A Roadie Metal, como sempre, está presente nos principais festivais do país, e no “Liberation Festival 2017” não foi diferente. Enviado pela nossa redação, o redator Daniel Tavares do Whiplash.Net atendeu ao nosso pedido e fez uma grande cobertura para o nosso site. Confira a seguir, os principais momentos do evento sob a ótica do nosso correspondente.

LIBERATION FESTIVAL 2017

Bandas: King Diamond, Carcass, Heaven Shall Burn e Test

Local: Espaço das Américas, São Paulo/SP

25 de junho de 2017

Por Daniel Tavares / Fotos: Fernando Yokota

O show de King Diamond em São Paulo (um dos três únicos shows que o dinamarquês Kim Bendix Petersen agendou em 2017) aconteceu em 25 de junho. Você já leu em outras resenhas uma dúzia de textos sobre este que – arrematamos logo e sem frescura – foi o show do ano na capital paulista. Será que ainda conseguimos lançar alguma luz sobre aquela noite, em que pessoas de toda a América do Sul foram assistir a encenação de uma já muito bem conhecida história de terror?

O Espaço das Américas seria do Brasil, da Alemanha, da Inglaterra, dos Estados Unidos e da Dinamarca, cada um desses países representados no palco, mas também de Argentina, Bolívia, Chile, Peru, de toda a América do Sul (e muito provavelmente, mas não me apresso em afirmar, de todas as Américas mesmo) representados ali no chão. A predominância da língua falada nos bares, nas filas, nas rodas de amigos era o português, mas encontrar alguém falando espanhol era tão fácil quanto encontrar uma matéria de fofoca no Whiplash.net (Nota: este texto também será publicado lá e este autor também adora mandar uma dessas de vez em quando).

TEST

Embora muitos dos presentes considerassem aquele apenas como “o show do King Diamond” (e até mesmo nós começamos este texto tratando-o assim), o “Liberation Festival” jamais deixou de se assumir como festival em si. E a primeira banda no palco, pontualmente, foi o Test. O representante brasileiro. O duo formado por João Kombi e Thiago Barata mostrou porque merece o palco principal com seu conjunto de muito barulho, misturando brutalidade e cadenciamento. Ouso dizer que não só o duo se vale como banda, com três, quatro, cinco integrantes, como também ouso (e se não ousássemos, de que valeria abrir a boca para falar), com todo o respeito ao trabalho de Kombi, o próprio Barata vale como banda também. É impressionante assistir ao desempenho do baterista.

HEAVEN SHALL BURN

A segunda banda no festival também foi a segunda a ser divulgada quando o ‘lineup’ começou a sair, há uma boa quantidade de meses. Àquela época, pelo anúncio de King Diamond já como ‘headliner’, acreditava-se que seria um festival mais focado no rock and roll e metal clássico, o que fez com que houvesse uma enxurrada de críticas à inclusão da banda alemã, considerada, talvez, moderna demais para receber o rei dinamarquês e, quem sabe, atrações parecidas. Com o anúncio das demais atrações e a constatação de que, mesmo com extrema qualidade do ‘cast’, de clássico mesmo só viria o King, a animosidade parece ter cessado. Muitos encarariam como o momento de tomar uma cerveja, comprar um merchandising, procurar uma boa roda de amigos para curtir juntos o show. E, diga-se, festival é pra isso mesmo. Nem tudo tem que agradar a todo mundo. E um bom festival que se preze traz o clássico, aqueles que atraem multidões, mas também servem de vitrine e apresentam boas bandas. Quantas bandas que hoje você admira você não conheceu num festival, enquanto aguardava por outras que eram, por um motivo ou outro, detentoras do seu afeto? Se isso jamais lhe aconteceu, sinto muito. Quem perdeu foi você.

