Resenha: Black Pantera – Agressão (2018)

Fazer resenha tem dessas coisas. O disco em questão praticamente lhe dita o que você tem que escrever e, pelo menos no meu caso, o que eu sei que tenho que escrever é a sensação que está sendo passada. O que é que aquela música está me dizendo.

Aos primeiros momentos do álbum “Agressão”, do Black Pantera, algumas palavras já se formavam na minha mente. Ou melhor dizendo, alguns palavrões! Puras expressões de reação ao que eu escutava, mas os pudores de escriba me deixavam em dúvida se essa seria a melhor maneira de fazer um texto. As músicas iam passando, a ideia ia se fortalecendo, bem como a dúvida, até o momento em que a própria banda resolveu a questão por mim. Quarta faixa, título “Taca o Foda-se”! E foi o suficiente. Não haviam mais justificativas para me conter!

Que disco FODA! Que disco do caralho!!!!!! O trio mineiro continua juntando Hardcore, Punk e Thrash Crossover sem seguir qualquer tipo de fórmula. A musicalidade é livre, natural e espontânea da mesma forma que são as letras. Um discurso sincero e direto, sem metáforas para truncar a mensagem.

“Prefácio” se adapta bem ao papel que seu título sugere, grooveada e acelerando nos refrões, até que o ritmo dispare de vez em “Alvo na Mira”. A banda é plena merecedora de todo o reconhecimento que estão obtendo no Brasil e no exterior, e a sequência com “Extra” e a já mencionada “Taca o Foda-se” faz com que você queira imediatamente se transportar para o meio de um show. A produção está absolutamente perfeita, valorizando o timbre de todos os instrumentos, bem como o próprio formato de trio, com baixo, guitarra e bateria em equilíbrio de participação para o resultado de cada música, soando íntegros no conjunto, sem destaques que desequilibrem a divisão de funções.

“Poder Para o Povo” traz um ritmo mais quebrado nas estrofes, mas em “O Sexto Dia” o vocal diminui um pouco o gutural tornando a letra mais facilmente assimilável na primeira audição. Necessário, já que a mensagem contida na mesma é a realidade vivenciada no dia-a-dia da maior parte de nossa população. “Onde os Fracos Não Tem Vez” é cantada em uma métrica mais voltada para o Rap e “Seasons”, a seguinte, traz algumas passagens em mid-tempo, daquelas que movem o pescoço no automático, aquecendo-o para a velocidade em “Baculejo”, que termina arrastadona na melhor tradição do Groove Metal.

“O Último Homem em Pé” é marcada pelo riff preciso e seria aquela música que termina o disco de uma forma tão eficaz que você já fica na expectativa do futuro, mas eles ainda guardaram um encerramento especial com a instrumental “Granada”. O título desta última também poderia ter sido uma alternativa para nomear o álbum, pois é o efeito que ele lhe dará. Algo que será arremessado e explodirá, disparando estilhaços afiados que acertam nos alvos corretos: na hipocrisia, na falsidade, no triste espetáculo midiático de pouco pão e muito circo que testemunhamos diuturnamente.

Caso você ainda não tenha escutado essa banda não perca mais tempo, mas saiba que, ao final da experiência, você fatalmente se converterá em fã! Não perca mais um segundo sequer. Siga o Black Pantera e, para o restante, taca o foda-se!!!

 

Formação

Charles Gama – guitarra/vocal

Chaene da Gama – baixo

Rodrigo Augusto – bacteria

Músicas

01-Prefácio

02-Alvo na mira

03-Extra!

04-Taca o foda-se

05-Poder para o povo

06-O sexto dia

07-Onde os fracos não tem vez

08-Seasons

09-Baculejo

10-O ultimo homem em pé

11-Granada

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