Resenha: confiram como foi o Under Blood Fest

Nesse último sábado, dia 08 de junho, a 14ª edição do Under Blood Fest ocorreu no Burburinho Bar, localizado no bairro do Recife, em meio ao choque da notícia da morte repentina do vocalista André Matos, fundador das bandas Viper, Angra e Shaman.

O evento, organizado pelas bandas Implement e Angel’s Fire, contaria como atrações além das próprias, também as bandas Camus e Final Age, todas elas locais.

O festival estava marcado para se iniciar às 19:30, mas como de praxe, deu aquela atrasada. Apesar que o atraso foi apenas de uma hora, ou seja, pequeno em comparação ao que normalmente acontece nos eventos underground locais.

A movimentação no Burburinho no momento era bastante fraca, mas não era nada além do esperado, ainda mais se tratando de evento de bandas locais, não se esperava também que o cenário mudasse ao longo da noite.

Com isso, às oito e meia da noite da noite, a primeira banda da noite subiu ao palco do piso superior do Burburinho Bar para abrir os trabalhos no Under Blood Fest, sendo essa, a Camus.


A Camus ali fazia seu primeiro show pós-participação no Abril Pro Rock, e o segundo referente a divulgação do seu novo disco “Abyssal”, lançado no ano passado, primeiro do repertório do grupo.

O quarteto já chegou quebrando tudo com o peso de suas músicas, iniciando o set com “Empty Life”, presente no Abyssal. Com os fortes riffs  distorções das músicas, as “bangueadas” estavam garantidas para todos aqueles presentes, além da forte bateria de Marcelo Dias.

O baixo do vocalista Thiago Souza também conseguiu dar mais peso a performance, além dos vocais fortes. Em “Offer Of Blood”, o guitarrista Deniêre Martins assumiu os vocais, e mostrou sua versatilidade musical, mostrando que não é apenas um ótimo guitarrista.

A plateia ainda estava um pouco tímida, mas mesmo assim “banguearam” bastante durante o show, e o setlist da noite foi bastante propenso para isso, não dando descanso para nenhum ouvido.

Uma coisa que os atrapalhou da metade pro fim da apresentação, foi um problema na pedaleira de Deniêre, que constantemente ficava chiando nos momentos em que Thiago tentava conversar com o público.

Em “Knights of Metal”, diferente de como fizeram no Abril Pro Rock, onde ninguém se atreveu a cantar o trecho gravado originalmente por Nenel Lucena, Deniêre chamou a responsabilidade para si nessa parte.

Ao som de “Heavy Metal Machine”, presente no EP de mesmo nome, a banda encerrou seu show sob fortes aplausos do público, tendo tido tempo também para mais uma música, onde eles decidiram repetir a execução de “Empty Life”.

SETLIST:

  1. Abyssal/Empty Life
  2. False Convictions
  3. Bind Truth
  4. Offer Of Blood
  5. Send Me A Sight
  6. The Loser
  7. Knights Of Metal
  8. Heavy Metal Machine

Logo após, era a vez da banda de Symphonic Metal Angel’s Fire subir ao palco do Burburinho, não tendo demorado muito para a transição entre uma banda e outra.

Essa também não foi a primeira vez em que vi a Angel’s Fire ao vivo, tendo os vistos anteriormente naquele mesmo espaço do Burburinho Bar no início desse ano, onde eles foram uma das atrações do Freedom Metal Fest.

Mais uma vez, eles subiram ao palco divulgando seu primeiro disco “O Conto”, lançado em 2018.

Para quem é fã de Nightwish, o som da Angel’s Fire era um prato cheio (tendo inclusive um cover de Wish I Had An Angel), a sonoridade é bastante similar, principalmente por conta dos vocais de Priscila Lira, e das linhas de teclado de Ítalo Liano.

Pelo que foi visto, uma boa parte do público estava lá para vê-los, e isso foi comprovado principalmente durante a execução da música “Sacrifício”, onde muitos cantaram o refrão junto com a banda, isso sem falar na roda punk que foi formada na inédita “Enigma Time”.

O show transcorreu muito bem, a banda fez bem seu trabalho no palco, ainda mais juntando com a encantadora voz de Priscila, além do cover muito bem feito de “Wish I Had An Angel”.


Também houveram alguns problemas técnicos, como momentos em que não se ouvia a guitarra do Israel Lira, e também durante a execução de “Meu Desejo”, onde não se ouviu bem o baixista Saymo Robert na parte onde ele faz vocal.

De qualquer forma, a Angel’s Fire conseguiu fazer um show de alto nível mais uma vez.

SETLIST:

  1. O Conto
  2. Anjo de Luz
  3. Sacrifício
  4. Guardião
  5. Wish I Had Na Angels (Nightwish cover)
  6. Novo Reino
  7. Além do Horizonte
  8. Enigma Time
  9. Tonight
  10. Meu Desejo

Em seguida, o vocal lírico deu espaço ao gutural. Era a hora da Implement, banda anfitriã da noite, subir ao palco para soltar todo o peso e força do seu Death/Thrash Metal, divulgando seu mais novo disco intitulado “Bleeding Alone”.

