O Doom Metal encontrou uma nova forma de se expor com o lançamento do clássico Epicus Doomicus Metallicus (1986), do Candlemass. Agregando elementos da NWOBHM de Angel Witch e Witchfinder General, com alguma influência do Speed Metal vigente na época e lançando mão de vocais operísticos e dramáticos, com letras narrando contos, o novo Doom Metal foi batizado com o nome do álbum supracitado: Epic Doom Metal. E Leif Edling fez escola. Ensinados pelo Candlemass surgiram outros nomes do Epic Doom como Solitude Aeturnus, Solstice e Memento Mori. E até hoje a safra de bandas de Epic Doom continua crescendo. Um dos principais nomes do gênero na atualidade vem da cidade de Ludwigsburg, Alemanha, e atende pelo nome autodelativo de Doomshine. Recentemente a banda liberou seu terceiro full-length, The End Is Worth Waiting For, pela gravadora Metal On Metal Records.
Com um som de altíssima qualidade e nitidez, gravado no estúdio Doomcave, de propriedade do baixista Carsten Fisch, o disco apresenta sete peças do melhor que existe no Doom Metal melódico, como eles se denominam. Nota-se muita influência da banda Solitude Aeturnus nos arranjos das músicas do Doomshine, muito devido ao uso competente de escalas orientais. Neste terceiro álbum, a banda se mostra mais concisa e direta no que se propõe a fazer, diferentemente do antecessor The Piper At The Gates OF Doom (2010), um álbum longo e cheio de subterfúgios. Uma peculiaridade do Doomshine são as letras que apresentam, de certa forma, um ponto de vista otimista das coisas e nas histórias narradas, vide o uso constante da palavra “shine” (brilhe).
Iniciando com Celtic Glasgow Frost, o álbum apresenta ótimos riffs Doom e solos com muito arpegio, cortesia do guitarra-solo Sven Podgurski, enquanto a letra traz diversas referências à Escócia e a algumas bandas clássicas europeias. Torna-se até divertido (diversão no Doom?) ouvir Doomshine e procurar pelas referências nas letras bem forjadas. Seguem-se os trabalhos com Witchburn Road, uma música de 10 minutos muito bem composta e que só empolga com sua progressão.
Após a grooveada Third From Inferno, chega um dos grandes destaques que é The Alchemist Of Snowdonia, com um riff marcial bastante empolgante, alternando com os vocais de Timmy Holz, dono de timbre limpo e peculiar, que também responde pela guitarra-base. Imagine Iron Maiden tocando Doom Metal. Aqui, ocorre a participação do vocalista Sascha Holz, irmão de Timmy. Temos ainda a viagem quase etérea de Moontiger, o Heavy Metal acelerado de Shelter Of The Beast e a pura Candlemass Shipwrecked At Doom Bar.
Impressiona a naturalidade com a qual o Doomshine compõe músicas progressivas sem perder a mão ou a empolgação. Cria-se otimismo no ouvinte a ótima qualidade de som, além das excelentes composições em si, que nos fazem esperar com parcimônia os próximos movimentos. Muitos méritos também para a cozinha composta pelo baixista Carsten Fisch e pelo baterista Markus Schlaps. O baixo, por sinal, dá todo um peso primordial ao som.
Gravado, produzido e mixado pelo próprio baixista e com uma arte cósmica elaborada também pelo baixista mil-e-uma-utilidades, The End Is Worth Waiting For mostra que o Doom Metal está mais bem servido do que nunca. Leif Edling (Candlemass) deve se sentir orgulhoso pela escola que criou; John Perez e Robert Lowe (Solitude Aeturnus) são exultantes por darem uma nova e criativa cara ao Epic Doom. E o Doomshine aprendeu direitinho como fazer o tal do Epic Doom. Que continuem brilhando ainda por muito tempo.
The End Is Worth Waiting For – Doomshine (Metal On Metal, 2015)
Tracklist:
01. Celtic Glasgow Frost
02. Witchburn Road
03. Third From Inferno
04. The Alchemist Of Snowdonia
05. Moontiger
06. Shelter Of The Beast
07. Shipwrecked At Doom Bar
Line-up:
Timmy Holz – vocais, guitarras
Sven Podgurski – guitarras
Carsten Fisch – baixo
Markus Schlaps – bateria