Resenha: Frozen Frost – From Here to Eternity

As representações poéticas sempre trazem conceitos interessantes e criativos, por mais simples que sejam o ar grandioso apalpa com mãos delicadas a pena literária de nossos conceitos. E é desta forma que a banda Nordestina Frozen Frost destila seu “frio” e introspectivo conceito. Assim como o orvalho congelado sobre as plantas, o Frozen Frost recobre a superfície de sua musica com uma sonoridade única e peculiar.

A banda oriunda de Olinda (PE) tem uma sonoridade muito distinta, tanto que fica difícil rotular o trabalho do Frozen Frost. A banda gravou entre 2013 e 2014 seu primeiro disco intitulado “From Here to Eternity”, a capa do debut é bem interessante com  a imagem de uma geada, antecipando o ouvinte sobre o clima vigente a ser encontrado no disco.

O álbum abre com a “THE LAKE OF FOOLS” e traz uma melodia vocal bem disposta que corrobora junto a “pegada” da guitarra, o efeito na voz de Anastácia Rodrigues é avassalador e carregado de um clima “frio” digno de bandas como CELTIC FROST.

A próxima musica faz referencia a uma pessoa a beira da morte, “PANIC” tem um clima bem carregado e funâmbulo, o instrumental cardíaco culmina pesadamente junto a voz narrativa de Anastácia:

 Um passageiro doente… Talvez? Não quero passar… O que está acontecendo?  

(…) aperto no peito… Mão fria… Falta de ar… Eu não posso controlar um mal-estar geral…

 A musica desenha de forma descritiva a angustia e o pânico a beira da morte, a interpretação é espetacular.

“FROM HERE TO ETERNITY” que dá nome ao debut é muito bonita e mostra toda a veia expressiva da banda. Quando é dita a frase i cant fly , i cant fly for Miles away my soul is flying free, from here to eternety” um backing vocal em forma de sussurro é feito, deixando tudo mais introspectivo.

Uma canção que não posso deixar de citar é a “DESOLATE” que começa com as seguintes frases:

“Entre o arame farpado na beira do bem e do mal, eu estou vivendo entre o amor e o ódio”

É bem interessante o enredo do texto que em seu desfecho traz o poema “motivo” de Cecília Meirelles, acompanhe:

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

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Por mais que seja difícil rotular a banda é latente o ar experimental nas canções, frases rítmicas cadenciadas com uma boa base em death metal sinfônico alem de muita personalidade podem descrever esse trabalho com bastante ênfase, por fim, posso dizer que “From Here to Eternity” é bem feito e foge dos padrões estéticos existentes no mercado, a banda é bem versátil e forja seus temas com o gélido e petrificado lado sombrio da vida.

Destaque também para a brutal “Frozen Feelings” e a “Réquiem to the Sun” com frases em latim.

Músicas:

  1. Lake of Fools
  2. Panic
  3. From Here to Eternity
  4. The End of the World
  5. Desolate
  6. Frozen Feelings
  7. Dangerous Minds
  8. Sadness and Loneliness
  9. Requiem to the Sun

 

Integrantes:

Anastácia Rodriguez – Vocais

Argemiro Júnior – Baixo, guitarra base, teclados, backing vocals

Carlos “Monster” Souza – Guitarras

Arnoldo Guimarães – Teclados

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