Curitiba, 14 de dezembro. Sexta-feira encalorada. Um mar de pessoas vestidas de preto dividia-se por entre duas calçadas que cortam a rua São Francisco. O burburinho que se formou na frente de um casarão estabelecido no começo do século, situado no Centro Histórico da cidade, tinha um motivo bem específico: show do Krisiun. Não sei dizer se as reclamações em relação à “comunidade do metal” não ser tão unida são verdadeiras, como muita gente conclama por aí, mas quem apoia o metal, é fã e vive disso, com certeza, estava marcando presença no Jokers.
O clima que antecipava o show era de ansiedade e memória, de quem conhece, já viveu e quem tem história. Em uma das mesas, dois caras conversam enquanto tomam uma cerveja e esperam pelo show. “Cara, eu vi o Krisiun em 1998. Acho que era em 98, com o Jailor. Muito bom.”, disse o que estava de boné. “Eu vi o Krisiun em 2003, mas não foi aqui não, foi em São Paulo.”, respondeu o cabeludo.

Quem fez a abertura do show foi o Howfar. A banda foi criada em 2015 para tocar rock em português, com influência de blues e stoner. Formada por Alexandre Buga na guitarra e vocal, Willian Brandão no baixo e backing vocal, e Itali Sonda Jr. na bateria, subiram ao palco às 23h15. Howfar assumiu com bravura a responsabilidade de ser a primeira banda da noite. “Uma banda de rock pesado no meio dos death metal. Mas estamos aí.”, disse o vocalista. O set list foi composto por “Poeira de Fumaça”, “Realidade Distorcida”, “Caminho Sem Volta”, “Não Olhe para Trás”, “Ressaca”, entre outras.
“Agora Jailor com vocês.”, disse Buga.

Meia noite e quinze, o palco do Jokers ficou pequeno. Literalmente. Os cinco integrantes do Jailor subiram para quebrar tudo. O público, que finalmente terminou de encher o pé do palco, respondia ao símbolo do chifre feito pelo vocalista. A banda curitibana existe desde 1998 e se intitula como Brazilian Thrash Metal. Formada por Flávio Wyrwa nos vocais, Alessandro Guimarães e Marcos Araújonas guitarras, Emerson Niederauer no contrabaixo e Jefferson Verdani na bateria, tem fãs extremamente fiéis. “É por isso que Curitiba é a capital do metal galera. Vocês são foda.”, disse o vocalista em uma das muitas interações com o público, que respondia prontamente. Jailor tocou sua última música sob protesto do público que queria mais. “Esse é um dos eventos mais fodas desse ano. Se não for o mais foda. É pra mostrar que o metal não morreu e não vai morrer.”, disse Flávio.

Minutos antes de chegar a vez do Krisiun, o público já se aglomerava em frente ao palco, impaciente. A distribuição da plateia era a mais perto possível do palco. Precursores do death metal, Krisiun é formado por Alex Camargo vocal e baixo, Moyses Kolesne na guitarra e Max Kolesne na bateria.

A cortina se abriu e eles começaram de costas. A bateria foi o primeiro instrumento a se manifestar. “Boa noite Curitiba Boa noite Brasil. Mais uma vez o Krisiun está aqui.”, disse o vocalista. O público reagiu com um grito. “Esse apoio maravilhoso. Não interessa a hora.”. A verdade é que por mais quente que a cidade estivesse, não estava aos pés do que se passou quando o Krisiun começou. “Isso aí Curitiba. JOKERS. VAMOS FAZER BARULHO NESSA PORRA.”

O objetivo do show era divulgar o novo álbum “Scourge of the Enthroned”, mas também tocaram um cover do Motörhead, Ace of Spades. “Curitiba. Foda pra caralho. Valeu. Mais uma vez, nosso agradecimento a todos. O tempo passa e a gente tá aqui. Tocar em casa (em Curitiba) é a maior motivação.”, disse Alex.

O final do show foi marcado por uma pequena confusão.
Duas fãs subiram ao palco e uma delas se recusava terminantemente a descer. Apesar do protesto da produção e reprovação da plateia, ela disse que queria apenas compartilhar a alegria com as pessoas ali. A esta jornalista que vos fala, não cabe julgar o ocorrido como certo ou errado, e sim documentar os fatos ocorridos.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.