Deixando de lado a divagação, o quinteto alemão apresentou um bom show.  Marcus Bischoff tem uma baita presença de palco e a banda tem um punhado de canções boas e bons riffs, como o de “Voice of The Voiceless”. Embora não estivesse exatamente tocando para um público seu, Bischoff conseguiu muitos “hey, hey, hey” e recebia boa resposta em frente ao palco ao pedir palmas. Outro Bischoff, Eric, o baixista, é que dá o tom para a excelente “Combat”, uma das melhores da banda. Fez falta um telão no fundo para tocar o clipe, animal, enquanto a banda executava a canção. Mas, escolhamos: um telão de fundo ou toda a estrutura que o Rei me prometera ao telefone? Esqueça o telão. Continuemos. “Weapon They Fear” continua o show, mas a banda sai do palco enquanto toca a intro “Awoken”, que anuncia o fim dos tempos, vindo na forma de “Endzeit” (a tradução é cortesia do colega Gustavo Queiroz, do canal Detector de Metal). Marcus corre de um lado pro outro enquanto pronuncia “We Are The Final Resistence”. “Black Tears” cover da Edge Of Sanity foi ainda mais rápida, com seu tanto de hardcore e um dos guitarristas fazendo backing vocais. No fim, Marcos ainda fez a cortesia de jogar água e descer para a galera, mas talvez tivesse garantido melhores lembranças se tivesse terminado com “Valhalla”, dos também alemães Blind Guardian, pelo menos para quem vos escreve.

CARCASS

Sem dúvida, um dos maiores bônus do festival. Explico: você já pagaria os tantos golpes do ingresso para ver o King Diamond. Então, se eu te disser que, por esse valor você também verá o Carcass, o que te soa? Você vai ver o Carcass na vascaína, “mermão”. E o anúncio do Carcass como parte do ‘lineup’ do festival foi mesmo um dos que mais foram recebidos com festa pelos headbangers. A banda inglesa foi uma das que veio ao mundo, ensinou “como se faz a porra toda” e sumiu do mapa. E, mesmo enquanto extinta, continuou arregimentando fãs até voltar em 2007 e lançar o absoluto “Surgical Steel”, em 2013. A canção que meio que reinicia no “Surgical Steel” a história do quarteto, Jeffrey Walker (B/V), Bill Steer (G/V), Dan Wilding (D) e Ben Ash (G), “1985”, deu início ao show. A canção é basicamente uma vinheta e veio colada a “316L Grade Surgical Steel”. É incrível como eles são capazes de fazer esse som com sujeira e solos melodiosos. Ora, recentemente Bill tinha me dito: “Jeff pode escrever algo que parece ser gore superficialmente, mas de fato tem uma qualidade quase política, se alguém lê com cuidado suficiente”.

“Incarnated Solvent Abuse” fez o público enlouquecer de vez. E, perdoem-me o abuso, não há no idioma de Camões expressão mais válida para definir a beleza daquelas composições senão “Puta que pariu!”. Isto é um fato. Luiz e Saramago esqueceram de cunhar expressão melhor. São tantas harmonias… melodias… solos… Meu Deus, que solo é esse? Isso é um blues? Não. É “No Love Lost”. E, se tudo isso ainda não bastasse, a banda ainda é uma das mais simpáticas que já vimos. Jeff estava sempre mostrando estar se divertindo bastante. E Bill encarou muito de boa um problema no som. Deve ter pisado em alguma coisa, um cabo se soltou e sua guitarra ficou muda, mas continuou sorridente. Nada de ataque de estrela (até porque quem desconectou o dito cabo foi ele mesmo). Enquanto os roadies, rápidos, desesperados, como os bons roadies são, consertavam ele mantinha a postura tranquila. Aliás, este foi o show que mais deu trabalho aos roadies. Sempre tinha um correndo para rearrumar o que os músicos quebravam, cabos, desconectados, pratos caídos etc. Mas, ora, esse é um show de grind, ué? E é impossível o público cantarolar a melodia de uma canção grind? Não, não é. Carcass é Carcass. Cada canção tem um solo, que, admitamos, não tem nada a ver com a música, mas isso é que é o bom do Carcass. Jeff ainda reconheceu o pessoal do Chile, perguntou se tinha gente da Argentina e, ele que também toca no Brujeria, falou muito em espanhol com a grande quantidade de hermanos que invadiram a capital paulista naquele dia. Ao perguntar quem estava esperando o King Diamond, desculpou-se “sinto muito, ainda temos 20 minutos”. Nem deveria, pois era também uma das atrações mais esperadas. E mereciam mesmo ter tocado bem mais daquelas canções putrefatas de defuntos transformados em quebra-cabeças.

