Existem momentos na nossa vida que somos preenchidos por sentimentos de nostalgia. Ainda mais quando temos o prazer de reviver, mesmo que idealmente, o velho sentimento underground dos anos 90. Foi assim que começou o primeiro final de semana de março para os blackmetallers de Fortaleza, pois pela primeira vez pisou em terras alencarinas a entidade maligna germânica Nargaroth, em companhia da monstruosidade austríaca, o Belphegor, fazendo reviver o espírito noventista

Fotos de Patrícia Queiroz

Confesso que tinha grande expectativa para o show do Nargaroth, por ser uma banda de grande qualidade, mas que não vem ao nosso país com muita frequência. Todas as expectativas foram supridas. Quando Ash subiu ao palco, acompanhado de seu parceiro Beliath e do guitarrista e o baterista da banda banda polonesa Hate, sentimos um grande peso, pela imponência dos músicos no palco. Após uma “intro” com sons de tambores, veio a sequência “The Agony of a Dying Phoenix”, “Whither Goest Thou” e “Conjuction Underneath the Alpha Wheel”, faixas do mais novo trabalho da banda, “Era of Threnody”, de 2017.

Fotos de Patrícia Queiroz

A qualidade do som estava perfeita, assim como a iluminação do palco, que contribuíam para construir uma atmosfera densa. O guitarrista Beliath, apesar de introspectivo, agitou bastante em cada música e jogou várias palhetas para o público. Ash também se mostrou satisfeito com os presente e deixou o público escolher a próxima música. A escolhida foi a clássica “Seven Tears are Flowing to the River”. Ash interpreta cada passagem poética da música dando uma outra dimensão à canção. Na sequência vêm mais dois clássicos: “Black Metal ist Krieg” e “Possessed by Black Fucking Metal”, que são cantadas em coro pelos presentes. Para finalizar a apresentação, o excelente cover de “War”, do Burzum. Sem mais, a banda deixa o palco sob sons de tambores. Alguns esperaram a volta, mas não ocorreu.

Fotos de Patrícia Queiroz

Alguns minutos depois o palco começa a ser montado para o ritual satânico da banda Belphegor. A banda já é conhecida dos bangers locais, mas a expectativa é a mesma. Dessa vez a banda vem divulgando seu novo álbum, “TotenRitual”, de 2017. Já com o palco transformado em altar, deixando à vista as caveiras de bode e humanas que compunham o altar da cerimônia maligna, muitos gritos ecoaram pelo lugar. “Belphegor”, “Belphegor”, “Belphegor”, gritavam os presentes enquanto soava a intro e o quarteto austríaco formado por Helmuth (guitarra/vocal), Serpenth (baixo) e complementado por Molokh na outra guitarra e Bloodhammer (bateria) preparava a consagração maligna. O ritual começa com “Sactus Diaboli Confidimus”, seguida de dois novos sons, “Totenkult – Exegesis of Deterioration” e “The Devil’s Son”.

Fotos de Patrícia Queiroz

A cada passagem de música, Helmuth introduzia a próxima com citações em latim. O foco principal foi mesmo a divulgação do novo álbum. Faixas como “Baphomet” e TotenRitual”, fora as já citadas, se mostram mais brutais ao vivo. Infelizmente os álbuns mais antigos não foram prestigiados, ficando o repertório de “Lucifer Incestus” em diante. Após o encerramento com “TotenRitual”, ainda houve tempo para um bis, com a já clássica “Diaboli Virtus In Lumbar Est”. Helmuth é um grande frontman, fora sua presença de palco, interage com os fãs, inclusive falando algumas palavras em português. No final distribui palhetas e o set list do show.

Fotos de Patrícia Queiroz

A pontualidade, a organização e a qualidade sonora são dignas de nota. Previsto para ter iniciar às 20h, não houve grandes atrasos e a banda subiu no palco próximo do horário previsto. E o encerramento foi às 23h, facilitando a volta para casa. Alguns dos presentes vieram do Rio Grande do Norte, o que tornou o show uma grande reunião de antigos e novos black bangers. Parabéns à organização e que tenham mais celebrações como esta.

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