Há um pouco mais de um mês, exatamente no dia 08 de junho, o metal nacional sofreu o choque da notícia do repentino falecimento de André Matos, fundador das bandas Angra, Shaman e Viper, e uma das principais referências do estilo no Brasil e no mundo.

Certamente, após isso, inúmeros shows de homenagens foram feitos ao redor do Brasil, e um deles ocorreu no último dia 20 de julho no Burburinho Bar, em Recife, realizado pelo guitarrista Guga Queiroga (GQ Project), em parceria com o vocalista Daniel Pinho (Terra Prima), contando também com a abertura das bandas recifenses Phrygia e Dune Hill.

Principalmente por conta da ocasião, havia uma boa expectativa de público para aquela noite, mesmo com as chuvas que atingiram o Recife no dia, e isso foi percebido já próximo das 22h, quando a movimentação no Burburinho já se mostrava intensa.

O início do evento estava marcado para às 22h, mas como de costume, houve um atraso, mas nesse caso o mesmo foi de apenas uma hora, tendo a Phrygia subido ao palco às 23h.

A Phrygia chegou divulgando seu novo EP auto-intituado, e também seu recente clipe referente a faixa “Waltz of Death” presente no mesmo trabalho.

No setlist, eles apresentaram todas as músicas presentes em seus dois EPs lançados, tanto o homônimo desse ano quanto o “Control” de 2016, além também de cover do Symphony X, do Opeth, e claro, do Angra.

A banda é uma daquelas que preza bastante pela parte técnica, principalmente o vocalista Erick Jones. O show teve alguns problemas técnicos como a guitarra de Marcília Cabral, que não estava muito audível no início da apresentação, e o microfone de Erick que deu algumas falhas durante a faixa “Voice Of Darkness”.

Mas claro, isso não tirou a qualidade do show da banda, destacando principalmente a atuação do baterista Madjer Santos, que em alguns momento lembrou o Jukka Nevalain, ex-Nightwish, na questão de pegada e presença de palco.


Após eles próprios homenagearem André Matos com um cover de Gente Change, a Phrygia encerrou a apresentação ao som do single “Waltz of Death”, onde Erick mostrou mais uma vez toda a sua potência vocal.

SETLIST:

  1. Lost Mind
  2. Blind
  3. Battlefield
  4. Out Of The Ashes (Symphony X cover)
  5. Voice of Darkness
  6. Lunar/Dirge For November (Opeth cover)
  7. Gentle Change (Angra cover)
  8. Waltz of Death

Alguns minutos depois, já por volta de meia-noite, foi a vez da Dune Hill subir ao palco do piso superior do Burburinho para mostrar seu Hard Rock autoral, principalmente se referindo ao seu mais recente álbum “Song of Seikilos”.

Não faltou peso na apresentação da banda, até porque essa foi uma das principais características do seu disco novo. No repertório, considerando apenas as faixas autorais, apenas uma música do álbum “White Sands” foi contemplada, sendo essa a “Seize The Day”, que foi tocada em uma versão mais acelerada.

A própria banda correspondeu no palco a toda energia que as músicas possuíam. Basicamente, não faltou presença por parte de nenhum integrante, e também não faltou energia vindo da plateia, que vez ou outra arriscava algumas rodas punks e colocava algumas notas de dinheiro no braço do baixo de Pedro Maia.

Certamente, o ponto mais alto do show da Dune Hill foi a execução da faixa “The Mirror”, sendo essa a música onde André Matos fez participação especial, se tornando assim a última gravação lançada com o maestro em vida. Na ocasião, quem cantou as partes referentes ao ex-vocalista do Angra foi outro André, o guitarrista André Lego.

Após isso, a banda encerrou sua apresentação com uma sequência de três covers, sendo eles “Immigrant Song” do Led Zeppelin, “Heaven And Hell” do Black Sabbath, e “Bark At The Moon” do Ozzy Osbourne.

SETLIST:

  1. Dune Hill
  2. Set You Free
  3. Seize The Day
  4. El Dorado
  5. God’s Delivering
  6. South
  7. Last Night
  8. The Mirror
  9. Immigrant Song (Led Zeppelin cover)
  10. Heaven and Hell (Black Sabbath cover)
  11. Bark At The Moon (Ozzy Osbourne cover)

Era chegado a hora do momento mais esperado da noite, Guga Queiroga, junto com Daniel Pinho, iriam iniciar um longo show tocando as principais músicas da carreira de André Matos em suas épocas no Angra, Shaman, Viper, e em seu projeto solo.