LAMB OF GOD

Outra atração muito celebrada no festival (e headliner na noite anterior na Cidade Maravilhosa), o Lamb Of God, da Virgínia, EUA, como eles fazem questão de salientar, já não pode encontrar um público da melhor forma. Os presentes ou estavam cansados demais, depois de ser sadisticamente torturados pelo Carcass ou estavam ansiosos demais para o momento final da noite (e quanto mais próximo estava, mais distante parecia). O normal em um show do Lamb Of God é haver rodas enormes e violentas e.… não havia nenhuma. Pelo menos não dava para ver na irada dobradinha que deu início ao show, “Laid to Rest” e “Ruin”. Ao começar a comunicar-se com o público (fora a música), Randhy Blithe perguntou quem os estava vendo pela primeira vez e quem já os tinha visto. “Quem já veio conhece o que fazemos. Quero ver movimento. E, depois de exorcizar os demônios, mais uma vez, de sua prisão na República Tcheca, em “512”, número de uma cela em que ficou preso, o quinteto recebeu um espontâneo clamor de “Lamb of God! Lamb of God!” vindo do público.

Randhy ainda falou do Test, do Heaven Shall Burn, do Carcass e pediu pro público cantar junto. No Rio de Janeiro, onde eles eram os headliners, teve “Desolation”, do excelente “Resolution”, mas aqui o show seria menor e já passaram para “Walk With Me In Hell”, com solo de Mark Morton e Chris Adler detonando na bateria. “Still Echoes”, também do novo, “VII: Sturm and Drang” vem logo em seguida. “Quantos de vocês gostam de maconha”, pergunta Randhy. Teve gente que entendeu macarronada – e talvez tenha sido, porque depois ele disse que o Brasil tem a melhor comida do mundo. E ainda imitou o King Diamond antes de “Now You’ve Got Something To Die For”. Seguem-se “Hourglass” e “Engage The Fear Machine” no set. Randhy é um animal acuado, feroz. Corre, pula, enlouquecido, enfurecido, de um lado para o outro. É impossível Randy Blythe passar mais de quinze segundos no mesmo lugar no palco. Assim como lhe é impossível passar os mesmos quinze segundos sem pronunciar um “motherfucking” ou outra palavra de mesma valia. A ovelha é um animal enfurecido e angustiado. Sobre o som: cadê o solo? Alguém perguntou no público. A música inteira é um solo, outro respondeu. De fato, observar as mãos do irmão mais novo dos Adler no braço da guitarra é hipnotizante.

KING DIAMOND

Conversei com king Diamond no carnaval e ele me contou dos planos para este show. Entre muitas e muitas informações (o homem é também uma metralhadora durante as entrevistas), ele me contou de toda a estrutura que traria para o show. Tudo seria armazenado em um container e cruzaria o Mar do Norte em direção ao Atlântico, atravessando o vasto oceano, aportando primeiro no México e depois em São Paulo. Nada seria deixado de lado. E quanto à sua voz, Kim Bendix também afirmou que estava até melhor do que antes dos problemas cardíacos que ele teve há alguns anos. “Tenho feito caminhada. Estou cantando muito melhor. E quando o show acaba, nem estou arfando”. Além de me convencer em plena entrevista a comprar uma passagem de Fortaleza/CE a São Paulo/SP, ele me contou que música seria a sua “Doctor, Doctor”. “Quando você começar a escutar ‘The Wizard’, do Uriah Heep, então saiba que em cinco minutos nós estaremos no palco”.

