Quando anunciado, o Freedom Metal Fest parecia de início ser apenas mais um festival independente de bandas locais do Recife, assim como muitos que vem e passam todos os anos. Mas, nesse caso, o evento representava muito mais do que isso, e vocês entenderão o por que.

No último dia 19 de janeiro (sábado), o evento conseguiu levar mais de 250 pessoas para o piso superior do Burburinho Bar, localizado no Recife Antigo, número que dificilmente é alcançado em um evento underground de bandas locais na cidade.

As atrações da noite se apresentaram na seguinte ordem: Final Age, Phrygia, Avaken e Angel’s Fire.

De início, o evento estava marcado para se iniciar às oito da noite, mas, como sempre, houve aquele atraso maroto de sempre, que no caso, foi ocasionado pela montagem do sistema de som.

Mas antes de começar a falar dos shows em si, queria ressaltar antes o ótimo trabalho da produção do festival ao ampliarem o palco do piso superior do Burburinho. Os que conhecem o local sabem que o mesmo normalmente é bastante apertado, por isso, foi colocado alguns caixotes para que as bandas tivessem mais espaço para se movimentar e interagir com o publico. E acreditem se quiser, não parecia que esse detalhe havia sido adicionado, quem visse aquele palco pela primeira vez naquela noite acharia que o mesmo sempre foi dessa forma.

Às nove e meia da noite, a Final Age subiu ao palco soltando os primeiros acordes da noite, ao som da sua faixa autoral “It’s The Final Age”, mostrando todo o seu Power Metal de qualidade.

Nesse momento, o público já estava no Burburinho em peso acompanhando e interagindo com a banda.

Por ser uma banda muito nova, a Final Age ainda não tem um repertório autoral muito extenso (seu único EP possui apenas três músicas), então por isso, a maior parte do seu setlist foi composto por covers.

Entre as autorais, foi apresentado uma música nova intitulada “Follow Out Of The Cage”, que deve estar presente no próximo trabalho da banda. Enquanto aos covers, foram executadas músicas do Stratovarius, Shaman, Helloween, Avantasia, e algumas outras.

Também houveram participações especiais nas duas últimas músicas (‘Reach Out for The Light’ do Avantasia, e ‘March Of Time’ do Helloween), que se trataram do vocalista Henrique Freire, da banda Sticky Riot, e do guitarrista Stenio Limma, ex-Kaotk.

Os momentos mais interessantes do show foram, primeiramente, quando o baterista Renato Alexandre fez seu solo remetendo e saudando grandes ícones da cultura pernambucana, e quando os guitarristas Stenio Limma, Ariel Nascimento e Marcos Bandeira começaram a fazer uma disputa de solos entre eles, com direito a pedido de votação do púbico por parte do vocalista Rodrigo Oliveira.

Após mais ou menos quarenta minutos de show, com direito a bis e tudo, a Final Age encerrou mais uma apresentação no mais alto nível possível, como já é típico deles.

SETLIST:

01 My Eyes (intro)

02 It’s The Final Age

03 Believer (Myrath cover)

04 Follow Out Of The Cage

05 Intense Dream

06 Here I Am (Shaman cover)

07 Father Time (Stratovarius cover)

08 Reach Out For The Light (Avantasia cover)

09 March of Time (Helloween cover)

Após uns 15 minutos para que o palco fosse preparado para a próxima banda do cast, por volta de dez e quarenta e cinco da noite, era a vez do Phrygia botar a casa abaixo com os seus agudos.

Recentemente, o Phrygia liberou seu mais novo EP homônimo para audições, e certamente, as músicas desse novo trabalho foram apresentadas, sendo entre elas, as duas que abriram a apresentação (Overture e Waltz of Death).

Assim como a Final Age, a Phrygia também não tem um repertório autoral muito extenso, tendo assim colocado diversos covers em seu setlist, como Symphony X, Hangar e Dr. Sin.

A interação do público com a banda continuou bem sintonizada, o andar de cima do Burburinho ainda se apresentava bastante cheio no momento.

Uma das presenças mais icônica no palco, por incrível que pareça, não era a de nenhum dos integrantes, e sim a do fantoche Benedito (pertencente ao baterista Madjer Santos), que em um momento foi jogado em meio a plateia.

Segundo eles, no momento em que tocaram “Out Of The Ashes” do Symphony X, a música foi ensaiada apenas uma vez. Mas como a mesma foi executada muito bem, não acredito nisso que eles disseram (rs).

O show também contou com a participação especial da vocalista Duda Gomes, que cantou com a banda um medley das músicas “As I Am” do Dream Theather, e “Enter Sandman” do Metallica.

E claro, o principal destaque da banda são os longos agudos que o vocalista Erick Jones consegue chegar.

E ao som da faixa autoral “Battlefield Pt 1”, após mais ou menos 40 minutos de show, a Phrygia encerra a sua participação no Freedom Metal Fest.

SETLIST:

01 Overture

02 Waltz Of Death

03 Blind

04 One More Chance (Hangar cover)

05 Out Of The Ashes (Symphony X cover)

06 Voice Of Darkness

07 As I Am (Dream Theather cover) + Enter Sandman (Metallica cover)

08 Time After Time (Dr. Sin cover)

09 Battlefield Pt 1

Assim como foi no primeiro intervalo entre bandas, não demorou muito para a Avaken deixar o palco pronto para sua apresentação de peso.

