O fim de semana dos dias 17 e 18 de novembro foi agitado para os headbangers recifenses. Enquanto no sábado, os metaleiros tiveram as opções de ver o Air Raid no Burburinho Bar, e a reunião do Shaman no Clube Internacional, no domingo, foi a vez dos fãs do metal extremo baterem cabeça ao som do Nervochaos (SP) e o Nervecell (EAU), que passaram pela capital pernambucana com sua turnê conjunta.
O evento ocorreu no Estelita Bar, localizado no bairro do Cabanga, e contou com a abertura das bandas pernambucanas Final Creation e Confounded, ambas de Death Metal.
Por se tratar de um evento no domingo, o início das apresentações estava marcado para começar bem cedo. No caso, os portões estavam marcados para se abrir às 16h, e a primeira banda subiria ao palco às 17h.
Ao chegar no Estelita por volta de 16:20, via-se uma movimentação muito abaixo do esperado no local, isso já com os portões da casa abertos. Infelizmente, aquele seria o reflexo da noite.
Mesmo quando o relógio deu 17h cenário parecia que não ia mudar, apenas alguns gatos pingados se encontravam no Estelita naquele momento, e talvez por isso, na esperança de mais pessoas aparecerem, o evento ainda demorou alguns minutos para se iniciar.
Após mais ou menos 15 minutos de espera, com o sol ainda iluminando o céu recifense, a banda Final Creation subiu ao palco do Estelita para abrir os trabalhos diante de um público ainda pífio.
A banda originária de Jaboatão dos Guararapes mostrou todo o peso de seu Death Metal da forma mais brutal possível, tendo o visual sombrio do vocalista Alex Grind ajudado a dar um clima a mais a apresentação.
O som do grupo apresentou toda a sonoridade rápida e brutal exigida de uma boa banda de Death Metal, fazendo um show dinâmico com pouca conversa fiada, faltando apenas um bom mosh pit, que não ocorreu por conta do baixo número de pessoas no local.
Após mais ou menos quarenta minutos de apresentação, a Final Creation encerra sua apresentação diante do público pequeno e tímido presente no Estelita no momento.
SETLIST:
01 Bitch
02 Night of Ritual
03 Carnal Desire
04 In The Valley of Death
05 Caronte
06 Religion
07 Destroying Divinity (Monstrosity cover)
08 Last Breath
Já sob a luz do luar, não demorou muito para a segunda apresentação da noite começar. Ainda diante de um público muito pequeno, por volta das 18h, a banda recifense Confounded iniciou seu show com seu Death Metal de respeito.
A banda também fez uma apresentação de mais ou menos 40 minutos, apresentando principalmente as músicas presentes em seu novo disco lançado esse ano, intitulado de “Regnum Animale”.
A Confounded, assim como a Final Creation, apresenta um som rápido, intenso, técnico e brutal, tendo também algumas características do Grindcore em suas músicas.
Uma coisa que se destacou bastante nessa apresentação foi a insana presença de palco do vocalista Léo Montana (e também uns sons de porco que ele fazia durante os intervalos). No geral, no palco, a banda fazia de todo o possível para deixar o show em um nível alto de insanidade.
Mas, uma pena que isso não contagiou o público, que preferiu ficar no máximo só batendo cabeça em seu lugar.
A apresentação transcorreu também em um clima de irmandade entre a banda e o público presente. Léo saudou vários amigos e parceiros que estavam na plateia, além de alguns familiares que tem os acompanhado na estrada.
O vocalista também saudou o Nervochaos e o Nervecell (falando em inglês com a segunda, inclusive), lembrando que o Confounded também abriu a apresentação deles no show feito em Surubim, interior de Pernambuco, dois dias antes.
No mais, o Confounded proporcionou um show cheio de energia, mas que ficou apenas no palco.
SETLIST:
01 Pussyfer
02 Possession
03 Wanted
04 Headshot Holyday
05 Babercult
06 Caffeine Thrills
07 Sinners
08 Scars of the Body
Com o fim da apresentação do Confounded, o palco do Estelita começou a ser preparado para uma das principais atrações da noite, a banda paulista Nervochaos.
Enquanto toda a parafernália no palco ainda estava sendo montada, percebeu-se que o local se encheu um “pouquinho” mais com a expectativa do início do show do Nervochaos, mas infelizmente, o mesmo ainda estava em número muito pequeno, e se o público ainda estava baixo mesmo perto de um dos headliners do evento, é porque nada mais mudaria essa realidade.
