A banda Fatal Scream, originária da cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, lançou seu primeiro álbum, intitulado “From Silence To Chaos” em 2016, trazendo à frente a cantora Carolina Miranda, proveniente da Darkager. Embalado em uma capa repleta de simbolismos políticos e religiosos, o disco agradará de imediato a quem procura um Thrash Metal bastante trabalhado.
Logo após uma breve introdução, a faixa “Killer Wolf” desperta a atenção do ouvinte em dois pontos, sendo o primeiro a técnica e a precisão absurda apresentada na música, com riffs quebrados, executados com precisão matemática, em suas estrofes. A segunda característica de imediata percepção é a voz de Carolina Miranda. Não espere que, por cantar Thrash Metal, ela vá seguir a escola Angela Gossow de interpretação. Tão pouco se assemelha a leva de cantoras mais líricas que tem estado tão em voga ultimamente. Carolina tem um estilo e um timbre próprio, personalizado, que eleva o nível da banda e a conduz através das oito composições próprias que perfazem o disco.
Os músicos da Fatal Scream, a saber os guitarristas Diego Aricó e José Roberto Cardoso, o baterista Carlos Lourenço e o baixista Rodrigo Trujillo, são todos acima da média e assim teria que ser para poderem executar um Thrash tão elaborado, com marcações de tempo tão precisas. Em “Trapped”, o ataque dos bumbos se alterna com os riffs quebrados e Carolina surge com algumas linhas de voz de extrema agressão, até passarmos para a faixa seguinte, que é “Before The Judgment”. No futuro da banda, quando ela tiver que selecionar os clássicos de seu repertório, eu apostaria sem dúvidas nessa canção. “Before The Judgment” possui linhas que irão lhe trazer à tona influências de Metal Church e, principalmente, da melhor fase do Iced Earth, com um refrão que certamente puxa o coro da platéia para entoar o verso “my masterplan…” em conjunto.
Nesse ponto do álbum, o estilo do Fatal Scream já nos aparece bastante definido, mas os integrantes são tão bons compositores quanto intérpretes, e apresentam variedade em suas conduções, como na próxima, “Betrayer (Shake)”, que tem um andamento na linha do Pantera e onde Carolina dá um show absoluto, indo desde tons altos a la Rob Halford até os mais assustadores guturais.
Em “Mental Prison” chamarão atenção os riffs do refrão, que na conformidade da letra da canção, lhe farão lembrar do movimento que uma pessoa faz, quando segura a cabeça com as duas mãos e a agita, na tentativa de tirar suas angústias de dentro. Como se preparando para o encerramento do álbum, com as pesadíssimas “Last Breath” e “Machine Head”, a ótima “Utopia” se aproxima mais do Heavy Metal tradicional, com uma levada mais emotiva, reforçando a diversidade de climas entre as composições.
Eu não poderia encerrar esta resenha sem dar os parabéns à banda pela iniciativa de creditar, no encarte, qual guitarrista faz cada solo. É algo tão simples, mas que poucas bandas se lembram de fazer. De qualquer modo, esse é apenas um dos itens da longa lista de acertos registrados pela banda e que merecem ser reconhecidos. No logo da banda existe um símbolo que tanto pode parecer uma estrela quanto um alvo. Ao final da audição do disco, eu creio que seja mesmo um alvo, e ele foi alvejado com precisão.
Formação:
Carol Miranda (vocal);
José Roberto Cardoso (guitarra);
Diego Aricó (guitarra);
Rodrigo Trujillo (baixo);
Carlos Lourenço (bateria).
Faixas:
01 – From Silence to Chaos
02 – Killer Wolf
03 – Trapped
04 – Before the Judgement
05 – Betrayer
06 – Mental Prison
07 – Utopia
08 – Last Breath
09 – Machine Head