Fim de tarde de domingo quente na capital paulistana e lá estava a ROADIE METAL, A VOZ DO ROCK, representado por este que vos escreve, na segunda e derradeira jornada cobrindo shows fora de seu domicílio. E se este redator já havia encarado mais de 12 horas na tarde/noite anterior para registrar o Guaru Metal Fest, mais o perrengue passado para chegar até o local onde ele estava hospedado, não seria um concerto de pouco mais de duas horas de duração que o desanimaria.

Mas foi por pouco, pois como eu não estava muito bem de saúde, a garganta inflamada e o estado febril era alarmante, ainda assim me desloquei para o Fabrique Club, bela casa que fica no bairro da Barra Funda, que a se lamentar, somente o fato de que poucas pessoas se dispuseram a presenciar uma noite tão linda, em que fora celebrada a vida desta lenda do Metal nacional chamada Andre Matos.

Havia nas cercanias, uma concorrência da pesada: a segunda apresentação da dupla Sandy & Junior, que lotava o estádio do Palmeiras, mas recuso-me a crer que o headbanger simplesmente trocou a homenagem ao Andre por um show mequetrefe e de gosto duvidoso.

Ironias à parte, corremos atrás das informações para saber o porque de um show tão importante e beneficente, não comoveu tantas pessoas. E as pessoas ouvidas pela ROADIE METAL, A VOZ DO ROCK disseram que há uma segregação por por parte dos fãs, que viam neste tributo, um possível caça-níquel, o que de fato não era. Somente depois que o irmão de Andre, Daniel, ter publicado um vídeo pedindo para que as pessoas comparecessem e explicando que nenhum dos músicos ganharia um centavo para realizar aquele evento, foi que alguns ingressos a mais foram vendidos. Do contrário, o vazio seria ainda maior.

Ao chagar ao Fabrique Club, a apresentação já havia começado e eu acabei perdendo as duas primeiras músicas tocadas: “Knights of Destruction” e “To Live Again“. Ainda tinha uma longa jornada, que narraria em forma de música, a história de Andre Matos, uma das maiores lendas do Metal nacional, Os músicos foram se revezando durante a execução do setlist, que contou com 24 músicas.

Músicos em ação. Foto: Marta Oliveira

A organização que havia anunciado que a ordem cronológica seria respeitada…E de certa forma até foi, excetuando-se em dois momentos: entre a fase final do ANGRA e o VIRGO, com a execução da música “Make Believe“, do álbum “Holy Land” sendo tocada depois de “Metal Icarus“, do “Fireworks“. A troca na ordem foi justificada pelo mestre de cerimônia como sendo uma solução para um pequeno problema de logística.

As mulheres também marcaram presença no palco. Foto: Marta Oliveira

Conseguimos pegar duas músicas executadas da fase do VIPER. “A Cry From the Edge“, e “Living for the Night” , esta última contou com a participação da menina Luna, de apenas 11 anos, que cantou ao lado da vocalista Angel Sberse, emocionando aos poucos que se dispuseram a testemunhar esta homenagem.

Clássicos do ANGRA, como “Carry On“, “Time“e “Nothing to Say” que são obrigatórias, não foram esquecidas. Mas as surpresas ficaram por conta de músicas não usuais como “Reaching Horizons” e “Wings of Reality“.

Angel Sberse arrebentando ao vivo. Foto: Flávio Farias

O vocalista Marcelo Pompeu, do KORZUS subiu ao palco na hora da execução da bela “Lisbon” e eu confesso que fiquei curioso para saber como ele se sairia cantando essa música. E mesmo que ele não tenha muita intimidade com vocais melódicos, já que quem conhece sua trajetória pelo KORZUS, sabe que ele manda bem em vocais mais rasgados, completamente diferente do estilo de Andre Matos, valeu a homenagem e também o seu discurso para que os artistas de Heavy Metal sejam mais valorizados. Ele também disse esperar que homenagens semelhantes lhe sejam oferecidas quando ele partir desta vida. Fique tranquilo, Pompeu, você receberá, pois é mais uma lenda merecedora de todas as honrarias.

A fase VIRGO também fora lembrada com “Crazy Me” e “No Need to Have an Answer“, antes do ponto alto não só do show, bem como da carreira de Andre: a execução da música que mais lhe deu visibilidade na grande mídia: e foi em “Fairy Tale” que o palco ficou pequeno para tantos músicos que se aglutinaram por ali para prestar essa homenagem ao cara que conseguiu um grande feito, o de colocar uma banda de Heavy Metal na trilha sonora de uma novela da Rede Globo. Isso não é para poucos e de fato merecia um tributo a altura.

Mais da Angel Sberse ao vivo. Foto: Marta Oliveira

Outras faixas do SHAMAN foram igualmente lembradas, como “Here i am“, “Distant Thunder“, “Blind Spell“, “Turn Away“, “Reason” e a balada “Innocence“, que encerrou bem esta parte da carreira de Andre.

Paula Tikami, emprestando seu talento na homenagem ao Andre Matos. Foto: Marta Oliveira

A carreira solo da nossa lenda não fora esquecida com a execução de “Letting Go” e um novo regresso cronológico para o final, apoteótico, com “Pride“, que fechou a apresentação que ficou marcada por muita emoção, em que a vida de Andre Matos fora celebrada do início ao fim. Nada de tristeza, nosso ídolo fora lembrado como certamente ele gostaria que fosse. Uma linda homenagem, que com certeza merecia um público ainda maior.

Os músicos reunidos ao final, para aquela selfie. Foto: Flávio Farias

Ao término da apresentação, era hora de trocar uma ideia com alguns dos músicos presentes ali, dentre eles Fabio Carito (baixo) e Thiago Oliveira (guitarra), que colaboraram com seus talentos nesta empreitada. E assim, eu dou o meu até breve para esta cidade da garoa, que há duas semanas atrás não teve nada de garoa, parecia até o Rio de Janeiro, de tão quente.

O redator, ao final do show, com o músico e amigo Thiago Oliveira. Foto: Marta Oliveira
O redator juntamente com o baixista Fabio Carito. Foto: Marta Oliveira
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