Quatro anos após sua primeira edição, a banda Dune Hill retorna ao Estelita Bar, localizado no bairro do Cabanga, zona sul do Recife, para realizar o segundo “Seize The Day Festival”. Dessa vez, a banda realizou o evento em uma ocasião especial, que foi o lançamento oficial do seu segundo disco intitulado ‘Song Of Seikilos’, seu novo trabalho conceitual onde fala da história de um casal de meninas lutando pela sobrevivência, envolvendo mitologia de várias épocas da História.

Para celebrar a ocasião, também foram convidadas para fazerem parte da festa as bandas recifenses Diablo Motor e Avaken.

Marcado para o domingo, dia 24 de março, a previsão de início do evento era de 16 h, mas como é bastante comum nos eventos em geral, esse horário não foi cumprido à risca.

Mas, mesmo que eles fossem cumprir esse horário pontualmente, não seria vantagem nenhuma, porque pelas quatro da tarde a movimentação pelo Estelita ainda era bastante reduzida. Contava-se nos dedos a quantidade de pessoas presentes naquela hora.

E o cenário não mudou muito por volta das 17:30, horário em que a Avaken iniciou sua apresentação, abrindo os trabalhos na segunda edição do ‘Seize The Day Festival’, no Estelita Bar.

Antes de começar a falar do show em si, vou logo ressaltar um ponto negativo do evento que foi o jogo de luz, que por alguma razão estava virado para o público e não para o palco, agredindo a visão de todos que estavam lá (além de atrapalhar quem tentava tirar foto do palco).

Agora falando da apresentação da Avaken, pode até soar repetitivo o que vou falar, até porque esse é o quinto show deles que resenho (segundo só esse ano), e ainda irei resenhar eles abrindo para o Edu Falaschi no dia 5 de abril. Mas de qualquer forma, eles não deixam ter palavras diferentes além de positivas.

A banda, que é uma junção do Prog, Heavy, Power, Thrash e Metalcore, apresenta uma sonoridade limpa, pesada e bastante técnica. Não houve muita interação com o público principalmente por conta do baixo número do mesmo, mas ainda assim eles fizeram bem seu dever no palco apresentando músicas próprias e alguns covers.

E como é de praxe também, o guitarrista Ben Canto esbanjou todo o seu carisma e irreverência em cima do palco com suas “dancinhas sensuais” e descontraindo com o vocalista Ítalo Tangino.

E juro que estava me preparando para dar um puxão de orelha na banda nesse texto pelo fato deles estarem tocando frequentemente, e abrindo shows importantes, e ainda não terem um material próprio oficialmente lançado. Mas, foi informado no show que a Avaken finalmente lançará seu primeiro EP no final de abril, e o mesmo se chamará “Through This Hell”.

E não posso deixa de destacar também a performance do próprio Ítalo, tendo feito seu melhor show com a banda comparado com todas as apresentações que já vi do grupo, principalmente por conta do cover de “Painkiller” do Judas Priest.

SETLIST:
01. Herald
02. Sin
03. Holy Diver (Dio cover)
04. Enter Sandman (Metallica cover)
05. Gates of Gold
06. Symphony Of Destruction (Megadeth cover)
07. Hail and Kill (Manowar cover)
08. The Evil That Men Do (Iron Maiden cover)
09. Unchained
10. Painkiller (Judas Priest cover)
11. Through This Hell

Encerrada a apresentação da Avaken, o palco começa a ser preparado para a apresentação da banda de Hard Rock Diablo Motor, onde faria mais um show da turnê do “Inflama”, seu trabalho mais recente lançado no ano passado.

Há exatos 01 mês eu cheguei a resenhar um show deles quando eles abriram para o Jimmy & Rats no Burburinho Bar, e no texto em questão eu falei que eles fizeram um show musicalmente muito bom, mas que faltou presença de palco.

Bom, um mês se passou e ainda mantenho minha opinião em relação a isso, os caras são tecnicamente muito bons (tanto que um dos guitarristas é Lucas Reis, um dos caras que mais conhece de guitarra no Recife), as músicas deles são muito instigantes (apesar da plateia não ter interagido tanto), mas eles ainda precisam melhorar um pouco a presença de palco.

E um outro fator que atrapalhou o show deles foi um problema técnico na primeira música, onde o som da guitarra do vocalista Filipe Cabral simplesmente não saia, sendo resolvido após uma troca de amplificador. Mas após isso, o som da banda soou limpo.

SETLIST:
01. Ultimato
02. Réquiem
03. A Mesma História
04. V
05. Vietnã
06. Não Quero Te Entender
07. Sem Moderação
08. Mais Que Três

Até que finalmente era chegada a hora mais aguardada da noite, a Dune Hill, anfitriões da festa, estava prestes a subir ao palco para apresentar as músicas do seu novo disco “Song of Seikilos”, álbum esse que todos os presentes puderam ter acesso após receberam um panfleto com um QR Code para acessar a audição do mesmo.

