Resenha: Dreamtale – Beyond Reality (2002)

A Finlândia é um dos países mais interessantes quando se trata de Metal. Muitas bandas de lá, como Stratovarius, Children of Bodom, Ensiferum e Nightwish, são consagradas e conhecidas em todo o mundo. Seguindo o mesmo caminho, o Dreamtale nos apresenta seu ótimo álbum de estreia, Beyond Reality, lançado em 2002, que apresenta um Power Metal bem similar ao do Sonata Arctica, porém, superior, ao meu ver. E a razão para isso é bem simples: músicas muito cativantes e com refrãos pegajosos, sem apelar muito para dramas românticos frustrados, como faz a banda de Tony Kakko em várias de suas canções. Teclados em evidência sempre foram uma característica do Power Metal finlandês e “Beyond Reality” está repleto disso.

O álbum começa com a dobradinha “The Dawn/Memories of Time”, que poderiam muito bem ser uma música só, mas o fato de estarem separadas não desmerece em nada a banda ou as canções. A primeira inicia sua melodia com um piano e cresce com o passar do tempo. A segunda já é a sua forma mais intensa (e com letra, já que “The Dawn” é toda instrumental). “Memories of Time” possui um bom refrão, bem impactante e é um excelente começo de álbum.

Na sequência temos “Fallen Star”, uma música pesada e cadenciada ao mesmo tempo. É uma das mais interessantes do álbum. Sempre que escuto este disco, penso que ela é uma preparação para a música que vem na sequência, “Heart’s Desire”.

dreamtale

A quarta faixa é o ponto alto de “Beyond Reality”. Ela possui um diferencial que é a participação de Marco Hietala (Nightwish, Tarot) fazendo duetos com Rami Keränen (vocal e guitarra). A letra da música é belíssima e o trabalho instrumental da banda é muito bom, começando pelos teclados do início, executados por Turkka Vuorinen. A “cozinha” do Dreamtale, composta (neste álbum) também por Alois Weimer (baixo) e Petteri Rosenbom (bateria), é bem eficiente e o destaque que se tem do baixo, principalmente nos trechos em que o Marco Hietala canta, dão um toque muito bom para a canção, além do refrão e solos de guitarra executados por Keränen e Esa Orjatsalo. A única ressalva que poderia ser feita é que Hietala poderia ter mais partes para cantar, já que ele participa de pouco menos da metade da música.

https://youtu.be/4Sqlu8cq4ko

Se em “Heart’s Desire” a participação do Marco Hietala pode ser considerada “pequena”, na faixa seguinte, “Where The Rainbow Ends”, ele tem a música praticamente inteira para si e faz seu papel com maestria. O baixista e vocalista do Nightwish foi uma excelente adição à formação da banda por ter uma versatilidade para tocar e cantar. Em sua aparição, Hietala comprova que é um dos maiores músicos de Metal da Finlândia e do mundo, neste caso, por sua voz impactante.

“Time of Fatherhood” e “Dreamland” são músicas que quebram um pouco o ritmo das anteriores. A primeira é uma balada que cresce com o seu andamento e a segunda é um pouco mais pesada. “Dreamland” conta ainda com a participação de Sanna Natunen, que também empresta sua belíssima voz em outras canções deste álbum, como “Silent Path” e “Farewell…”, cantando as duas de forma integral.

A matadora “Call of The Wild” vem na sequência. O peso está de volta e a banda traz no refrão um diálogo entre Rami Keränen e uma voz sombria que se encaixa bem na música, dando a impressão, sem ler a letra, de que há um tipo de confronto entre o personagem da canção com seus demônios internos.

“Dancing In The Twilight” é mais uma boa balada, bem ao estilo de “Time of Fatherhood”, só que com uma presença maior dos teclados, e “Refuge From Reality” faz o mesmo que “Dreamland”, ou seja, uma música mais pesada que a anterior para dar uma guinada no álbum.

As já citadas “Silent Path” e a belíssima “Farewell…” são músicas para fechar o full num tom de calmaria, como se estivéssemos realmente nos despedindo do álbum (com o perdão do trocadilho). São canções bem melódicas, tendo a segunda uma mudança constante de andamento. Em um momento a música está mais calma, em outro, mais intensa. Sanna Natunen fez um excelente trabalho em ambas.

Em algumas versões de “Beyond Reality” há ainda uma excelente faixa bônus chamada “Secret Wish”, que levanta o álbum novamente. É como se você estivesse num show e a banda voltasse ao palco para tocar o bis. O Dreamtale faz um trabalho muito bom em manter o tom do álbum. A voz incomum de Rami Keränen e os teclados de Turkka Vuorinen chamam bastante a atenção, fora os outros membros, principalmente o ótimo baterista Petteri Rosenbom, que também dão o seu melhor para deixar o ouvinte com um gosto de “quero mais”. “Secret Wish” é uma música pesada que encerra o debut com estilo.

https://www.youtube.com/watch?v=ZP6d36WTIeY

Ao longo destas 13 faixas (contando com a bônus), “Beyond Reality” nos mostra que poderia (e até deveria) ser considerado um clássico do Power Metal tranquilamente. Seja pelas melodias bem características do Power finlandês, com teclados, pela intensidade da bateria ou pelos solos de guitarra. Não importa. O que interessa de verdade é que o Dreamtale mostrou neste álbum que pode se tornar uma das grandes bandas do Metal Melódico escandinavo e mundial.

Lista de faixas:
01 – Intro
02 – Memories of Time
03 – Fallen Star
04 – Heart’s Desire
05 – Where The Rainbow Ends
06 – Time of Fatherhood
07 – Dreamland
08 – Call of The Wild
09 – Dancing In The Twilight
10 – Refuge From Reality
11 – Silent Path
12 – Farewell…
13 – Secret Wish (Bonus Track)

Formação do disco:
Rami Keränen (vocal e guitarra);
Esa Orjatsalo (guitarra);
Alois Weimer (baixo);
Petteri Rosenbom (bateria);
Turkka Vuorinen (teclados).

Participações especiais:
Marco Hietala (Nightwish, Tarot) (vocal nas faixas 4 e 5);
Sanna Natunen (vocal)

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