Resenha: Coletânea Roadie Metal – Volume 9 (2017)

Foi lançado no ano passado, o volume de número 09 da Coletânea Roadie Metal, idealizada pelo batalhador “multimídia” do Metal nacional Gleison Júnior. Não é preciso muita apresentação a essa empreitada, que há anos vem conquistando o cenário nacional – e quiçá internacional – exibindo orgulhosamente o trabalho de inúmeras bandas do som pesado que tanto apreciamos. E vou falar mais: tem pra todos os gostos… Do Rock ao Metal Extremo, sem frescuras ou ladainhas! Como de praxe, são dois CDs em um digipak simples (porém eficiente) com encarte e uma arte de capa bem bacana. Ah, dessa vez recheado com 34 músicas, de 34 diferentes bandas. Ainda não conhece? Sinta-se a vontade para fazer-lo então:

Como em alguma sessão solene, de alguma ordem de mistérios ocultos, o nono volume da coletânea é aberto de maneira épica com “Serpentarius”, do Ruins of Elysium em um Symphonic Metal majestoso, regado com bumbos duplos e coros. Mudando drasticamente de ambiente, os catarinenses do Older Jack não decepcionam com seu Metal cantado em alemão, com a faixa “Wahnsinn”, do seu debute ‘Metal Über Alles’ (2015). Quebrando tudo, temos o Pato Junkie – meus conterrâneos de (estado) Minas Gerais! – com uma proposta mais atual em seu som e riffs que fisgam imediatamente o ouvinte. Na sequência, os paulistas do Stoneria, que com uma intro de viola caipira, chegam com seu Rock Pesado cantado em português mesmo.

Dando continuidade ao CD 01, temos o Demon Inside, contando com os vocais de Raquel Arenda, e elementos Heavy, Speed e Thrash. Ainda falando de vocal feminino, só que com influências mais voltadas ao Rock/Metal Alternativo, o Lasting Maze agrada até quem não é lá muito chegado nessa linha de som, pois o faz com qualidade! Também com um som mais atual, temos o Cálida. O Gothic – com direito a vocais masculinos e femininos – é executado pelo The Phantoms of the Midnight, na faixa “Midnight”. Confesso que eu já estava sentindo falta de um Hard Rock, e eis que surge o Lo Han, lá da Bahia, com a balada “Waiting For You”. Se você já estava com o emocional meio abalado, e ficou ainda mais com a faixa anterior, então dê aquele pulo do sofá e caia na pancadaria com o Speed/Heavy do Pátria Refúgio e sua composição “Guerras Atuais”… Simples assim! Agora, se quiser ficar meio chapadão em um buteco enevoado com fumaça de cigarro, não se esqueça de “Maggots (In My Brain)”, dos sergipanos do Stonex!

https://www.youtube.com/watch?v=Hh1vBIZqIQo

Aos poucos vamos chegando a esse “primeiro” fim com mais algumas composições em português, como o Ozome, de Betim/MG, o Marco Zero com a faixa “Efeito Moral”, In the Sent, Attivita Power Trio e o Lexuza, com “Natural”. Os baianos do Indominus também estão no encerramento, mas compondo em inglês o seu Heavy Metal com pegada anos 80!

O tempo para respirar é pouco e logo embarcamos no CD 02, que começa furioso com o trio Heavenless e seu Death Metal em “Hatred” e o Core Divider, que investe na combinação de Thrash, Death e Groove. A participação (inteiramente) internacional fica por conta do Coast to Coast, quem é do Japão e executa um Metalcore melodioso, mas sem perder a pegada e o peso. Voltando às nossas terras tupiniquins, o Concept of Hate chuta a porta do barraco com “Black Stripe Poison” – presente no EP de mesmo nome. Os gaúchos do Vultures surgem com “A Stranged Land” – que só careceu de uma produção melhor para valorizar mais seu interessante som -, que logo cede espaço ao trabalhado instrumental “We Are Not Mere Aliens…” do Unknown Code of Existence.

Os belo-horizontinos do R.I.V. também nos brindam com uma sonoridade mais diferenciada, no entanto, que careceu de uma produção menos abafada. Outro instrumental de tirar o fôlego vem na sequencia, providenciado por Patrick Pedroso. Mudando drasticamente de ares, o Elizabethan Walpurga alia com propriedade Black e Heavy Metal. A chama da obscuridade não se apaga, com um pequeno trecho da emblemática composição “Masked Ball”, de Jocelyn Pook, que é utilizado como intro pelo Inferms em “Sadistic Desire” e com o sombrio (sem pleonasmo, ok?) Viletale.

https://youtu.be/vaUCSzVmBuw

Novamente o fim não tarda em exibir sua cara, tramando o seguinte esquema: a banda catarinense Sagrav e seu Metal com uma possível influência de Venom, sendo acompanhada pelo Tormentors em uma musicalidade quase que na mesma vibe oitentista. Mas infelizmente, mais uma vez a qualidade de gravação tira alguns pontos – assim como também em “Resurrected”, de Bruno F. Vascontin. O idioma português se faz presente com urgência nas faixas “Maldito” (Visceral), na curta e empolgante “Sem o Próprio Chão” (Lascados) e na derradeira martelada “Morte de Verão”, do Rinits Horror Show.

Creio que não preciso esboçar mais nenhuma linha, para que o leitor compreenda a qualidade, n’um todo, deste trabalho, não é mesmo? Ah, apenas como ressalva, fica o registrado de que algumas páginas do encarte sofreram com um defeito de impressão, que “embaçou” letras e imagens (fundamentais para se conhecer brevemente as bandas) e até mesmo a parte central, dos agradecimentos. No mais, vida que segue!

Encontre sua banda favorita