É engraçado parar pra pensar como tanta coisa boa é feita por tanta banda espalhada pelos cantos, mas a maioria das pessoas nem faz ideia. De vez em quando um melhor disco do ano está perdido por aí, às sombras da falta de apoio, da falta de divulgação, suporte. Discos como “Chaos and Creation”, dos paulistanos do Eleven Strings, naturais de Mogi das Cruzes, que se encontram em atividade desde 2012.

Após dois EPs e uma single lançados, é a vez do álbum de estreia, produzido pelo próprio guitarrista Junior Carlos e gravado no Instituto Musical Falaschi, ser lançado. O resultado é consistente; ele é, sem dúvidas, um dos melhores discos brasileiros de 2015. Lançado de forma independente em setembro do mencionado ano, esse refinado disco reúne a potência de um Progressive Metal sem exibicionismo com a classe e pomposidade sinfônica, graciosamente entregue por sintetizadores bem explorados que conferem intensidade às canções. Sem mencionar as excelentes performances dos vocalistas Evandro Baito e Johnny Lande – esse segundo menos acionado.

Eleven Strings

Quem ouviu os compactos anteriores (“#0”, de 2012, e “EP 2013”, de 2013), testemunhou, de certa forma, duas bandas distintas. No primeiro, uma mais seca, pesada e bruta. No segundo, uma banda mais acessível, flutuante, apostando em composições vocais grudentas. “Chaos and Creation”, com o acréscimo do novo membro e tecladista Felipe Leão – que tornou a banda um sexteto -, unificou as duas características e foi muito, muito além.

A musicalidade é tão refinada quanto o título do álbum sugere; Progressiva, claro, com interessantes e diversificadas jogadas de guitarra, trabalho exemplar nas linhas de baixo e boa bateria, mas também pomposa, característica cedida definitivamente pela intensidade atmosférica que os teclados proporcionam. Com ambientação sinfônica, as músicas ficaram densas – e ainda leves de assimilar – e extremamente envolventes. No entanto, a exploração dos sintetizadores não se limita ao efeito orquestrado, mas também a vários outros, de um modo bem abrangente.

Tudo é muito consistente e metódico. Mesmo com o detalhamento perspicaz, não é difícil se cativar, já que a característica acessível oriunda do “EP 2013” ainda é mantida, introduzida principalmente nas pontes – que já levam o ouvinte a prender a respiração – e nos refrões, pontos altos das canções, onde definitivamente perde-se o fôlego. As músicas têm andamento variante, não havendo um padrão de fórmula, mas os refrões frequentemente são cantados em tons altos e sempre cadenciados, apelando para a emoção, o que aumenta a probabilidade dele grudar na sua mente.

A composição das linhas vocais não é retilínea; há bastante oscilação de tons e posturas. Evandro novamente não é agressivo, salvo em pontuais momentos, mas sua voz limpa atinge o coração. Vocais mais sujos ficam a cargo do guitarrista Johnny Lande, que canta com fortes drives e participa de faixas como “Deep Black Hole” e “Life”.

É possível se conectar com o clima do disco ao ponto de quando ele acaba, você se sentir aquele vazio, como se tivesse sido arrancado de algum lugar. Ainda mais com a especial densidade épica e oriental das três últimas faixas, que dotam dos corretos ares de um álbum que se encaminha para a sua conclusão. Sem dúvidas, “Chaos and Creation” é um disco sensacional e difícil de ser superado.

Tudo indica que o próximo álbum não será em nada como esse. Atualmente o conjunto já se encontra em trabalho do segundo disco, e promete algo diferente daquilo feito nesse, já que a ideia é ter uma discografia diversificada e evitar repetições musicais. Tendo em vista o grande profissionalismo exibido até o momento, o sexteto paulistano tem toda a condição de tê-la.

Álbum fantástico, mas não demonstra ainda ser o auge, embora seja difícil de ser superado.

Lista de faixas:

01 – Dark Matter (01:51)
02 – The Maestro of Creation (04:15)
03 – Life (05:07)
04 – Psycho Minds (05:01)
05 – Nameless (05:01)
06 – Slow Death (04:54)
07 – The Maestro of Chaos (04:16)
08 – Deep Black Hole (05:22)
09 – The Third I (05:16)
10 – The Last March (04:18)
11 – Universe Illusion (06:54)

O Eleven Strings é:
Evandro Braito (vocal);
Johnny Lande (guitarra e vocal);
Junior Carlos (guitarra);
Marcelo Nespoli (baixo);
Rafa Hernandez (bateria);
Felipe Leão (teclados).

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