De qualquer forma, podemos dizer que o show do Nervochaos foi o ponto mais alto da noite, pois foi onde houve mais interação por parte do público, tendo inclusive alguns pequenos indícios de mosh pit.
No palco, o Nervochaos mostrou toda técnica e responsabilidade típica de uma banda do porte, e com o tempo de estrada deles. Com a brutalidade em mais alto nível a cada riff tocado.
SETLIST:
01 Dark Chaotic Destruction
02 Moloch Rise
03 Ad Maiorem Satanae Gloriam
04 Shadows of Destruction
05 For Passion Not Fashion
06 All-out War
07 To The Death
08 From Bellow Not Above
09 Vampiric Cannibal Goddess
10 Total Satan
11 Pazuzu Is Here
12 Pure Hemp
O relógio ainda não marcava nem 20h quando o show do Nervochaos se encerrou, e o palco começou a ser preparado para a atração gringa da noite, o Nervecell.
Enquanto a apresentação em questão não começava, reparei que provavelmente, o cara da mesa de som tinha uma grande fixação pelo álbum “The World Is Yours” do Motörhead, pois basicamente eram as únicas músicas que tocavam durante os intervalos dos shows.
Por volta das 20h, o Nervecell subia ao palco do Estelita para fechar a noite com chave de ouro.
O Nervecell é uma banda a qual não conhecia anteriormente, e achei interessante o fato deles serem de Dubai, no Emirados Árabes, pois é bem raro ter conhecimento de bandas de metal por ali, quase todas que conheço do continente asiático são do Japão.
A banda está em turnê com o Nervochaos divulgando seu mais recente álbum, o “Past, Present… Torture”, lançado esse ano.
O grupo não apresenta um som que seja alguma novidade, mas eles demonstram muito bem sua proposta com todo o peso possível em suas músicas, além de ótimos guturais.
O público, que tinha se animado um pouquinho mais no show do Nervochaos, voltou a ficar tímido. Tanto que constantemente ao longo do show, o vocalista/baixista James Khazaal tentado instigar a plateia os chamando para mais próximo do palco. Mas no fim, eles preferiram em sua maioria ficar batendo cabeça em seu lugar.
Mas, isso não tirou a garra da banda, demonstrando uma ótima técnica e presença de palco.
Após mais ou menos uma hora de apresentação, o Nervecell encerrava sua apresentação, encerrando também o evento que infelizmente ficou mais marcado pelo público baixo e tímido, do que pela energia no show das bandas participantes.
SETLIST:
01 Flesh & Memories
02 All Eyes On Them
03 Human Chaos
04 Vicious Circle of Bloodshed
05 Shunq
06 Nations Plague
07 D.N.A
08 Existence Ceased
09 Demean
No quesito organização, tudo transcorreu bem, e nenhum problema maior aconteceu com nenhuma das atrações, podemos dizer mesmo que o principal ponto negativo do evento foi o baixo público.
E tenham certeza, o preço do ingresso não foi desculpa dessa vez, pois o mesmo estava em um valor bastante acessível (20 reais a meia-entrada) para um evento com quatro atrações, sendo uma delas uma gringa.
E também não acho que o fato de ter sido no mesmo fim de semana dos shows do Shaman e do Air Raid tenha pesado, porque o público alvo do primeiro em questão é bastante diferente, e o segundo foi divulgado muito em cima da hora.
A baixa divulgação com certeza pesou, mas não que isso seja uma coisa anormal aqui em Recife, o dia que um show de metal aqui na cidade for bem divulgado será novidade. Mas é bom ressaltar a demora para divulgar as informações do show (preços, horários, bandas de abertura) após a confirmação da data, pois isso com certeza não ajudou.
Mas, infelizmente, o fato que pesou mesmo foi a falta de interesse do público da cena pernambucana de comparecer aos eventos, pois esse foi apenas mais um show de metal esse ano na cidade que deu baixo público.
Por isso, termino meu texto com o seguinte recado. Enquanto os headbangers recifense ficarem se preocupando em só ficar reclamando nas redes sociais em vez de comparecer aos eventos (dos mais undergrounds ao mais mainstream), infelizmente, chegaremos no ponto em que a cidade receberá cada vez menos shows do estilo, porque nessa brincadeira tem muito produtor levando um prejuízo tremendo e se desanimando por conta disso.
E sem falar que se as bandas não perceberem engajamento do público na cena local, tenham certeza, eles não terão o menor interesse de vir para cá.