Resenha: Attività Power Trio – Confusão (2018)

Power Trios sempre foram dotados de uma mística especial dentro do universo do Rock’n’Roll. A aglomeração de músicos mais enxuta que se pode conceber com a interação máxima entre as partes. No Brasil, é um formato que foi pouco explorado, mas que, nas ocasiões que surgiu, gerou bons resultados.

O Attività Power Trio vem confirmar essa premissa. A banda natural da cidade de Varre-Sai, no Rio de Janeiro, chega ao seu segundo álbum apresentando uma mistura de influências que ganham homogeneidade quando traduzidas pelos integrantes. A “confusão” do título do disco pode ser a proposta – e ela pode até ser aparente – mas, no final da audição, podemos concluir que tudo faz sentido, cada coisa está em seu devido lugar.

Logo de início, a faixa-título mostra um padrão com bastante peso, que chega a lembrar os ritmos do Anthrax, mas trata-se de apenas um dos ingredientes utilizados pelo conjunto, pois o Attività Power Trio não é um grupo de Heavy Metal. O guitarrista e vocalista Fábio Pimentel, que compôs quase tudo no disco, demonstra uma versatilidade em captar elementos setentistas, oitentistas e noventistas, do contexto musical de dentro e de fora de nosso país, conseguindo transmitir para a parte lírica o mesmo capricho que tem na criação das melodias. Uma canção como “O Tempo”, por exemplo, possui uma letra que beira à perfeição, digna das referências de Rush que podem ser identificadas ao longo de sua duração.

“Estranho” é enriquecida pelos vocais adicionais da convidada Maria Goretti, mas é na instrumental “Serra da Ventania” que podemos desfrutar melhor da habilidade do baixista Rimão Couto e do baterista Douglas Dutra, essenciais na fórmula do conjunto e que se integram irmanamente para estabelecer o balanço solar de momentos como “Cerveja”, uma ode contagiante ao precioso líquido.

“Não Estão Nem Aí” é a única parceria criativa do disco, em que Guilherme Vargas divide a composição e os vocais com Pimentel. A outra faixa que não provém de sua autoria é a releitura da clássica “Berimbau”, do conterrâneo ilustre de Varre-Sai, o violonista Baden Powell, em parceria com o poeta Vinicius de Moraes. A música se acomoda confortavelmente dentro do repertório do álbum, fazendo o fechamento após a neurótica “Cercado Por Loucos”.

O disco “Confusão” é um trabalho lúdico, que lhe trará bons momentos de curtição, mas que também lhe deixará refletindo caso você se proponha a acompanhar as letras com mais atenção. Pode fazê-lo tranquilamente, pois não há nada panfletário aqui; tudo é realizado com bastante leveza, como se as canções tivessem sido criadas na descontração entre um gole ou outro daquela cerveja homenageada lá atrás. Parafraseando e adaptando a letra da mesma, podemos dizer que este é um disco para “quem vive bem sem o mundo, mas não vive sem o Rock’n’Roll”!

Formação

Fábio Pimentel – guitarra, voz

Rimão Couto – baixo

Douglas Dutra – bateria

Músicas

01.Confusão

02.Atravessando a Rio Branco

03.O Tempo

04.Estranho

05.Cognição

06.Serra da Ventania

07.Melhor que Coca Light

08.Cerveja

09.Não Estão Nem Aí

10.Cercado Por Loucos

11.Berimbau

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