Geralmente é assim: por mais que uma banda já aparente ter nascido sonoramente pronta, com membros, proposta e público bem definidos, sempre há mais o que remanejar, aperfeiçoar, moldar. É mais ou menos o que vem acontecendo com os juiz-foranos do Hagbard, que lançam nesse mês de junho seu mais novo álbum, “Vortex To An Iron Age”.
– Resenha extraída do blog Warriors Of The Metal.
O novo título é o segundo full-length da discografia, sucedendo o excelente e bem criticado debut “Rise of The Sea King”, que saiu há três anos, e o EP promocional “Tales of Frost and Flames”, do ano passado. Diante da crescente que vinha recebendo com seus trabalhos, era de se esperar uma banda que preservasse suas características e exalasse qualidade em cada detalhe composicional… e felizmente é o que tivemos!
“Vortex To An Iron Age” é um registro que melhor define os contornos do que é o Hagbard de fato. Aqui a banda demonstra segurança, estabelecendo claramente sua zona de conforto – que é de difícil execução, isso há de ser ressaltado – e indicando uma personalidade que já vinha tomando forma com o EP anterior. Digo, “Rise of The Sea King” foi um álbum bastante vigoroso, uma notável obra de Pagan Death Metal; no entanto, em “Tales of Frost and Flames” o conjunto densificou sua atmosfera e atribuiu forte característica épica à ela, além de certa dose de sentimentalismo. Essa diferença entre os dois trabalhos é pouca, mas sensível, e “Vortex To An Iron Age” é a sequência sonora direta do EP quase que por osmose.
O disco foi gravado em Juiz de Fora (MG) entre julho e dezembro de 2015 e novamente mixado e masterizado por Jerry Torstensson (Draconian) em seu Dead Dog Farm Studio localizado em Säffle, na Suécia. Diferente de “Rise of The Sea King”, que foi lançado e distribuído pelo selo russo SoundAge Productions, “Vortex To An Iron Age” está sendo lançado no Brasil em formato digipack através do selo Heavy Metal Rock, que também dispõe do primeiro título em seu catálogo. A bela arte gráfica é de autoria de Marcelo Vasco, que se tornou especialmente famoso após criar as capas de bandas como Slayer e Borknagar.
Trata-se de um álbum intenso onde cada elemento instrumental se mescla à luz da aura epicista dos teclados. Os instrumentos tradicionais como a guitarra de Danilo “Marreta”, o contrabaixo de Rômulo “Sancho” e bateria de Everton Moreira se mostram firmes, conferem peso e fazem jus ao nome “Pagan Death Metal” do rótulo. Eles não são sempre pegados, entretanto, já que linhas mais melódicas são introduzidas – em duradouro casamento com a atmosfera mágica – assim como as músicas, no geral, não são de todo violentas, mesmo com todos os atributos para sê-lo. O ritmo delas é mais constante, mas com naturais transições para algo mais pegado ou algo mais calmo, de acordo com o momento ou a música. Claro, há potência e vigor, mas certamente a alma do trabalho é o encanto que a incidência dos teclados de Gabriel Soares e a ampla exploração de violinos do convidado especial Vinícius Faza Paiva proporcionam – e como esses instrumentos dão o ar da classe!
É sempre muito interessante também a preocupação dos mineiros com as linhas vocais. Nunca introduzem apenas um tipo de técnica, nem têm discos sempre lineares. Os guturais rasgados de Igor Rhein são a técnica mais explorada, tal como precisa ser. Mais do que anteriormente, aqui seu vocal soa mais pagão, já que a produção não o deslocou do instrumental e sim o “fundiu” a ele, deixando-o um pouco mais baixo, porém conectado com o ambiente. O leve reverb na voz faz parecer que Rhein esbraveja em uma floresta neblinada ao crepúsculo – o que é perfeito para os heroicos propósitos Folk da banda. Inclusive, backing vocals em cadenciados corais são frequentemente acionados, aumentando o tom épico e dando dinâmica às canções. Nesses corais, participam o convidado Maurício Fernandes e o tecladista Gabriel Soares, cuja voz se destaca. Como em todos os outros trabalhos, Gabriel apresenta seu belo vocal limpo em mais uma faixa tranquila, estrategicamente posicionada em meados do set e intitulada “Last Blazing Ashes”. A faixa conta inclusive com a participação de Luqui di Falco (Glitter Magic) no violão. Coroando as participações especiais, Lívia Kodato empresta suas cordas vocais em “Inner Inquisition”, elevando o repertório de vozes do trabalho.
“Vortex To An Iron Age” é um registro foda de uma banda madura que encontrou sua identidade mesmo em meio a um estilo difícil de se destacar. A atmosfera é densa e mais “fechada”, é verdade, o que reduz o potencial assimilativo logo na primeira ouvida, mas vale ouvir mais uma vez e se deixar imergir nessa sonoridade que fantasia bem o teor lírico inspirado nos “valores de eras antigas, de um mundo onde a força e o ferro eram aliados ao orgulho e à honra”, conforme conta a própria banda. É uma experiência pagã quase cinematográfica.
Gostaria de deixar, uma vez mais, meus agradecimentos ao Hagbard pelo reconhecimento e amizade de sempre! Sinto-me extremamente feliz e honrado por ter meu nome mencionado nos agradecimentos especiais do disco! A banda está de parabéns pelo excelente trabalho, seriedade com a qual encara a boa música e pela ousadia de executar um estilo tão incomum, especialmente no Brasil.
Para adquirir as versões físicas dos discos, basta entrar em contato através dos veículos oficiais da banda!
Formação:
Igor Rhein (vocal);
Danilo “Marreta” Souza (guitarra);
Rômulo “Sancho” Piovezana (baixo);
Everton Moreira (bateria);
Gabriel Soares (teclados e vocais limpos).
Participações especiais:
Lívia Kodato (vocal feminino);
Maurício Fernandes (backing vocal);
Luqui di Falco (violão);
Vinícius Faza Paiva (violino).
Faixas:
01 – Intro
02 – Never Call The Sage To Drink In Your Home
03 – Bridge To A New Era
04 – Iron Fleet Commander
05 – Last Blazing Ashes
06 – Death Dealer
07 – Relic of The Damned
08 – Inner Inquisition
09 – Deviant Heathen
10 – Shield Wall
11 – Outro
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