastante sólida.
A pegajosa “Skulls” é menos pesada, mas não menos competente. O refrão grudento se junta a harmonias muito boas, juntamente com uma bateria bem tocada por Arejay Hale.
Mais rápida, “Uncomfortable” dá destaque ao trabalho harmônico que funciona muito bem, não só nesta faixa, mas no álbum todo. A ponte dessa faixa ilustra bem o que eu disse sobre a harmonia, com uma passagem melódica muito boa.
“Buzz” tem bastante influencia do Hard Rock moderno, como o do Adrenaline Mob, por exemplo. O refrão é coisa linda e rapidamente gruda na cabeça. Até agora quatro faixas que tiram o fôlego, um começo impressionante que cumpre a promessa de composições mais pesadas.
Quebrando o ritmo temos “Do Not Disturb“, uma faixa provocante, mais cadenciada e direta. Lembra bastante as composições do álbum anterior, mas um pouco mais bem trabalhada. Ainda conta com um solo belíssimo de Joe Hottinger.
Mais acústica, “Conflicted” tem a levada mais Pop, onde Lzzy canta sobre alguma aventura amorosa. Vai ganhando peso até o seu segundo refrão, até voltar os acordes acústicos predominantes. Faixa diferente e boa.
“Killing Ourselves To Live” talvez seja a melhor faixa do álbum. Ela é mais sombria e pesada, com um refrão sensacional, um dos melhores que já ouvi em muito tempo. O backing vocal do refrão funciona muito bem e talvez esse tenha sido o diferencial da faixa. Sua ponte é outra coisa linda, com acordes acústicos que antecedem um baita solo de guitarra. Música impressionante que dificilmente sairá da minha playlist.
A primeira balada do álbum é “Heart Of Novocaine“, totalmente acústica, destaca a poderosa voz de Lzzy. Impressionante como ela consegue ter vários timbres em uma mesma música. Para mim, a banda acertou em cheio em deixar essa faixa de forma acústica, funcionou muito bem. Um conselho, preste atenção na ponte e se arrepie.
Voltando ao peso, temos “Painkiiler“, uma das mais pesadas do álbum, tem um riff muito bem construído, apesar de simples. Só senti falta de um solo marcante na faixa, mas tirando isso, está ótima.
“White Dress” tem uma cozinha muito boa, o baixo distorcido é o diferencial dos versos, o refrão tem uma base muito boa e uma leve harmonia que casa muito bem com a voz de Lzzy. Ela canta sobre não ser a “princesinha” de vestido branco que todos querem que ela seja. Outra ótima faixa.
A faixa-título é outra coisa linda. Lzzy ecoa “What doesn’t kill me, makes me vicious” com muito feeling, chega a arrepiar. Sua base consistente sustenta muito bem a faixa, que mais uma vez poderia ter um solo, mas isso não tira o brilho da composição.
Fechando o álbum, outra balada acústica. “The Silence” me lembrou muito “Watch Over You” do Alter Bridge, porém com a pegada do Halestorm. Tem um feeling impressionante, com um violino fazendo a harmonia no refrão que deixou tudo muito lindo. Faixa perfeita pra fechar o álbum, equilibrando perfeitamente a audição.
Depois de ter se aventurado em algo menos pesado, o Halestorm acertou a mão em “Vicious“. Composições muito sólidas e seguras, sem sair da zona de conforto, mas adicionando pequenos elementos que tornaram o som mais rico, como as ótimas harmonias e refrões. Porém, o que eu disse acima eu reforço aqui, Lzzy Hale é o diferencial da banda, a atração principal. Sua voz é incrível e consegue atingir vários timbres nas faixas do álbum. Talvez se fosse um vocalista homem, com voz característica do Hard Rock, a banda não teria o destaque que tem.
Sem contar que a mixagem é perfeita, tudo cristalino e nítido. Esse é mais um álbum que entra para os melhores do ano, vai figurar na minha lista e de vários outros ouvintes e críticos. Ouça sem moderação e tenha bons momentos.
Formação:
Lzzy Hale (vocal, guitarra e teclado);
Joe Hottinger (guitarra e vocal de apoio);
Josh Smith (baixo e vocal de apoio);
Arejay Hale (bateria, percussão e vocal de apoio).
Faixas:
01. Black Vultures
02. Skulls
03. Uncomfortable
04. Buzz
05. Do Not Disturb
06. Conflicted
07. Killing Ourselves To Live
08. Heart Of Novocaine
09. Painkiller
10. White Dress
11. Vicious
12. The Silence
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9/10