Resenha e Fotos: Steve Harris apresentou o projeto British Lion ao Rio de Janeiro

No universo do Rock deparamo-nos comumente com a idolatria oriunda dos fãs focada em vocalistas e guitarristas; os mestres das baquetas chamam a atenção dos leigos geralmente quando são velozes; baixistas, em sua grande maioria, são pouco valorizados – percebemos isso, pois já ouvimos diversas vezes que “a guitarra daquele cara (o baixista) é bacana; ele toca bem”.  Partindo das premissas postas em tela, pode-se entender o quão respeitável – e por vezes louvável – é um músico que consegue conquistar o supremo destaque dentro do mundo do Heavy Metal conduzindo as mais graves cordas de uma banda – lembrai-vos dos belos, harmônicos, velozes e icônicos solos de guitarra que cantarolais concomitantemente ao som de uma música favorita.

Steve Harris – membro e fundador do Iron Maiden – conseguiu atingir a supremacia ao lado do baixo modelo Fender Precision e demonstra até hoje como destacar-se mesmo tocando em conjunto com três guitarras. O baixista em questão, visando criar músicas fundamentadas no som setentista, iniciou em 2012 um projeto paralelo chamado British Lion. Com apenas um disco gravado – o segundo está em processo de composição – a banda realiza neste mês de novembro sua tour mundial, tocando pela primeira vez no Brasil.

A casa de shows Circo Voador foi escolhida para receber o show da banda British Lion no Rio de Janeiro. A possibilidade de poder assistir de perto o baixista Steve Harris – esperava-se um show bastante intimista, tendo como premissa o fato da ocorrência em data próxima ao show do Judas Priest – levou os mais aficionados fãs a esperarem na fila sob chuva fina e vento ameno – acredite se quiser, mas esse era o cenário carioca em pleno mês de novembro – a fim de estar o mais próximo possível do ídolo britânico. Esperei muito anos pela oportunidade de ver o músico mais influente para mim a poucos metros – durante as três primeiras músicas foram centímetros – de distância e jamais perderia a oportunidade de ir a um show como esse.  Surpreendentemente houveram menos pessoas pagantes do que eu imaginei, porém, a festa foi bonita – muitos sabiam as letras das músicas e cantavam junto com Richard Taylor. O vocalista canta razoavelmente bem – nenhum contra, também nenhum ponto a favor – e possui um estilo mais moderno – fundamentado em bandas surgidas nos anos 2000. Os guitarristas Grahame Leslie e David Hawkins possuem ótima presença de palco e se revezam em solos e bases de forma exímia, porém, não há riffs marcantes e surpreendentes nas músicas. Simon Dawson assumiu as baquetas e guiou o show através de ritmos e levadas simples – devo destacar que o músico garantiu a bela execução de todas as canções.

Os holofotes apontavam para Harris, que por sua vez, divertiu-se profundamente, fez questão de ficar na beira do palco – o mais próximo possível dos fãs – posou brilhantemente para fotografias, apontou o baixo para a plateia e colocou o botão de volume do amplificador “no talo”. Além de tudo, o comportamento de palco que ele apresenta em conjunto com o Iron Maiden foi o mesmo ao lado do British Lion – uma oportunidade única de ver “em recorte” o grande baixista na ativa. Nitidamente notou-se que a empolgação e satisfação de Steve Harris não dependem de quantitativo de público, e sim da energia dos presentes – haviam poucas pessoas, porém eram fãs viscerais.

O show, em aspectos gerais, foi surpreendente e de grande qualidade. O British Lion soa muito melhor ao vivo em comparação ao disco gravado, sendo possível concluir que o próximo trabalho a ser produzido tem grande possibilidade de ser excelente. A maturidade adquirida com os shows, o entrosamento criado com a convivência e a qualidade técnica individual de cada músico são fatores que possibilitam uma evolução constante da banda ao longo do tempo. Esperemos os próximos discos e turnês.

Agradeço especialmente a assessora Marina Cunha (Circo Voador) e a empresa de assessoria Midiorama pela atenção, orientação e credenciamento relativos ao show. Me senti respeitado e valorizado por todos os profissionais envolvidos na organização e produção do espetáculo.

Set list do show – British Lion – RJ:
01. This Is My God
02. Lost Worlds
03. Father Lucifer
04. The Burning
05. Spitfire
06. The Chosen Ones
07. These Are the Hands
08. Bible Black
09. Guineas And Crows
10. Last Chance
11. Us Against the World
12. Lighting
13. Judas

Encore:
14) A World Without Heaven
15) Eyes of the Young.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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