Que o Brasil é um enorme celeiro de bandas de metal, sobretudo quando se trata da vertente power, isso não podemos ter dúvida alguma. E novos e ótimos trabalhos vêm permitindo ao gênero se manter forte e perpétuo, como o qual será resenhado a seguir.
AshBürn foi formada em 2013 por jovens da região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo. Desde o seu início, esteve presente em diversos eventos da cena capixaba e trabalhava incessantemente em composições próprias, fazendo surgir dois ótimos singles (“Memories” e “Break the Silence”) e, consequentemente, um EP, todos revelados em 2015. O esforço dos integrantes foi merecidamente reconhecido e a produção do primeiro álbum, outrora um sonho, passou a se tornar concreto. Anos de dedicação levaram ao resultado que atende por “You Can Not Kill What Can Never Die”, lançado hoje, e este apresenta um título que realmente condiz com toda a história da banda: não se pode matar aquilo que nunca morrerá, e o desejos dos integrantes de fazer boa música jamais se esvaiu, por mais que obstáculos tenham aparecido.
O álbum conta com 10 faixas e tem produção, mixagem e masterização de Thiago Bianchi (Fusão Studios), além de capa elaborada pelo conceituado Carlos Fides (Artside Studios). “Doing Nothing is Not the Answer” dá início aos trabalhos, sendo uma faixa calma e com ótimos solos e riffs, tendo até uma certa influência de progressivo. “Captain Proudmore” tem uma instrumentalidade épica, parecendo ser uma canção voltada à batalhas, embalada ainda por um ótimo coro do vocalista Heron ao final. Tal coro é ainda melhor em “Pyre of Gods”, minha favorita, que mescla harmoniosamente entre momentos calmos e agitados e também possui um solo de respeito.
A quarta faixa é “Forevermore”, que inicia como uma marcha, convocando o ouvinte a acompanhar em seguida um power metal em sua essência. “Memories”, faixa do primeiro EP, se faz presente no álbum sob uma nova roupagem e também um novo nome, “No More Memories”, ficando ainda mais impactante. Esta me fez lembrar da clássica “Carry On”, do Angra. “Asylum” é deveras agradável e possui um refrão bacana de se ouvir.
Na parte derradeira, temos “XXI (I’m Not a Dreamer)”, primeira música do álbum revelada através de um lyric vídeo postado em setembro, que aborda diversas questões políticas, econômicas e sociais junto à sonoridade do power. “As It Falls” pode ser considerada a balada do trabalho, com pitadas de hard rock e o soar do violão marcando presença, além do ótimo desempenhar da guitarra no meio e no final, mais agressiva. “Win or Die” e “Break the Silence”, outros antigos trabalhos da banda, fecham com louvor esse primeiro registro, apresentando suas novas e definitivas versões regadas à rápida instrumentalidade e voz poderosa.
“You Can Not Kill What Can Never Die” é agradabilíssimo de se ouvir e revela ao amante do power metal que uma nova geração dedicada ao mesmo surgiu e é capaz de construir uma história gigantesca, tal como outros grupos aclamados dentro e fora do Brasil. Não digo que valeu a pena esperar, mas valeu a pena persistir e acreditar. Parabéns, AshBürn! A este, vai a nota 10!
AshBürn – You Can Not Kill What Can Never Die
Data de lançamento: 16 de outubro de 2020
Gravadora: Independente
Tracklist:
1 – Doing Nothing is Not the Answer
2 – Captain Proudmore
3 – Pyre of Gods
4 – Forevermore
5 – No More Memories
6 – Asylum
7 – XXI (I’m Not a Dreamer)
8 – As it Falls
9 – Win and Die
10 – Break the Silence
Formação:
Heron Ribeiro – vocais
Gabriel Monteiro – guitarra
Raquel Rodrigues – guitarra
Vinicius Boza – baixo
Matheus Rodrigues – bateria