Dito e feito. Exatamente como ele me falou, “The Wizard” começou a tocar, terminou, abrem-se as cortinas e está tudo lá. As escadarias, as gárgulas, as cruzes… está tudo lá. E os toques assustadores na quinta oitava do piano recebem a velha “Grandma” em sua cadeira de rodas. E as batidas de “Welcome Home” (aqui tão primordiais, necessárias quanto as que inauguram “Painkiller”, do Judas Priest) recebem a figura tão aguardada pelos milhares de fãs, com sua tradicional maquiagem (uma delas), sua vestimenta negra e seu microfone num pedestal que reproduz um madeiro feito de ossos. A plateia no Teatro das Américas… ops, desculpe, Espaço das Américas se espreme para ver melhor. E todo o esforço de cada um que esteve ali, que viajou dois, três, quatro, cinco mil quilômetros para ver o King Diamond, foi recompensado com um som perfeito. A qualidade de tudo que saia das mãos dos guitarristas Andy LaRocque e Mike Wead, das baquetas de Matt Thompson e das cordas graves de Pontus Egberg era a mesma de um álbum gravado em estúdio e mixado pelo mais exigente produtor. Felizmente, adiante, talvez em “A Mansion In Darkness”, LaRocque entraria errado em uma nota. Chego a pensar que foi de propósito. Seria o ‘bit’ de entropia que nos faz perceber que este é o mundo real e que as coisas aqui estão acontecendo de verdade. Não há artifício. É a realidade. E a promessa que me fizera o Rei também se viu cumprida. Também a sua voz estava perfeita. E se faltaram rodas de pogo antes, elas pareciam estar guardadas para aquele momento. Elas se fizeram presentes mesmo quando Mike Wead apenas dedilhava um violão em “Sleepless Nights”. E cada canção foi sendo cantada pelo rei com o público cantando na ponta da língua.

“Boa noite, São Paulo. Vocês estão se sentindo bem?”, pergunta o rei aos seus súditos antes de apresentar sua guarda real, Wead, Egberg, Thompson e LaRocque, o mais aplaudido deles. E vamos a mais clássicos. Do “Fatal Portrait”, antes de dedicar-se a contar uma história de terror a cada disco, vem “Halloween”. E para quem, ainda adolescente, ouviu aquele monte de vozes, os falsetes, os rosnados, e, num tempo muito antes da Internet, pensou que eram mais de um vocalista (talvez uma mulher também), ouvir “Halloween” ao vivo pela primeira vez era como voltar aos quinze anos. Que tantas outras emoções não seriam avivadas, revividas por tantos e tantos ali. É pra isso que existem os grandes shows, para criar e recriar miríades de emoções. Tocam ao fundo os teclados que introduzem e permeiam toda a canção “Eye of The Witch”, canção que introduz mais uma história de terror (na verdade, um misto de pequenos contos, que tiveram a joia como testemunha e personagem), contada no álbum “The Eye”. Talvez seja esse o único ponto baixo de todo o show. No mesmo container em que veio todo o cenário, não daria para vir também um ‘case’ de teclado? E no mesmo avião em que veio a banda, não havia uma poltrona para um tecladista? Tudo bem, relevemos.

“Daimond!”, “Daimond!”, grita o público. Esqueçam a pronúncia correta. O que vale mais ali é o que vem do coração e de profundas memórias. E é a vez do lamento por Melissa. No meio da canção, ela aparece no topo, sendo consumida pelas chamas. É a atriz Jodi Cachia, que já aparecera como “Grandma” e continuaria presente em várias partes do show. Os efeitos, conseguidos com fumaça, são realmente convincentes. Parece mesmo que a moça está sendo queimada na fogueira. “Querem mais Mercyful Fate?”, pergunta o rei. “Bem vindos ao Sabbath todos vocês”. E para a indispensável “Come To The Sabbath”, que representa o “Don’t Break The Oath”, o outro dos dois discos mais clássicos do Mercyful Fate, a mulher aparece outra vez, prepara um banquete, desce e faz um ritual em frente à bateria. Tudo fica escuro. O fundo muda. Dois encapuzados trazem um caixão. É o início do ato principal daquela noite. Do caixão, King tira uma boneca. E a letra de “Funeral” é declamada. Ao contrário da estória, onde o sacrifício da Abigail renascida é apenas sugerido (depois, com Abigail 2, sabemos não ter ocorrido), ele enfia mesmo uma faca na boneca. Senhoras e senhores, a história de Jonathan LaFey, e sua jovem esposa, Mirian Natias vai começar. Jodi e King, ou melhor, Jonathan e Mirian começam a iluminar toda a mansão. E não, de forma alguma narraremos novamente a história aqui. Ela não merece ser reduzida a uma resenha tardia. Merece estar nas telas, mas, como me disse King, só quando estiver nas mãos corretas.

