O ronco da máquina começa a ser percebido ao longe… Seu som vai aumentando, denotando a sua aproximação em alta velocidade até que, subitamente… “Bonded by Blood” tem início!!!
Sempre me confundo quanto a estreia do Exodus devidamente no tempo. O álbum foi lançado em 1985, quando Metallica e Slayer já tinham lançado dois discos cada (“Kill´em´All” e “Show no Mercy” – 1983; “Ride the Lightning” e “Hauting the Chapel” – 1984), mas o impacto, a influência do Exodus, foi tão forte que parece que ele sempre esteve por ali, nos meandros da gênese do Thrash Metal.
E, de fato, esteve! A banda existe desde 1980 e seu primeiro disco deveria ter saído em 1984, sofrendo atrasos por conta de problemas com a gravadora. Nada disso, como a história comprova, diminuiu o status do Exodus. Chegou um pouco depois nas prateleiras, mas chegou com tanta evidência que se posicionou em pé de igualdade com – ou mesmo superando – seus pares. Isso é o que acontece quando se concebe uma obra-prima. Mencionar as músicas mais relevantes em álbuns assim é simplesmente olhar para a contracapa e recitar o nome de todas as faixas. É como aquela analogia da força irresistível que encontra o objeto irremovível! Não há momentos de fraqueza, não há pontos baixos, não há um acorde sequer que seja desnecessário. Tudo aqui é perfeito, essencial, irretocável. Qual faixa poderia ser considerada aquém das demais, como, por exemplo, o são “Escape” no “Ride the Lightning”, ou “Hardening of the Arteries”, no “Hell Awaits”? Nenhuma, pois a qualidade é nivelada por cima, sem espaço para enchimentos. Não à toa, a primeira música que me vem à cabeça, quando o nome Exodus é pronunciado, é a mais que perfeitamente intitulada “A Lesson in Violence”, com sua palhetada alucinada e seu solo fantástico! Por pouco (e merecidamente) essa faixa não foi o título do disco, e, se tivesse sido, seria bem escolhida, pois o álbum, como um todo, soa com essa proposta!
E o refrão de “Metal Command”? E o ritmo de “And Then There Were None”? E a introdução de “Piranha”? E as mudanças de andamento de “Deliver Us To Evil”? Como apontar destaques em um disco onde tudo se destaca?
Resta, portanto, apenas ressaltar as emblemáticas figuras de Gary Holt e Paul Balloff. O primeiro, que assina com diversas parcerias todas as músicas do disco, é simplesmente um dos melhores – se não o melhor – guitarrista do Thrash Metal e o responsável por fazer com que o Exodus continue existindo até hoje. Quem mais teria cacife para substituir o saudoso Jeff Hanneman, do Slayer, sem gerar reclamações??? Não consigo imaginar ninguém.
Quanto a Paul Balloff, devo dizer que não estou incluído entre as pessoas que acham que o melhor do Exodus está restrito ao tempo em que ele esteve na formação. Gosto – e muito – de seu substituto, Steve ‘Zetro’ Souza. Balloff, porém, tinha algo diferenciado. Não importa se ele não era detentor de grandes técnicas ou especificidades afins: Balloff era puro carisma, pura entrega, puro headbanging e é isso que faz a diferença para o Thrash Metal! Um disco… bastou gravar apenas um disco para o sujeito virar uma lenda imortal do gênero!!!
Não tem jeito. Todo dia surgem novas bandas, com as mais variadas formas de abordagem e modernização do estilo, mas todas acabam sendo julgadas pelos parâmetros estabelecidos nos canônes. É de lá, do começo de toda uma nova forma de expressar a música pesada, que o livro do Exodus foi aberto para que conhecêssemos as lições de violência!
Bonded By Blood – Exodus
Data de lançamento: 25/04/1985
Gravadora: Torrid/Combat
Tracklist:
1 Bonded by Blood
2 Exodus
3 And Then There Were None
4 A Lesson in Violence
5 Metal Command
6 Piranha
7 No Love
8 Deliver Us to Evil
9 Strike of the Beast
Formação:
Paul Baloff – vocal
Gary Holt – guitarra
Rick Hunolt – guitarra
Rob McKillop – baixo
Tom Hunting – bateria