Resenha: Cacophony – Speed Metal Symphony (1986)

Não existe propaganda enganosa aqui. Ninguém precisará recorrer ao Código de Defesa do Consumidor para reclamar que pagou por algo e recebeu outra coisa em troca. O nome do disco é “Speed Metal Symphony” e é exatamente isso que você obterá de sua audição, tanto no quesito “Speed Metal”, quanto no quesito ”symphony”!

Porque essa maldita banda teve que durar tão pouco? Confesso que nunca fui muito ligado ao estilo shred, mas a pegada Metal nesse álbum é absolutamente irresistível e cativa imediatamente tanto os aficcionados pelo instrumento quanto os que querem apenas apreciar um bom trabalho de Metal. E o disco, em todo o seu decorrer, oferece Heavy Metal da melhor qualidade, sem concessões para levadas mais jazzísticas, como tantos shreds gostam de explorar. Infelizmente, nesse primeiro álbum, nomeamos o Cacophony como banda apenas por protocolo, já que não há nenhum baixista presente na gravação. Em todas as canções, você escutará dois Marty Friedmans: um na guitarra e outro no baixo, que foi gravado por ele.

Isso, porém, finda por ser um pequeno detalhe. No restante, você só encontrará acertos, como, por exemplo, na escalação do vocalista Peter Marrino, cujo timbre de voz não ficaria deslocado em algum projeto de Thrash Metal, chegando, em alguns momentos, a lembrar Chuck Billy, do Testament.

A primeira faixa, “Savage”, inicia se insinuando aos poucos, com os guitarristas fazendo as honras e então, quando entra a base de voz, e Peter Marrino aparece, com bastante agressividade, você percebe que a largada foi dada! Daí para a frente é Metal clássico da melhor qualidade, agradando tanto quem quer bater cabeça quanto quem quer se deslumbrar com um trabalho primoroso de guitarras.

A segunda canção, “Where My Fortune Lies”, é a mais rápida de todo o disco, que busca, em seu restante, investir mais no peso propriamente dito, visto as bases de “Burn the Ground” e “Desert Island”, onde os donos da casa fizeram com que as mãos aplicassem bastante força nas palhetadas.

A performance de Peter Marrino é excelente em todas suas participações, mas está evidentemente ausente em “Concerto” e na última e autointitulada faixa, onde ele realmente não teria espaço para se manifestar. Estes são os momentos em que Jason e Marty separaram para, musicalmente, dialogar à vontade, sem interrupções, deixando a técnica e o feeling fluírem e tornarem-se uma única e inseparável coisa.

Eu não poderia precisar, em cada parte do disco, onde é que cada um dos guitarristas toma à frente, mas nem necessitaria. A minha única certeza é que a banda não iria durar muito além dos dois álbuns que ficaram gravados. Marty Friedman, com 24 anos à época, já tinha algum nome, tendo participado da antológica banda Hawaii; Jason Becker, com 17 anos, estava estreando. Mesmo que Friedman não tivesse ido para o Megadeth e mesmo que Becker não tivesse desenvolvido a Esclerose Lateral Amiotrófica, o Cacophony tinha a sina de findar por ser apenas um cartão de visitas, pois músicos dessa natureza tendem a precisar de espaço para abrir suas asas e, em algum momento breve, o aparte iria inevitavelmente ocorrer. Somos, portanto, felizardos pelo fato deles terem, naquele período de suas vidas, unido forças e nos deixado esse legado, que tanto nos emociona quanto estimula o aprimoramento dos futuros novos ases desse instrumento maravilhoso denominado guitarra.

Formação:
Peter Marrino (vocal);
Marty Friedman (guitarra e baixo);
Jason Becker (guitarra);
Atma Anur (bateria.

Faixas:
01 – Savage
02 – Where My Fortune Lies
03 – The Ninja
04 – Concerto (instrumental)
05 – Burn the Ground
06 – Desert Island
07 – Speed Metal Symphony (instrumental)

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