Essa foi a hora em que o Estelita teve seu pico de pessoas presentes (que ainda assim era pouco), a grande maioria formada por amigos e familiares dos integrantes da banda. Além das novidades do novo trabalho, o show também prometia diversas participações especiais.

Por volta das 20:30 h finalmente a Dune Hill era anunciada no palco, e o show se iniciava ao som da faixa “Dune Hill”, com o vocalista Léo Trevas e o baterista Otto Notaro se apresentando com uma maquiagem pesada, lembrando um pouco clássicos grupos dos anos 80.

O show transcorreu em clima de alto-astral entre os presentes, constantemente eles faziam pequenos mosh pits, carregavam alguém pelos braços, ficavam dando cerveja na boca dos integrantes da banda e colocavam dinheiro no braço do baixo de Pedro Maia.

Além das músicas do “Song Of Seikilos”, também foram executadas faixas do “White Sands”, primeiro disco da banda, e do EP “Road To Addiction”.

Após começar a apresentação com duas músicas do novo disco (Dune Hill e Set You Free), o grupo executou “Seize The Day”, presente no “White Sands”, que é a música que dar nome ao festival.

A primeira participação especial veio em “Lamb of Gold”, com o vocalista Thiago Ramos, das bandas Triade e Papercut. A segunda foi por parte da vocalista Deborah Alencar, esposa do guitarrista André Lego, que cantou junto com Léo Trevas a faixa “Song Of Seikilos”, um antigo poema grego, segundo Trevas.

Pouco depois, o show recebeu uma sonoridade mais “Blues” na faixa “Absalom’s Blues”, com a participação do guitarrista Felipe Wolfenson, também da banda Tríade.

E falando em participações especiais, a Dune Hill divulgou na véspera do show sobre um grande nome que contribuiu para o novo disco, sendo esse o Andre Matos, que fez participação na faixa “The Mirror”. Certamente, não foi possível para a banda trazê-lo para o show, então o guitarrista André Lego se encarregou de cantar as partes do ex-vocalista do Angra.

Andre Matos não compareceu, sendo assim, o principal convidado da noite foi o guitarrista recifense Antônio Araújo, do Korzus e One Arm Away, que foi quem produziu o novo trabalho da Dune Hill. Antônio já chegou no palco chamando o público para mais perto e falando que produzir o disco de uma banda como a Dune Hill, era como lapidar um diamante bruto. Além de ter ressaltado o primeiro show de Rock da sua filha de 2 anos, que acabou sendo o xodó da noite.

Com a banda, Araújo participou da faixa “Last Night”, presente no novo disco, e do cover de “Wasted Year” do Iron Maiden, onde ele constantemente chamou o público para participar mais do show.

Próximo ao fim da festa, a banda finalizou com as faixas “Perfect Fire”, “Addiction”, o cover de “Heaven And Hell” do Black Sabbath (que contou com a participação da vocalista Duda Gomes, namorada de Léo Trevas), e “Bing Bang”, fechando a noite com chave de ouro.

SETLIST:
01. Dune Hill
02. Set You Free
03. Seize The Day
04. Eldorado
05. God Delivering
06. Lamb Of Gold (feat Thiago Ramos)
07. Hypnos/Thanatos
08. Ending Dawn/Song Of Seikilos (feat Deborah Alencar)
09. Absalom’s Blues (feat Felipe Wolfenson)
10. South
11. The Mirror
12. Queen’s Road
13. Last Night (feat Antônio Araújo)
14. Wasted Years (feat Antônio Araújo) [Iron Maiden cover]
15. Perfect Fire
16. Addiction
17. Heaven and Hell (feat Duda Gomes) [Black Sabbath cover]
18. Big Bang

Chegando finalmente as considerações finais do evento, sobre a organização em si a única ressalva que tenho é aquela já citada anteriormente sobre o jogo de luz na cara do público, mas fora isso, tudo ocorreu direitinho.

As três bandas se saíram bem em suas apresentações, principalmente a Dune Hill que acabou fazendo um show mais dinâmico, não só por parte deles, mas também por parte da plateia.

Até esse exato momento em que escrevo esse texto, ainda não ouvi o disco novo deles, mas pelo que vi/ouvi no show, tenho boas expectativas. O mesmo parece superar o “White Sands”, e parece ser bem mais pesado também.

Mas claro, não deixo também de achar triste o baixo público da noite, mesmo já esperando isso. E é mais triste ainda pensar que no dia anterior um mega-evento de shows TRIBUTOS em uma tradicional casa do centro da cidade esgotou ingressos, enquanto um evento promovido por bandas autorais locais pena para conseguir juntar pelo menos 100 pessoas. A triste realidade da cena local.

No mais, ficamos no aguardo por uma terceira edição do “Seize The Day Fest”, porque são iniciativas do tipo que fazem a cena sobreviver.

Encontre sua banda favorita