A Exorddium foi formada em 2004, no estado de Minas Gerais, que é, historicamente, um dos principais pólos do metal extremo brasileiro. Não obstante, a Exorddium vai no caminho da tradição do estilo. Heavy Metal verdadeiro, com muita influência de Iron Maiden, Grave Digger e Judas Priest.

Este é seu segundo disco, sendo que o primeiro, “Sangue Ou Glória”, foi lançado em 2013. O presente trabalho reflete toda a segurança que esses anos de atividade forneceram à banda. A única novidade é a estreia do vocalista Eduardo Bisnik, mas não há quem questione a perfeita integração deste com o resto da banda. Pusera, também, visto que o processo de produção de “Leviatã” demandou uma boa parte dos anos de 2015 e 2016.

Mas, afinal, como é o álbum? Bom, eu posso afirmar que é o tipo de disco do qual eu senti muita falta no cenário brasileiro dos anos 80. Sim, havia Dorsal, Anthares, Taurus, Centúrias e algumas outras que cantavam em português, mas foram ou diminuindo as atividades, ou migrando para o idioma bretão. Atitudes válidas, sem questionamento, mas que foram deixando orfãos todos aqueles que curtiam escutar o metal sendo pronunciado em sua própria língua. Mesmo sendo um trabalho atual, o disco consegue soar atemporal, visto o exercício de suas influências sobre a musicalidade da banda. As letras, em sua maioria, celebram o Heavy Metal e seu modo de vida de uma forma bem natural. Uma canção como “Hail”, à primeira vista, pode parecer um pouco ingênua liricamente. Bem, ela irá realmente lhe soar assim caso você nunca tenha subido em um palco para tocar, como uma banda. Se já o fez alguma vez, verá que a letra faz todo o sentido! De qualquer modo, a banda irá lhe oferecer uma eficiente variação de temas, como se verá em “Dama Das Sombras” e, principalmente, em “Leviatã”.

“Irmãos No Metal”, com esse título, não disfarça para ninguém o fato de que o Exorddium bebeu muito na fonte do Manowar. Já “Coração De Aço” é puro metal brasileiro oitentista, casando bem com a próxima faixa, “Brinde À Vida”, que tem um refrão super empolgante e nos leva até a imaginar que essa sequência, que começa em “Hail”, passando por “Irmãos No Metal”, “Coração De Aço”, até chegar em “Brinde À Vida”, não seria uma mini-obra conceitual, dentro do próprio disco, jogando o nosso espírito para cima, antes de iniciar a parte conclusiva, com “Filhos Da Noite”, de pegada mais Hard, e “Dama Das Sombras”, mais densa, fazendo o vínculo com a forma como o álbum começou, com a melodia glacial da intro “Oceano Das Almas Perdidas” e a saga de metal épico de “Leviatã”.

Era o disco que eu senti falta na época, mas também é o disco que temos agora. Tradicional e moderno, mostrando-nos que o metal muda, nós mudamos, mas sentimentos dificilmente mudam. O efeito da música permanence perene e sempre nos retorna, seja na audição de um clássico ou na de um disco que presta aos clássicos o seu devido reconhecimento.

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