Resenha: Corram Para As Colinas (2016)

O logo do Corram Para As Colinas, com as três caveiras e aqueles filamentos direcionando-se para o alto, aponta para a possibilidade de haver algum toque de lisergia no som. Não é engano. A guitarra que dá início a “Dilúvio”, misturando acordes com uivos breves, revela em seu timbre que realmente há muita acidez presente no som que virá.

Mas não naquele clima de viagem pacífica e sonhadora. O ácido aqui é bem corrosivo, recheando a música com timbres graves, cheios, carregados de chumbo. O baixo ataca a música com golpes binários, martelando duas notas, depois mais duas e prossegue em compasso com as viradas de bateria no refrão. Os vocais combinados do baixista Gustavo Slomp com o guitarrista Marcio D’avila dão um toque de Alice In Chains nesse começo de disco, mas os padrões de composição destes curitibanos não se acomodam nessa referência.

O Corram Para As Colinas faz muito bem o seu Stoner cantado em português e o refrão de “Pedras” deixa claro que a opção de utilizar a língua nativa é a ferramenta adequada para quem quer expressar seu discurso sem meias palavras. “Desalmado” mantém essa proposta e é certamente a faixa mais variada do disco, indo desde um andamento arrastado, de passos feitos em areia movediça, até a velocidade quase Thrash. Os ecos que ressoam no solo de guitarra reforçam ainda mais a evidência dessa faixa.

Passando por “Vida Torta”, “A Marcha” avança para fora das caixas de som em uma levada mais dinâmica comandada pela bateria de André Wlodarczyk, com uma ótima marcação nos pratos. A edição original deste EP foi lançada em 2016 e incluia apenas estas cinco faixas. Para o deleite dos curtidores do som da banda – enquanto mais material inédito não surge – duas bônus foram acrescentadas aqui e mostram que nada mudou no seu universo sonoro.

E nem precisava. “Rival” é uma composição fortíssima, onde melodia e peso coexistem em igual medida de aplicação com as letras de quem não tem satisfações a prestar. Já “Porco Vesgo” se diferencia apenas por possuir um andamento mais quebrado, mas preserva todas as características do som do trio, que foram devidamente captadas por uma produção que cuidou de manter a sujeira e a distorção em seus devidos lugares. Sendo este o primeiro trabalho lançado, não foi olvidada a bagagem que os músicos trouxeram de suas experiências anteriores na cena de Curitiba.

Dado o resultado obtido, correr para as colinas pode ser um bom conselho. Mas não o faça sem antes ter ouvido esse disco!

Formação

Gustavo Slomp – baixo/vocal

Marcio D’avila – guitarra/vocal

André Wlodarczyk – bateria

Músicas

01.Dilúvio

02.Pedras

03.Desalmado

04.Vida Torta

05.A Marcha

06.Rival

07.Porco Vesgo

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