Resenha: Dream Theater – Distance Over Time (2019)

Após dividir opiniões com “The Astonishing”, de 2016, a banda de Prog Metal Dream Theater lançou mundialmente o seu 14° álbum de estúdio, “Distance Over Time”.

O trabalho vai na vibe da atualidade e aborda sobre a relação do homem com a tecnologia, as dependências criadas e as frustrações dessa interligação.

A primeira faixa é o single, “Untethered Angel” que inicia calma e melancólica, mas logo dá espaço para uma pancadaria da banda completa, e o álbum já mostra a nova proposta.

O timbre de guitarra de John Petrucci, responsável mais uma vez pela produção, é magnífico e combinado com as passagens de teclado de Jordan Rudess logo no primeiro pós refrão, são duas coisas a serem ressaltadas. Mike Mangini vem cada vez mais se familiarizando como baterista e mostra sua criatividade

A segunda faixa “Paralyzed”, outro single lançado, inicia com bastante peso em um som mais cru e direto. Nesta faixa enquanto ele navega pelos versos, há destaque para o solo de Petrucci com frases melódicas e habitual velocidade estão em plena exibição. O vocal de James LaBrie também chama a atenção pela bela execução, que tem tom dramático e pesado.

O riff pesado de “Fall Into The Light” gasta os primeiros três a quatro minutos mostrando a faceta direta do álbum. Algo que chama a atenção nesta faixa é o interlúdio melódico no meio da música. Já “Barstool Warrior”, em tonalidade e proposta, lembra um pouco o Dream Theater das antigas, e a introdução abertamente progressista faz lembrar uma referência do material de Emerson, Lake & Palmer. É uma espécie de balada pesada ao melhor estilo Prog. Se mostra cheia de solos muito bem construídos e uma passagem de piano muito bela.

Groovada e cadenciada, “Room 137” começa com peso, soando como Heavy Metal atual e objetivo, que lembra os tempos de “Awake”, inclusive com o clima mais psicodélico. O som do kit de bateria de Mangini realmente se destaca na mistura, já que seu estilo de tocar mostra mais liberdade em seus preenchimentos e hits.

Para os fãs de baixista Myung, o início de “S2N” é um verdadeiro presente. O homem silencioso da banda, dá sua precisão de assinatura no riff de abertura, um verdadeiro estilo Rush de Geddy Lee. A faixa é bastante corajosa e tem ingredientes do melhor progressivo.

Uma curiosidade sobre a sétima faixa,  “At Wit’s End”, é que foi primeira música escrita pela banda durante sua turnê pelo 25º aniversário da “Images and Words”. Com 9:21 é a mais longa do álbum e começa com fritação intensa.  As mudanças de ritmos são constantes e tem um refrão bastante sombrio. Começa com um rápido e implacável jogo simultâneo entre Petrucci e Rudess, enquanto o baixo abrasivo de Myung e a bateria de Mangini estabelecem o groove embalando os vocais no refrão suplicante.

A balada “Out of Reach” é bela e guiada por voz e piano, e uma guitarra inspirada, em mais da metade de seu andamento, com nuances dramáticas, deixando uma bela viagem sonora aos ouvintes.

Um destaque do começo ao fim “Pale Blue Dot” conclui a track list em tom épico e experimental, na pegada mais tradicional do Dream Theater. Encaixaria perfeitamente em “Metropolis Part 1”, a seção instrumental estendida está lá em cima com seções semelhantes de faixas clássicas como ‘Metropolis, ‘Octavarium’ e ‘A Change of Seasons’.

A faixa bônus “Viper King” que infelizmente não estará na versão nacional do álbum, soa como um groove surpreendente, e teclados no melhor estilo Deep Purple. Uma faixa leve e divertida de se ouvir.

Inspirado e criativo, ‘Distance Over Time’ acerta em cheio por ser uma aposta diferenciada mas sem deixar de lado o melhor do Prog feito pelo Dream Theater, com um jeito mais direto de dar o seu recado.

Ouça a faixa “Paralyzed”:

https://youtu.be/C7m7l8iqGAk

Faixas:
01. Untethered Angel
02. Paralyzed
03. Fall Into the Light
04. Barstool Warrior
05. Room 137
06. S2N
07. At Wit’s End
08. Out of Reach
09. Pale Blue Dot
Faixa bônus:
10. Viper King (ausente na edição nacional)

Formação:
James LaBrie (vocal);
John Petrucci (guitarra, violão, vocal);
John Myung (baixo);
Mike Mangini (bateria);
Jordan Rudess (teclados, sintetizadores)

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