Um dos pontos que sempre me chamou a atenção na evolução do Rock é sua facilidade em dividir–se em subgêneros, e depois mesclar esses subgêneros a uma ótica diferenciada. Compor um trabalho criativo usando esse verniz musical não é uma tarefa fácil, já que o resultado pode soar repetitivo e confuso, porém quando o objetivo é alcançado somos agraciados com excelentes e inspirados álbuns, como no caso do “IdSuperpower” da banda mineira Dolores Dolores.

Lançado em 2014, o álbum consegue de forma muito interessante uma mescla criativa entre Hard Rock e Progressivo, transformando o Dolores Dolores num dos melhores grupos do estilo no país. Mesmo com uma aura própria, ainda assim conseguimos perceber climas e pegadas que lembram o Queensrÿche em sua melhor época, além dos mestres do Dream Theather, principalmente em riffs e acentos vocais, claro que todos sobre um manto próprio e dignos de atenção.

Com muito bom gosto, “IdSuperpower” transborda em arranjos maduros e conscientes, desdobrando-se em vários momento, que vão desde temas mais rápidos como em “Dramatic Lover” (que tem um riff lindo e técnico de guitarra), e abordagens mais climáticas e introspectivas como em “Behind The Hill”, faixa que, aliás, é uma das melhores composições do álbum. Creio que depois da primeira audição voltei à música umas 15 vezes devido à sua beleza. Imaginem um timbre agradável e expressivo de guitarra, acompanhado por um teclado muito bem colocado que serve de alicerce para uma linda melodia vocal ‘à lá’ “Ian Astbury” (The Cult). Assim porta-se “Behind The Hill”, uma grande composição que em minha opinião, sozinha, já garante ao Dolores Dolores uma nota alta ao fim desta resenha.

Um ponto significativo em “IdSuperpower” são os lindos violões gravados. Logo na música de abertura “Infant Sorrow (Prelude)” temos um excelente tema de violão Country executado com bastante competência, o prelúdio abre caminho através de onze faixas até o desfecho também intitulado “Infant Sorrow”. É de se admirar o capricho das músicas, e principalmente em suas execuções que transbordam em competência. Faixas como “Crystal Balls” por exemplo, conseguem unir em alguns momentos Prog Metal ao Jazz. Essa alquimia pode ser notada com facilidade aos três minutos e 23 segundos da canção.

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Um faixa que me chamou muito a atenção foi a “Mama Technology”. Com pouco mais de quatro minutos, a música é um Prog/Blues por deveras interessante e criativo, já que une com muita facilidade elementos simples a uma complexidade única, presenteando-nos com lindas melodias.

É de se admirar a competência do grupo, que de forma independente conseguiu registrar um lindo e bem gravado material produzido pela própria banda com o apoio do engenheiro de som Rodrigo Aires Grilo. “IdSuperpower” com certeza foi um dos melhores trabalhos do estilo que ouvi ano, e é a prova definitiva que nosso cenário nacional tem bandas muito competentes que conseguem muitas vezes soar melhores que alguns medalhões internacionais.

Formação:
Wille Muriel (vocal)
Humberto Maldonado (guitarra)
Rodrigo Cordeiro (baixo)
Alessandro Bagni (bateria)

Faixas:
01 – Infant Sorrow (Prelude)
02 – Confused
03 – Behind The Hills
04 – Crystal Ball
05 – Perfect Man
06 – Nothing To Lose
07 – Wainting For A Train
08 – Mama Technology
09 – I Was Wrong
10 – In Spite of Me
11 – Time To Confess
12 – Dramatic Lover
13 – Infant Sorrow

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