Resenha: Flukt – Darkness Devour (2019)

FLUKT, a banda de Black Metal crua e de sonoridade caótica de Vennesla, Noruega, o cenário escandinavo ainda mantendo o que o consagrou e um novo herdeiro sobe ao foco hoje. Formada durante o outono de 2014 com o clima sombrio e com muita agressão em sua música, FLUKT oferece tudo aquilo que um apreciador do gênero espera encontrar, um flashback dos velhos bons tempos do Black metal norueguês como nos anos 90 e a reminiscência do que o cenário já foi um dia.
A banda recentemente assinou com a Dusktone Label da Itália e o álbum de estréia “Darkness Devour” acaba de ser lançado para todo o mundo em 25 de outubro de 2019.

O EP anterior, Holocaust, foi lançado pela SkyBurnsBlack Records no inverno de 2015 e no final de novembro de 2017 o single em vinil “Fortapelse” foi lançado pela NordicMission Production, então não seria por menos aguardamos ansiosos pelo que viria a seguir.
Flukt já realizou vários shows ao vivo na Noruega e na Suécia assim como no lendário Inferno Metal Festival em Oslo, o NordicFest, John Dee e no Southern DisComfort, compartilhando o palco com bandas como Dalit, Mork, Svart Lotus, Arvas e muito mais. Mas apenas falar sobre black metal não é o suficiente, agora “Darkness Devour” está em minhas mãos e é hora de desvendarmos este álbum de oito faixas profundamente.

Primeiro eu devo dizer a você, esqueça esta nova onda e elementos apresentados pela nova geração do “lado negro da força“, FLUKT instala o caos em milésimos de segundos logo de entrada com guitarras fulminantes e um trabalho afiado da bateria e vocal. Nada de tenebrosas introduções, “Serpent” é apenas um monstro sedento por sangue que não te dará tempo para fugir.
Não é raro que obras-primas absolutas do metal voem muito abaixo do radar popular, no entanto, encontramos a pedra preciosa de um álbum enterrado nas neves suaves do inverno e uma grata surpresa o aguarda em “No Return“, uma faixa tão boa que se torna uma “bênção” das piscinas sagradas e agitadas da inspiração do metal, mudanças de tempo abissais e um solo simples mas precisamente introduzido oferece mais profundidade a faixa e todo o contexto funciona muito bem.

Passando um pouco mais a frente nos deparamos com “Azrael“, uma jornada de black metal levando sabáticos vigorosos para territórios infernais antes de recair por breves passagem sutis que apenas servem de combustão para riffs rápidos e A.Ø explodindo nos vocais. Talvez não tão tradicional em alguns instantes mas “Einsatz” e “Trolldom i mørket” apenas rebatem com a beleza negra que o gênero mantém, ríspidas e ferozes sem falhas.

https://youtu.be/DVE4l9_z1ec

Eu não estou surpresa para ser franca, eu estive no Inferno Metal Festival durante a performance deles e sou sincera em dizer que esta banda apenas começou a queimar uma trajetória justa que eu espero ver se elevar daqui pra frente.
Existe uma lacuna ou outra com momentos inesperados, talvez alguns céticos não estejam totalmente convencidos, mas eu realmente gosto do que meus ouvidos obtêm e “Curse of the Nephilim” se torna outro momento excelente com uma atmosfera obscura e outro detalhe precisa ser mencionado aqui, apesar de FLUKT ser uma banda disposta a manter os pés no chão e as raízes do gênero vivas, eles nos afastam e muito de uma sonoridade “suja” em produção e isso para mim é um alívio. Eu acho que este é um erro cometido insanamente nos últimos tempos, algumas bandas confundem muito o “cru” com a produção escassa do passado tornando alguns álbuns apenas grandes porcarias sonoras, mas devemos ser honestos, FLUKT nos apresenta uma proposta justa em trazer de volta a pulsação visceral do Black metal noventista em tempos de Immortal começando, Emperor e Mayhem, com andamentos rápidos, vocais rasgados e guturais, guitarras altamente distorcidas em tremolo sem isso sobrecair na mesmice.

O álbum ainda contará com “Trespass the Devil’s Playground“, outra faixa sólida e a mais longa neste esforço, são 7:53 minutos, a única a ultrapassar os cinco minutos, nada mal!
FLUKT ainda é uma banda jovem para muitos mas Darkness Devour é um álbum consistente e íntegro, não podemos dizer que isto soará exatamente perfeito para muitos, afinal o Black Metal sempre será um dos gêneros mais existentes mas eles podem ir ainda mais além então eu recomendo que você mantenha seus olhos neles.

https://youtu.be/Mzg1MeWaGZc

Nota: 8/10

Track listing
1 – Serpent
2 – No Return
3 – Wounds
4 – Einsatz
5 – Azrael
6 – Trolldom i mørket
7 – Curse of the Nephilim
8 – Trespass the Devil’s Playground

Membros da banda
A.Ø – Vocal
F.H – Bateria
O.K.F – Guitarras
S.E – Baixo

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