No dia 26 de janeiro, o Tropical Butantã em São Paulo foi o local escolhido para o tão esperado show do Phil Anselmo & The Illegals. O vocalista havia anunciado que tocaria algumas músicas do Pantera, o que certamente aumentou o interesse dos fãs pelo show. E o que deveria ser uma situação comum, tornou-se quase um roteiro de filme com aventura, incerteza e por fim, uma apresentação emocionante.
O show estava marcado inicialmente para as 19h45, depois remarcado para algo entre as 22 horas e 23 horas, para então entrar num clima de ninguém sabe o que vai acontecer. Segundo consta, o atraso foi devido a uma chuva grande que aconteceu em São Paulo e alguns voos foram cancelados. A imigração brasileira também tem estado bem rigorosa nesses últimos tempos, o que contribuiu para a demora em relação ao show.
Enquanto Phil Anselmo, a banda e toda a equipe estavam fazendo o impossível para chegar do Chile à São Paulo. O entorno do Tropical Butantã estava lotado de metaleiros com a camiseta do Pantera. Muitos aguardavam do lado de fora, esperando se aproximar do horário do show para entrar. Próximo às 23h30, a casa já estava praticamente lotada e o público impaciente. Havia uma tensão no ar e incerteza quanto a se Phil Anselmo realmente iria se apresentar.
Perto da meia-noite, alguém subiu ao palco e anunciou que a banda havia chegado e que, sim, finalmente haveria show. É quase impossível descrever a sensação que invadiu o Tropical Butantã quando finalmente Phil Anselmo subiu ao palco. Lá pela terceira música, ele agradeceu ao público “Muito obrigado. Toda essa questão da viagem foi ruim, mas vocês fizeram valer a pena.” Ele pediu palmas e retribuiu batendo palmas para o público.
Phil Anselmo se mostrou bastante simpático e carismático com o público. Ele é um cara de muita atitude. Além de ser genuinamente entregue à música e ao público, e passar a sensação de doar o seu melhor ali, naquele momento. Não é à toa que muita gente ali esperou mais de cinco horas para vê-lo. Poucos artistas têm esse nível de comprometimento e doação com o público. E talvez esse seja o saudosismo dos anos 90 que tem sido tão clamado ultimamente. “Vamos fazer barulho.”, gritou Phil, que obteve uma resposta pronta da plateia.
As três primeiras músicas “Little Fucking Heroes”, “Choosing Mental Illness” e “The Ignorant Point” foram do último álbum do Phil Anselmo & The Illegals, “Choosing Mental Illness as a Virtue”. Ao terminar essa sequência, o vocalista fez uma coisa que surpreendeu todos os presentes. Ele colocou no palco três fotógrafas que estavam trabalhando no pit. Elas puderam fotografar o show inteiro lá de cima, fazer vídeos, andar pelo palco. Essa atitude do Phil diz mais que parece. É um apoio e um reconhecimento a quem está ali trabalhando e divulgando os shows.
Antes de começar a quinta música, Phil disse: “Eu fiz esse tributo para os irmãos, os meus irmãos Vinnie Paul e Dimebag.” O público foi à loucura. “Essa música vocês conhecem bem.”, e então em meio à gritaria emocionada dos fãs, começou “Mouth of War”.
Um problema técnico com o baixo atrasou a continuidade do show. O vocalista se recusou a continuar antes que tudo estivesse resolvido. Cabe aqui uma consciência de que não houve tempo hábil para passagem de som, ou qualquer coisa do gênero, eles praticamente chegaram e começaram a tocar. Mas assim que tudo foi resolvido, o show continuou e Phil Anselmo mostrou que nada ia impedir que ele fizesse um ótimo show. E foi. Incrível.
“Nós estamos aqui porque amamos vocês e queremos fazer isso certo.”, disse o vocalista. O público retribuiu com gritos “Phil, Phil, Phil”, e logo emendou para um “Pantera, Pantera, Pantera.”. Phil respondeu com braços pedindo pra gritar mais e fez diversos gestos de aprovação.
Phil havia dito em entrevista exclusiva que queria fazer um show para todos os fãs do Pantera que nunca puderam assistir. E ele, com toda certeza, cumpriu essa promessa. A reação do público foi variada. Alguns dançaram, gritaram, choraram, mas todos se emocionaram com esse show inesquecível.
Muita gente diz que não vai aos shows porque consegue ver pela internet. Aqui vai um parêntese para dizer que quando você vai a um evento, você se torna parte dele, e ele também se mistura à sua própria história. Como o cara que achou que não teria show, e enquanto estava no metrô, indo para casa, viu publicações de amigos e voltou para o Tropical Butantã. Ou o que foi confundido com o Phil na porta da entrada, devido à semelhança. Ou aquele que achou que havia perdido o show, mas chegou em tempo suficiente inclusive de fazer uma nova amizade com um outro fã. Ainda há a menina que chorou ouvindo “This Love” porque lhe remetia à época em que via os clipes pela televisão. Ou então, a fotógrafa que subiu no palco e conseguiu fotos incríveis.
Muito mais do que só ouvir a música, é uma experiência, o tipo de coisa que torna a vida muito mais interessante.
Philip H. Anselmo agradeceu e saiu do palco. Nesse momento, o público se dividiu. Algumas pessoas estavam indo em direção à saída, enquanto outras gritavam para ele voltar. Nada aconteceu.
Mas Phil, que prometeu uma experiência incrível aos fãs, não podia ir embora sem tocar “Walk”, correto? Então a banda voltou e a plateia enlouqueceu mais uma vez. Era possível ouvir as pessoas cantando em massa, um dos hinos do Pantera.
“Vocês se divertiram? Obrigado.” disse Phil se despedindo do palco mais uma vez.
Set list:
Little Fucking Heroes
Choosing Mental Illness
The Ignorant Point
Walk Through Exits Only
Photographic Taunts
Mouth for War
Becoming
This Love
Fucking Hostile
Hellbound
Domination / Hollow
Bônus:
Walk
A New Level