Para quem se permite conhecer novos nomes, o Heavy Metal sempre nos proporciona agradáveis surpresas, sendo esse o caso da ótima banda Cageyseetkaah, projeto do músico russo Harry Shestakov e que lançou no início desse mês de agosto, o seu segundo álbum de estúdio, intitulado “Sense”. A proposta aqui é instigante, não se prender a convenções de estilos, apostando no Avant-garde Metal para entregar uma sonoridade ampla e de muita qualidade.

De cara, temos a ótima “The Bird of Happiness”, que após uma introdução mais atmosférica, surge imponente e pesada, equilibrando elementos do Death Metal com uma atmosfera mais épica e uma dinâmica vocal muito boa, que alterna vocais limpos e agressivos. Se a ideia era causar impacto no ouvinte, conseguiram. Na sequência, “Twist Satanica” surge com um groove empolgante e guitarras pesadas, além de um ótimo trabalho rítmico. De certa forma, me remeteu brevemente ao Diablo Swing Orchestra, mas longe de soar uma emulação. Essa lembrança se dá muito mais por um clima de “Dark Cabaret” que a canção possui em alguns momentos. Em alguns momentos tudo pode soar caótico, mas é um caos totalmente controlado e bom de se ouvir. “Oxytocin” começa bem atmosférica, para então entrar com um baixo forte e uma bateria muito bem conduzida, seguida por vocais que dão um clima bem soturno a canção, o que casa perfeitamente com o instrumental. “Queue” tem uma pegada bem experimental, enriquecida pela participação do guitarrista Boris Golik, que mescla bem seu instrumento com os elementos eletrônicos da canção. “Chukotka Baroque Irritation” carrega em si alguns elementos étnicos e conta com uma guitarra bruta, além de ótimo trabalho de baixo e bateria, enquanto “Заморозки”, que conta com participação do guitarrista LFSHDW, tem uma pegada mais atmosférica que funciona muito bem.

“It Was Him” abre a metade final do álbum com riffs pesados, baixo forte e ótima bateria, para então ir se transformando com a entrada dos vocais e do piano e, no final, unir tudo isso de uma forma bem coesa. “Defying” conta com a participação de ё nos sintetizadores, utiliza bem elementos eletrônicos, entregando boas batidas e melodias, além de vocais que trazem certa escuridão a canção. Já “Откровение”, com colaboração do vocalista GOSPOD, se destaca de cara pelo clima soturno, pelos riffs pesados e cadenciados, que dão um peso opressivo a obra e por uma parte rítmica que sabe ser avassaladora quando necessário. O álbum vai se encaminhando para o final com “Acetylcholine”, outra canção onde o jogo entre os vocais funcionam muito bem, além de um instrumental que sabe a hora de entregar peso e a de ser mais atmosférico. “Sense” aposta nas batidas e elementos eletrônicos para criar uma atmosfera imersiva, tarefa onde se sair muito bem, sendo então seguida por “The Dandelion”, canção densa e onde a banda mescla muito bem todos os elementos de sua música, indo de guitarras que flertam com o Death Metal até as batidas da Eletrônico. E o melhor é que tudo isso faz muito sentido. Fechando o álbum, “Last Seen a Long Time Ago”, épica em seus mais de 7 minutos, equilibrando bem peso, ótimos arranjos, vocais variados e melodias de qualidade. Melhor final, impossível.

A produção de Evgeny Boyko conseguiu deixar tudo muito claro, bem timbrado e bem amarrado, mas sem aquele excesso das produções atuais. Ou seja, aqui não temos algo insípido de tão limpo. Quanto ao aspecto musical, a forma como todas as influências são amarradas, de forma coesa e fazendo tudo soar muito natural, mostra o nível de talento e criatividade que aqui temos. Sem dúvida, um ótimo álbum e uma das grandes surpresas de 2023.

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