Temos aqui o quarto full-lenght da lendária banda carioca de “Saravá Metal”, a GANGRENA GASOSA. Lançado em janeiro deste ano, sete anos após o antecessor, “Se Deus é 10, Satanás é 666”.
Gravado no estúdio Dissenso, em São Paulo, a obra tem produção de Iuri Freiberguer e do vocalista Angelo Arede. “Gente Ruim Só Manda Lembrança Para Quem Não Presta” foi concebido através de crowfunding e os fãs puderam participar gritando nos refrões de algumas músicas. As 12 faixas são bem curtas, com média de dois minutos cada e em 32 minutos você terá escutado toda a bolacha.
A abertura se dá com a intro “Ponto de Abertura“, que como o nome sugere, trata-se de um ponto de macumba e logo dá lugar a primeira música para valer, “Gente Ruim“, que a partir daqui, não tem como traçarmos um paralelo entre a GANGRENA antiga e a atual. A formação antiga, que tem, sobretudo, o disco “Smells Like A Tenda Spirita” como referência, logo vai notar que a tosqueira de outrora dá lugar à mais polidez. O que pode ser visto como bom por alguns, ou como péssimo por outros, tendo em vista que aquela falta de cuidado com o som era o “diferencial” da banda.
“Terno do Zé” tem um riff interessante no início, em que a marca registrada da banda se faz latente: o peso das guitarras com a percussão da curimba, com destaque para o solo, bem elaborado. Essa é mais uma das músicas que já era conhecida do público por ser executada ao vivo. Boa música.
“Encosto” dá sequência à temática sobre a religião afro-brasileira, com uma pegada mais Hardcore. Essa já era conhecida do público nos shows e com certeza provoca abertura de moshs.
“Carnossauro Diet” surge como o ponto alto do álbum, onde a banda dá o seu recado que, ao contrário dos veganos, eles preferem comer aquela carne mal passada (N. do R: faço coro com a banda, pois sou fã daquela Picanha ou Maminha mal passada) e com uma sonoridade mais Metalcore. Esta também era executada ao vivo e, portanto, conhecida do público.
“Trabalho pra 20 Comer” é uma verdadeira salada musical, começa meio Thrash metal, com direito a apitinhos nas guitarras, depois o som fica mais grooveado e a letra engraçada demais, que conta uma história mal-sucedida sobre o cara ter feito um trabalho na macumba para levar uma garota para a cama.
“Farda Preta De Caveira” inicia a segunda metade do disco, que mesmo com um peso brutal, não mostra a banda no melhor momento de sua inspiração, enquanto que “Se Liga Doidão (Zé Droguinha)” é uma música que despertou interesse do redator pelos riffs bem Thrash Metal, com uma quebra de ritmo para o Groove no refrão e um peso cavalar. Outra que merece destaque.
“O Saci” começa com uma introdução bem rápida e depois intercala com um andamento mais devagar, porém, a parte rápida é a que empolga aqui.
E temos as três faixas que fecham a bolachinha, os caras resolveram apostar no Hardcore na reta final: “Fiscal de Cu” que começa com uma batucada que o ouvinte desavisado pode achar que a Timbalada invadiu a gravação dos caras, mas logo o Hardcore toma conta da parada, com uma abertura para um Groove e a volta da percussão no refrão; “Jogo do Bicho” mantém a pegada Hardcore e “Darkside” é curta e grossa, com seu 1:08 de duração.
Enfim, a produção caprichou, os músicos também, é um bom disco, mas, em minha opinião, esse tipo de capricho descaracteriza o som da GANGRENA. A graça da banda é aquele sonzão tosco, cru, por vezes mal tocado. Mas a vibe atual é outra e embora haja uma briga judicial entre os membros antigos e o atual líder, o vocalista Angelo Arede, a banda se profissionalizou, poliu o som, isso é bom para algumas bandas, talvez não para a eterna banda cult da zona norte do “Hell de Janeiro”.
Formação:
Angelo Arede – Vocal
Eder Santana – Vocal
Minoru Murakami – Guitarra
Diego Padilha – Baixo
Gê – Percussão
Renzo – Bateria
Tracklisting:
01 – Ponto de Abertura
02 – Gente Ruim
03 – Terno Do Zé
04 – Encosto
05 – Carnossauro Diet
06 – Trabalho Pra 20 Comer
07 – Farda Preta de Caveira
08 – Se Liga Doidão (Zé Droguinha)
09 – O Saci
10 – Fiscal de Cu
11 – Jogo do Bicho
12 – Darkside