Ao longo de todas as faixas de “Abigail”, o álbum, momentos chave são encenados, com Jodi assumindo os papeis femininos (Mirian, Abigail) e King, os masculinos (Jonathan, o Conde). Jodi/Mirian chega a aparecer grávida e, claro, há os momentos em que um ou outro personagem é empurrado pelas escadarias abaixo. Também estão presentes todos os elementos em “Omens”, as flores mortas (delas ele joga as pétalas ao público – sim, não evito, lembrei de Roberto Carlos), os sinos (pelo menos o barulho)… Segue-se todo o ato, levando milhares de pessoas às lágrimas com a sorte de Jonathan, Mirian e Abigail. “Obrigado, São Paulo, muito, muito obrigado”, despede-se o rei de seus milhares de felizes súditos. São Paulo é que agradece. De três únicos shows em 2017, a cidade foi escolhida. E a Liberation merece aplausos pelo arrojo em trazer à cidade esse espetáculo tão exclusivo. Ainda houve quem esperasse um bis, que não houve. Afinal, o bis foi no começo, quando King Diamond e sua banda fizeram uma boa mostra de cada parte de sua carreira fora do “Abigail”. E adivinhem quem estava tocando no meio da rua entre o Teatro das… diacho, esse erro me persegue (deve ser porque acabei de ver uma peça de teatro sendo encenada)! Continuando. Entre o Espaço das Américas e a entrada mais próxima da estação da Barra Funda, quem estava tocando era o Test. Eles mesmos. Afinal, o duo pode até tocar no palco principal, mas tem sede, fome, gana de tocar onde começaram a ser conhecidos, na saída dos festivais.

Agradecimentos:

Liberation MC e The Ultimate Music Press, em especial a Costábile Salzano Jr, pela parceria, credenciamento e toda atenção.

Fernando Yokota, que concordou em nos ceder algumas de suas belíssimas imagens.

 

Setlist Heaven Shall Burn:

The Loss of Fury
Bring the War Home
Voice of the Voiceless
Corium
The Weapon They Fear
Combat
Awoken / Endzeit
Counterweight
Black Tears – Edge Of Sanity cover

Setlist Carcass:

1985
316L Grade Surgical Steel
Buried Dreams
Incarnated Solvent Abuse
Carnal Forge
No Love Lost
Unfit for Human Consumption
A Congealed Clot of Blood / Cadaver Pouch Conveyor System
Captive Bolt Pistol
Edge of Darkness / This Mortal Coil
Exhume to Consume
Reek of Putrefaction
Corporal Jigsore Quandary
Heartwork
Carneous Cacoffiny

Setlist Lamb Of God

Laid to Rest
Ruin
512
Now You’ve Got Something to Die For
Still Echoes
Walk with Me in Hell
Hourglass
Engage the Fear Machine
Set to Fail
Blacken the Cursed Sun
The Faded Line
Redneck

Setlist King Diamond

Out from the Asylum [tape]
Welcome Home
Sleepless Nights
Halloween
Eye of the Witch
Melissa (Mercyful Fate)
Come to the Sabbath (Mercyful Fate)
Funeral
Arrival
A Mansion in Darkness
The Family Ghost
The 7th Day of July 1777
Omens
The Possession
Abigail
Black Horsemen

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