Desde o início da noite o piso superior do Burburinho se encontrava lotado, e claro, o cenário era exatamente esse quando a banda do Guga Queiroga subiu ao palco por volta de duas da manhã ao som da intro “Ancient Winds”, com o Daniel Pinho entrando com uma roupa de gala, do mesmo estilo que André Matos utilizava em suas apresentações.

A banda iniciou a apresentação ao som da faixa “Here I Am”, do Shaman, com o microfone de Pinho falhando, mas sendo ajeitado rapidamente pela mesa de som. Já a partir dessa primeira música, todo o público presente já cantava junto com o palco.

Logo após foi executada “Angel’s Cry”, do Angra, onde ao fim Daniel Pinho comentou: “É uma merda nosso grande maestro precisar morrer para a gente conseguir reunir essa galera”. Falou em apoio a cena local, e todas as bandas autorais que fazem parte da mesma.

O show seguiu com “Distant Thunder” do Shaman, e “Time” do Angra. O repertório saiu do Angra/Shaman após quatro músicas em “Cry From The Edge”, do Viper

Ao longo do show, Pinho fez questão de ressaltar a capacidade vocal que André Matos tinha, brincando que ele fazia as músicas para apenas ele cantar, e quem tentasse fazer cover que se virasse.

Em “Innocence”, tivemos o primeiro momento de grande destaque da noite, onde Pinho pediu para que todos os presentes acendessem as lanternas de seus celulares cantando em um grande coro. Outro momento marcante veio pouco depois com a execução da tão pedida “Carry On”, onde uma grande roda punk se formou em frente ao palco.

A intensidade do show foi se mantendo ao longo que o mesmo ocorria, era prometida uma apresentação longa, e todos ali sabiam disso, mas por conta do horário que ficava cada vez mais tardio, alguns começaram a deixar a casa, vencidos pelo cansaço. Já era  da manhã quando Pinho anunciou que ainda havia mais seis músicas por vir.

Entre elas, foi tocada a música “Letting Go”, a única contemplada do projeto solo de André Matos, tendo logo após mais um momento marcante da noite, onde um cara na plateia subiu no palco, falou algumas palavras sobre a morte de André, e logo em seguida, chamou sua namorada e a pediu em casamento na frente de todos (sim, ela aceitou).

Passado o momento romântico, Pinho falou que “conto de fadas existem”, fazendo referência faixa seguinte, que seria “Fairy Tale” do Shaman. O show se encerrou com a sequência de “Time Will Come”, “Pride” (com a participação do vocalista Rodrigo Wagner, da banda Final Age), ambas do Shaman, e fechou com chave de ouro com “Living For The Night” do Viper, com a presença de vários vocalistas que estavam no local.

SETLIST:

  1. Ancient Winds/Here I Am
  2. Angels Cry
  3. Distant Thunder
  4. Time
  5. Metal Icarus
  6. Wings Of Reality
  7. For Tomorrow
  8. A Cry From The Edge
  9. Innocence
  10. Unfinished Allegro/Carry On
  11. Make Believe
  12. Lisbon
  13. Crossing/Nothing to Say
  14. Carolina IV
  15. Reaching Horizons
  16. Letting Go
  17. Fairy Tale
  18. Time Will Come
  19. Pride (com Rodrigo Wagner)
  20. Living For The Night

Com isso, o show de duas horas e meia e vinte músicas terminou por volta de quatro e meia da manhã, e como disse anteriormente, por conta disso alguns dos presentes foram vencidos pelo cansaço e acabaram indo embora após o fim. Ou seja, para evitar que isso ocorresse duas coisas poderiam ter sido feitas. A primeira seria encurtar um pouco o show, e a segunda seria o evento começar mais cedo.

Sobre o setlist, o mesmo ficou focado em Shaman e Angra, o que já era esperado porque é onde estão os principais trabalhos de André Matos. O Viper foi contemplado com duas músicas, e a carreira solo de André com apenas uma.

Uma coisa é fato, em comparação ao Angra, ao Shaman, e até mesmo ao Viper, a carreira solo de André Matos não teve nenhum trabalho que pudesse ser considerado como um “clássico”, mesmo seus três discos tendo sido de muita qualidade. Mas, de qualquer forma, acho que o mesmo merecia pelo menos mais duas músicas junto com “Letting Go”, e uma delas poderia ser facilmente “Rio”, do álbum “Time To Be Free”.

No mais, o show foi lindo e memorável, todos aqueles que foram ao Burburinho celebrar a obra e memória do maestro André Matos saíram satisfeito com a grande festa do metal que aquela noite foi.

E sem esquecer: Viva André Matos!

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