Por incrível que pareça, mesmo sendo os anfitriões do evento, o som da Implement era o mais “fora da curva” em relação as outras atrações, enquanto as outras três bandas tinham uma sonoridade mais melódica, a Implement puxava para o som mais sujo do Thrash/Death.

Diferente do que ocorreu no show da banda anterior, a transição no palco acabou demorando mais, e o início da apresentação acabou sendo um pouco bagunçado tecnicamente, tendo eles que reiniciarem a primeira música.

Mas, assim que os primeiros acordes foram tocados, o público presente já começou a fazer as primeiras rodas punks da ocasião, e o som da banda dava a brecha perfeita para isso.

Ao longo de todo show da Implement, foram constantes as pequenas rodas punks na plateia (nem havia muita gente no local para ser diferente disso), mas que mesmo assim eram bastante insanas, e também “desorganizadas” (cada um empurrava e corria para um lado).

Um dos destaques da apresentação foi o carisma e simpatia do vocalista e baixista Ivan Ribeiro, que constantemente brincava com o público. Mas, também houve momento onde o mesmo falou sério, tendo sido dois especificamente, mas ambos falando do mesmo assunto.

No palco, Ivan respondeu as críticas que o evento recebeu na internet pelo fato de ter duas bandas cristãs no cast (a própria Implement e a Angel’s Fire) e discursou em prol da liberdade de cada pessoa ser como quiser, e fazer o que quiser. E também, ele agradeceu as bandas Final Age e Camus por terem aceitado o convite para tocar no Under Blood, mesmo sob críticas pelo fato de estarem dividindo palco com bandas de White Metal.

Após mais ou menos 45 minutos de show, com a mesma brutalidade que começou, a Implement encerrou sua apresentação do Under Blood.

SETLIST:

  1. Infernum Brothel
  2. Worm In My Brain
  3. Grave Of Desire
  4. Pentecostal Insanity
  5. Great Terror
  6. Bleeding Alone
  7. Triumphal Return
  8. The Keys of Hell
  9. Catacombs
  10. Red Flag
  11. Decapited
  12. Order To Kill

Com isso, ficou por conta da Final Age a responsabilidade de fechar o evento com chave de ouro, a banda que apesar de muito nova, tem estado bastante ativa na cena local, sendo esse o quarto show que vejo deles.

Na hora, poucos gatos pingados ainda se encontram no piso superior do Burburinho. Provavelmente por conta da hora tardia, e do cansaço também, coisa que é bem comum de acontecer nos festivais undergrounds de bandas locais.

O show da Final Age prometia ter um teor de emoção, como a banda tem fortes de influência de grupos como Angra e Shaman, obviamente, eles fariam uma homenagem para André Matos, que havia falecido em decorrência de uma parada cardíaca naquele mesmo dia.

Por ser muito nova, a banda ainda não tem muito material próprio, o único material que eles têm até o momento é um EP de três músicas (entre elas uma intro) intitulado “Its The Final Age”, ou seja, a maioria dos shows deles o grupo toca mais covers.

Mas, aparentemente a banda tem trabalhado em músicas novas, porque eles iniciaram o show com três autorais, sendo a primeira a já conhecida “It’s The Final Age”, e as inéditas “Follow Out Of The Cage” e “Refuge”.

Depois dessas, foram tocadas apenas covers, começando com “Eagleheart” do Stratovarius, e depois “Believer” da banda tunisiana Myrath (isso sem fala do solo de bateria de Renato Alexandre entre as mesmas).

Logo após, veio o momento mais emocionante da noite. Antes de executarem “Here I Am” do Shaman, o baterista Renato Alexandre e o vocalista Rodrigo Wagner falaram a respeito do choque que foi a morte de André Matos, e o quanto a música dele foi importante em suas vidas. Certamente, aquele foi um momento difícil para todos eles ali no palco.

A música também contou com a participação especial da vocalista Priscila Lira, da Angel’s Fire (repetindo a dose do que fizeram quando dividiram palco com o Angra, no ano passado). Certamente, todos os presentes cantaram a música com todas as forças que podiam, tendo inclusive alguns que choraram.

Passado o momento de emoção, a Final Age encerrou sua apresentação após tocar as músicas “Reach Out For The Light” do Avantasia, e “March Of Time” do Helloween.

SETLIST:

  1. It’s The Final Age
  2. Follow Out of The Cage
  3. Refuge
  4. Eagleheart (Stratovarius cover)
  5. Believer (Myrath cover)
  6. Here I Am (Shaman cover)
  7. Reach Out For the Light (Avantasia cover)
  8. March Of Time (Helloween cover)

Imagino que tudo que eu tinha para falar do evento, já foi falado. O mesmo transcorreu com tudo nos conformes, só com o detalhe de uns problemas ou outro no som. As bandas executaram muito bem as partes delas, e a produção trabalhou muito bem.

No mais, não há mais nada para dizer a não ser que quem compareceu ao Burburinho naquele sábado, saiu bastante satisfeito, tendo presenciado um grande evento.

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