Pouco mais de dois anos após ‘Conscious Darkness’, a banda polonesa de Black Metal Blaze of Perdition está de volta com o seu quinto álbum oficial ‘The Harrowing of Hearts’, que foi lançado no dia 14 de fevereiro último, pela Metal Blade Records.
Para quem o nome da banda ainda possa soar estranho, suas origens remontam ao ano de 2004, quando atendia apenas por Perdition. A mudança (ou acréscimo, como queiram) de nome veio em 2007, junto com o fato de que as coisas realmente começaram a acontecer, pois se sob o nome anterior lançaram apenas demos, trabalhos mais relevantes seriam disponibilizados em parcerias com selos e gravadoras. Nesses praticamente treze anos de atividades, cinco full lenght foram lançados, bem como alguns EPs, splits e até compilações.
De volta ao álbum, o mesmo conta com arte de capa feita por Izabela Grabda e totaliza sete faixas – sendo a última um cover para o Fields of the Nephilim -, divididas por quase 52 minutos de música. O leitor percebeu que não encontrará faixas muito curtas aqui, sendo que a menor é justamente “Moonchild”, o cover (diga-se de passagem, de outra banda que também não se constrange com faixas um pouco mais extensas).
“Suffering Made Bliss” é envolta em meio a uma bateria que alterna entre levadas rápidas e outras que se concentram na atmosfera quase mística que a sonoridade nos conduz, assim como melodias profundas nos sugam a reflexão, principalmente em versos poéticos como “Day after day alone we paint the scars / Layer upon layer and brush is the knife / Day after day alone we paint the scars / Layer upon layer and canvas is the heart”.
O dia em que escrevo estas linhas está nublado, então nada mais adequado para acompanhar essa melancolia do que “With Madman’s Faith”, que aposta em arranjos mais diretos e sombrios – que se me permitem a confissão, não combinam em nada com os agradáveis dias ensolarados. Mesmo para quem ainda é um estranho ao trabalho dos poloneses (eu mesmo!), não é difícil perceber a complexidade e o cuidado de suas composições (musical e lírico), que não se deixam prender aos estereótipos do Black Metal. Criando assim algo nada previsível.
Com um título bastante interessante “Transmutation of Sins” comprovou que o álbum engrenou mesmo a partir da faixa anterior, e faz o ouvinte querer chegar até o fim da obra, da mesma forma que acontece com um bom livro. O clima lúgubre não foi mantido, sendo que optaram pelas doses melodiosas das guitarras – que, como uma vaga lembrança perdida nos pensamentos, podem chegar a remeter algo presente no som que bandas como Alcest praticam. Com “Królestwo Niebieskie” (Reino dos Céus) damos de cara com o idioma polonês – que sinceramente combinou muito bem com o som – ainda que a faixa em si praticamente manteve a pegada da sua antecessora.
“What Christ Has Kept Apart” é uma das mais longas, com 8:14, que deixa claro já no título a mensagem que quer passar, de maneira sucinta (muito distante das letras de teor imaturo dos primórdios do estilo). Ainda que não se perceba muita diversidade, dizer que a mesma soa cansativa seria mentira. O encerramento da parte autoral ficou por conta de “The Great Seducer”, que passa uma sensação épica por seus quase 10 minutos, com a predominância de passagens mais cadenciadas, por mais que a bateria não deixe as coisas adormecerem. O ponto final é cravado com a já mencionada “Moonchild”, onde apesar da execução muito bem feita, não acrescentou muito ao resultado final em si.
Senti falta de mais riffs e da agressividade do estilo em determinadas partes, ainda que provavelmente a proposta da banda não seja focada nisso. As guitarras tiveram bastante destaque, porém empregando harmonias e solos melodiosos em demasia, o que em certo ponto soa cansativo e “mais do mesmo”. Não há o que reclamar dos vocais, que vez ou outra abrem espaço para sussurros e vozes limpas. A bateria já foi mencionada anteriormente e o instrumentista responsável soube bem o que fazer e como fazer. Em uma sonoridade cheia de camadas, um baixo sem os ajustes certos, não soa com o devido destaque, o que é uma pena.
No mais, um material que se equilibra entre o bom e o razoável, porém, que merece sim uma boa conferida, pois a experiência é válida!
Tracklist:
01. Suffering Made Bliss
02. With Madman’s Faith
03. Transmutation of Sins
04. Królestwo Niebieskie
05. What Christ Has Kept Apart
06. The Great Seducer
07. Moonchild (Fields of the Nephilim cover)
Formação:
Sonneillon (vocal)
XCIII (guitarra)
M.R. (guitarra)
DQ (bateria).
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7/10