Resenha: Exylle – Exylle (2019)

Fundado em 2014 na efervescente cena curitibana, o Exylle rapidamente se colocou como um dos principais nomes da música extrema daquela que é conhecida como a Cidade Sorriso. Com a proposta de praticar um Death/Thrash Metal com influências de Death, Obituary e Sepultura, dentre outros nomes, o grupo lançou em 2016 seu trabalho de estreia, o competente Dead When Born By The Church. Devido a ótima repercussão deste trabalho e de suas apresentações ao vivo, criou-se a ansiedade entre os fãs acerca do lançamento do primeiro full-length do Exylle. O esperado lançamento aconteceu recentemente, trazendo o nome da banda como título e mostrando novas e diferentes facetas que foram agregadas a musicalidade do grupo nos últimos tempos.

A banda formada por Victor Hugo (vocais, contrabaixo) Johnny Bordignon (guitarras), Kevin Vieira (guitarras) e Alex Rodrigues (bateria, não mais na banda) apresenta em Exylle, seu primeiro álbum de estúdio, 40 minutos de puro Death/Thrash Metal como os pioneiros do estilo ensinaram. A longa introdução de Legacy Of Chaos e os vocais urrados de Victor Hugo acusam as influências de Obituary que o grupo sofre. À medida que a faixa vai avançando, a banda mostra a sua capacidade de composição onde o diferencial é a variedade de arranjos e de ritmos, resultando em uma audição empolgante e satisfatória. O começo cadenciado de I Am Neither Innocent serve como uma preparação para a velocidade que se inicia logo após. Chama a atenção nesta faixa, como nas outras, o trabalho melódico que a banda prepara para adornar ainda mais suas composições, lançando mão de guitarras dobradas e de um baixo bem presente e seguro. Os pedais duplos da bateria de Alex Rodrigues dão início a destruição perpetrada em God Decreed To Hate (a parte tocada em tapping na guitarra após a metade desta faixa é primorosa) e também dão a ordem de combate na “slayeriana” Burn Your Leaders.

A mesma cartilha de introduções longas que descambam em andamentos velozes é seguida na ótima The Goat, uma das músicas mais complexas do álbum. A próxima faixa é a já conhecida Dead When Born By The Church, que se diferencia das demais pelo seu tom em Mi Menor e pela introdução calma (para os padrões do Exylle). Destaque mais uma vez para a destreza dos guitarristas Kevin Vieira e Johnny Bordignon em seus solos, especialmente os feitos com o recurso do tapping/hammer. A seguir surgem duas faixas-interlúdios: G.A. e World Deserves, que devem servir como ótimos “esquentas” para o público ao vivo, apesar de eu achar que elas poderiam ser germinadas em uma única faixa. O “esquenta” serviu bem também no álbum, pois após duas faixas curtas e cadenciadas o ouvinte está preparado para a desgraceira comandada por Dehumanization. O álbum se encerra com Immortal Dies, que vem conduzida quase que completamente pelos já famosos tappings da dupla de guitarristas e que ganhou um ótimo videoclipe.

O Exylle mostra neste seu primeiro álbum, como é de se entender pelo que foi lido até aqui, que possui uma grande capacidade de composição, onde o domínio técnico dos instrumentistas e as furiosas interpretações de Victor Hugo são usadas em prol da qualidade das composições, que aliam a agressividade do Death/Thrash com partes cadenciadas e técnicas, sempre prendendo a atenção do ouvinte para o que vem pela frente. Isso tudo seria mais destruidor ainda se a qualidade da gravação ajudasse. A mixagem errou com as guitarras, o grande destaque das composições, deixando-as escondidas e em vários momentos sem peso. A bateria de Alex Rodrigues também padece de ajustes em sua mixagem, especialmente no bumbo que saiu agudo (embolando-se com as guitarras em partes onde as palhetadas em tremolo se destacam) e no caixa que aparece muito, muito destacado. Além disso, faltou segurança por parte do baterista em algumas viradas, algo que poderia ser revisto no momento da gravação e repetido para uma melhor performance. Atualmente o Exylle está com um novo baterista, Vinicius Juilkowski. É sim possível investir em uma melhor qualidade de gravação mesmo que a intenção seja captar uma gravação crua, orgânica e visceral.

O Exylle tem tudo para se destacar mais ainda no Heavy Metal nacional, muito mais além de sua já conhecida presença no cenário curitibano. Qualidade técnica e composições criativas eles possuem de sobra. Colocando mais ainda em prática a ousadia vista na arte de capa de Exylle e nas suas letras que tocam na ferida das desgraças que acontecem mundo afora será um grande passo para tal, pois esses thrashers merecem ainda mais reconhecimento.

Exylle – Exylle (Quiat Produções, 2019)

Tracklist:
01. Legacy Of Chaos
02. I Am Neither Innocent
03. God Decreed To Rape
04. Burn Your Leaders
05. The Goat
06. Dead When Born By The Church
07. G.A.
08. World Deserves
09. Dehumanization
10. Immortal Dies

Line-up (gravação):
Johnny Bordignon – vocais
Kevin Vieira – guitarras
Victor Hugo – contrabaixo, vocais
Alex Rodrigues – bateria

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