Essa foi mais uma apresentação onde a banda intercalou suas poucas músicas autorais com alguns covers, pois no caso específico da Avaken, eles ainda não tem nenhum material oficialmente lançado, apenas algumas músicas prontas que irão para o estúdio em breve.

Mas o mais interessante do grupo é o fato de você não conseguir rotular seu som, pois tem características de várias vertentes, do Power, do Death, do Thrash, do Heavy, e até mesmo do Metalcore.

Nesse momento, uma parte do público presente nas duas primeiras apresentações tinha deixado o local, e o andar de cima do Burburinho ficou mais vazio, mas ainda tendo um número considerável de pessoas, apesar dos mesmos não terem interagido tanto (com poucas exceções).

Os principais destaques do show ficaram por conta da presença de palco do guitarrista Ben Canto (e suas dancinhas), e o vocal monstro de Ítalo Targino, apesar dele parecer ter ficado perdido em algumas letras.

Houve também momentos em que se ouvia muito mais o baixo do Anderson Torres do que as guitarras de Kel Jacob e Ben, mas não foi nada que atrapalhasse muito o andamento do show.

No mais, a Avaken realizou mais uma apresentação em alto nível no Burburinho Bar.

SETLIST:

01 The Herald

02 The Sin

03 Holy Diver (Dio cover)

04 Enter Sandman (Metallica cover)

05 For Whom The Bell Tolls (Metallica cover)

06 Gates Of Gold

07 Symphony Of Destruction (Megadeth cover)

08 Hail And Kill (Manowar cover)

09 Aces High (Iron Maiden cover)

10 Through This Hell

Já eram quinze para uma da manhã quando a Angel’s Fire, última banda da noite, subiu ao palco do Burburinho para um público ainda mais reduzido (provavelmente por cansaço, e pelo horário tardio, muitos já tinham ido embora).

Das quatro bandas que tocaram no evento, a Angel’s Fire era a única que possuía um álbum completo em seu repertório (sendo esse o intitulado “O Conto”), então por isso, com a exceção do cover de Nightwish (Wish I Had An Angel), todas as músicas do set foram autorais, sendo a penúltima (Enigma Time) uma nova do grupo que deve estar presente no próximo álbum deles.

Das quatro atrações, a Angel’s Fire era a única que eu não tinha um conhecimento prévio, o único “contato” que tinha tido com a banda, foi quando a vocalista Priscila Lira fez uma participação especial no show da Final Age quando os mesmo tocaram no festival Rock Will Never Die de 2018.

O som da banda segue a linha do Symphonic Metal bem semelhante ao do Nightwish na época da Tarja Turunen, inclusive, a voz da Priscila lembra um pouco a da cantora finlandesa.

Assim como na maioria das bandas da vertente, as linhas de teclado se destacam bastante, mais do que a guitarra. E outro destaque também são os backing vocals do baixista Saymo Robert, que vai do limpo até o gutural.

Por pouco, o show não se encerrou precocemente por conta de uma corda que acabou quebrando da guitarra de Israel Lira, mas, uma outra “caiu do céu” (provavelmente emprestada de outra banda) para que a Angel’s Fire conseguisse tocar a faixa “Tonight” para encerrar a noite com chave de ouro.

SETLIST:

01 O Conto

02 Anjo da Luz

03 Novo Reino

04 Meu Desejo

05 Wish I Had An Angel (Nightwish cover)

06 Além do Horizonte

07 Enigma Time

08 Tonight

Agora vamos para as considerações finais.

Apesar do atraso de uma hora e meia, o saldo do Freedom Metal Fest foi bastante positivo, tanto em organização quanto em estrutura, e o público presente fez com que isso se confirmasse ainda mais.

O maior ponto negativo da noite ficou por conta do bar do andar de cima, onde chegou a faltar bebida em um momento. O mesmo foi reabastecido logo depois, mas é um tipo de coisa que não é legal acontecer, isso sem falar do fato de que se alguém quisesse uma simples água, tinha que comprar no andar de baixo, pois em cima não havia sido disponibilizada (já fui em vários eventos ali e essa foi a primeira vez que vi isso acontecer).

E lembram do que falei no início do texto de que o Freedom Metal Fest não é apenas um festival independente de bandas locais? Explicarei o porquê disso agora.

Segundo os organizadores do evento (membros das próprias bandas que tocaram), o festival foi idealizado em resposta a segregação que ocorreu dentro da cena recifense por conta das eleições, tanto que em quase todas as apresentações, as bandas discursaram em favor da união do underground sem interferência de opções políticas.

E a presença da banda Angel’s Fire no cast é uma prova concreta desse pedido de união também, porque a mesma se trata de uma banda com temática cristã. E como muitos sabem, grupos que possuem esse tipo de temática costumam sofrer boicote por conta disso.

Com isso, o recado da noite foi que nenhuma banda seja excluída da cena por questões ideológicas, e que o metal é de todos, e para todos.

Que venham mais edições do Freedom Metal Fest no futuro.

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