Resenha: Deftones – Ohms (2020)

Para quem faz parte da geração que teve o Nü Metal como porta de entrada para o mundo da música pesada, é impossível não ter gostado de pelo menos uma música do Deftones. Com certeza, seja na MTV ou em qualquer outro canal que se passavam videoclipes, você já conferiu “My Own Summer (Shove It)” ou então “Back To School“, com seu icônico vídeo.

Pois bem, desde o lançamento de seu álbum de estreia, “Adrenaline” (1995), passando pelo ótimo “White Pony” (2000). o experimental álbum auto-intitulado de 2003, até os mais pesados “Diamond Eyes” (2010) e “Koi No Yokan“(2012), a banda passou por algumas mudanças, não só na sonoridade, mas também na formação, sendo a mais relevante a mudança forçada por conta da morte do baixista Chi Cheng em 2013.

As mudanças não fizeram a banda perder sua identidade, mesmo com experimentos, algumas coisas mais pesadas, outras mais melancólicas e melódicas, assim quando toca algum som, automaticamente você identifica que é o Deftones, muito por conta da voz característica do seu vocalista Chino Moreno que, entre berros e vocais limpos, apresenta um jeito único de cantar.

Bom, chegando agora em “Ohms“, seu álbum muito aguardado que sucede o bom, mas arrastado “Gore” de 2016, temos uma banda mais encorpada, mais direta e pesada. Produzido por Terry Date, que não produzia algo do Deftones desde o álbum auto-intitulado, temos a mixagem na medida certa, com mais ênfase na guitarra, muito por conta do maior envolvimento do guitarrista Stephen Carpenter nas composições.

Os dois singles escolhidos para a promoção, “Genesis” e a faixa-título, uma que inicia e a outra fecha o álbum, mostram muito do que é o álbum, com faixas bastante pesadas, cantadas com muita melancolia pro Moreno e com um instrumental pesado e, claro, com passagens melódicas que enriquecem as músicas e dão destaque a Frank Delgado com seus samples e no teclado. “Genesis” é grandiosa, carrega o peso que precisa para ser uma faixa de abertura, aquela que impacta o ouvinte de cara.

Alguns riffs se destacam e lembram um pouco, pra quem conhece as músicas do TOOL, exemplos claros são as músicas “Ceremony“, mais cadenciada no início que tem um refrão poderoso, “Urantia“, com aguitarra indo contra o tempo da música, algo interessante e que enriquece a composição, e “Radianty City“, na mesma levada, um pouco mais melódica. A mais raivosa talvez seja “The Link Is Dead“, com Chino Moreno descarregando berros em cima de uma base instrumental pesada e consistente.

Algumas experimentações não poderiam ficar de fora, “The Spell Of Mathematics” tem passagens ambientes que destacam Delgados, assim como “Pompeji”, com seu final Floydiano, que sucede um início de música melódico e mais pesado. Ainda temos “Headless“, com passagens melódicas que nos encaminham para o fim do álbum.

Citada acima, a faixa-título fecha o álbum com a pegada do Deftones, um riff simples, mas com muita identidade, que acompanha a voz melancólica do vocalista nos versos, adicionando um refrão melódico e forte. Seu final deixe um desejo de ter uma próxima faixa, mas infelizmente o álbum chega ao fim.

De maneira geral, é um álbum mais marcante que seu antecessor, “Gore“. A produção de Terry Date é certeira, com a banda soando bastante entrosada e com vontade de fazer música. Talvez um exagero, mas “Ohms” entra fácil no top 5 dos álbuns da banda. Resto ver como a obra irá envelhecer, mas nas primeiras audições o sentimento que fica é que valeu a espera de quatro anos para um novo play do Deftones. Com certeza vale a audição e tê-lo na prateleira.

Ohms – Deftones
Data de lançamento: 25/09/2020
Gravadora: Reprise Records

Faixas:
01. Genesis
02. Ceremony
03. Urantia
04. Error
05. The Spell of Mathematics
06. Pompeji
07. This Link Is Dead
08. Radiant City
09. Headless
10. Ohms

Formação:
Chino Moreno
– vocal, guitarra rítmica
Stephen Carpenter – guitarra solo
Sergio Vega – baixo, vocais de apoio
Frank Delgado – teclado, dj e sintetizador
Abe Cunningham – bateria

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