Após o sucesso da primeira edição ocorrido em junho, no Bar do Reggae, no Recife Antigo, nesse último dia 28 de setembro, a segunda edição do Undergroundaun foi realizada no Burburinho Bar, no mesmo bairro. De início, o mesmo ocorreria novamente no Bar do Reggae, mas por conta do fechamento do mesmo, houve a transferência do local para o Burburinho.
O festival, que tem como intenção valorizar a cena autoral local, contou dessa vez com quatro atrações. Tocaram no evento as bandas locais O Cão, Demoniah e Corroídos Pelo Ódio, e a paraibana Pollar.
Logo de início, já adianto que desde o início da noite, a movimentação do público no Burburinho era muito fraca. Para variar, o início das apresentações atrasaram, a Pollar iria subir ao palco do piso superior do Burburinho às 21h, tendo isso sido feito apenas próximo das 23h.
Mesmo com pouca gente no piso superior do Burburinho, a Pollar fez um show com bastante energia e presença de palco, mostrando um Metalcore forte direto de João Pessoa, realizando assim seu primeiro show na capital pernambucana.
Duas coisas que gostei na apresentação do grupo foi, primeiramente, o fato do som deles ser de uma das vertentes mais modernas do metal, saindo daquela mesmice que sempre reclamo dos estilos tradicionais, e segundo, o como eles conseguiram utilizar bem os sintetizadores da tecladista Elly Vieira.
E uma das principais características de um vocalista de Metalcore é ter um bom controle dos vocais limpos e guturais, coisa que Ian Wilker conseguiu fazer muito bem.
Apesar da boa energia da banda no palco, não houve muita interação por parte do público, principalmente por conta do pequeno número do mesmo àquela altura. Mas podemos dizer que a Pollar cumpriu muito bem seu dever.
Em seguida, o evento teria uma sequência de Hardcore recifense, começando com a banda Corroídos Pelo Ódio.
Nesse momento, a porrada na orelha passou a ser sem dó nem piedade, como é característico do Hardcore.
Mesmo com riffs instigantes, batida acelerada, vocal insano e letras fortes, ainda assim o pequeno público do momento continuou mais na deles, coisa que parecia que iria ser bem característica pelo resto da noite, o que infelizmente tem sido bastante normal nos rolês do underground recifense.
De qualquer forma, a banda também demonstrou uma grande instiga no palco, o que já faz valer por tudo.
Logo em seguida, o Hardcore seguiu com o power trio O Cão, grupo que possui alguns remanescentes da antiga banda Will2Kill.
Essa foi a segunda vez em que o grupo no palco, a primeira havia sido no evento “A Invasão”, ocorrido no Estelita Bar em maio, onde na ocasião, eles foram para o show desfalcado por conta da saída recente do vocalista, e naquele momento ele estrearam a formação “trio”, mas com algumas inseguranças justamente por eles terem que assumir o vocal de última hora.
Agora, quatro meses depois, obviamente, os três já estavam mais a vontade no palco com o atual formato, e muito mais soltos, tendo agora o guitarrista Hugo Medeiros assumido os microfones de vez.
No palco, não faltou instiga por parte da banda, tendo o público começado a acompanha-los nisso aos poucos, e também não faltou os discursos políticos contra o atual governo, que é uma característica forte da ideologia do grupo.
Após O Cão encerrar seus 40 minutos de apresentação, era esperada a hora do Demoniah fechar a noite com chave de ouro, tendo antes disso a produção feito alguns sorteios com o pessoal que pagou ingresso.
Essa também não foi a primeira vez em que vi a banda ao vivo, tendo sido exatamente a terceira, e mais uma vez eles conseguiram fazer uma apresentação completamente instigante. O vocalista Jeovani consegue muito bem levantar o público, mesmo aqueles em menor número, como ocorreu naquela noite, tendo uma das poucas rodas do dia sido formada naquele momento.
Com seu forte Stoner Metal, o Demoniah conseguiu “demonializar” (fazendo uma pequena referência ao álbum deles ‘Demoniahlizer’) o piso superior do Burburinho com bastante êxito e energia, fechando o evento com bastante energia e peso.
Bom, apesar das bandas terem sido bem enérgicas no palco, infelizmente isso não se refletiu na plateia, não apenas pelo fato da mesma estar em número pequeno. Os poucos que estavam também não interagiram muito, tendo sido apenas em momentos pontuais.
Em comparação a primeira edição, a anterior foi infinitamente melhor, principalmente pelo fato que o público havia comparecido em maior número (mesmo que não tivesse lotado o Bar do Reggae na ocasião), e que os presentes interagiram bem mais.
Mas, esse infelizmente é mais um retrato da cena recifense atualmente, onde o público tem comparecido cada vez menos aos eventos, e os que comparecem, parece não se importarem muito com a banda no palco.
Mas de qualquer forma, mesmo assim, é importante que eventos como o Undergroundaun continuem acontecendo, pois o mesmo demonstra a resistência do underground em meio a toda dificuldade.
A produção e as bandas cumpriram o seu papel, falta o público fazer a parte deles.