A pandemia da Covid-19 impactou fortemente o meio musical, causando o cancelamento de shows por um longo tempo, gerando dificuldades não só para os artistas, como para todos que viviam dessa industria. Mas, obstante esse lado, extremamente negativo, também tivemos coisas positivas nascendo disso, como, por exemplo, muitos artistas finalmente enxergando a importância do meio digital, ótimos álbuns sendo compostos durante o período de isolamento social e o surgimento de inúmeras novas bandas.

A Arson Whales é uma dessas muitas filhas da pandemia, com sua formação datada de 2021, em Sacramento, Estados Unidos. A proposta da banda é muito simples, mesclar elementos do Rock Alternativo, do Indie Rock e do Pop, com elementos que remetem a psicodelia, gerando dessa forma uma música de muito bom gosto e que envolve o ouvinte no decorrer da audição. Após o lançamento de alguns singles, seus músicos sentiram que era o momento de dar o próximo passo, como esse vindo na forma de seu álbum de estreia.

Intitulado Galactopus, o debut da Arson Whales acaba de ser lançado oficialmente, contando com 11 ótimas músicas, que vão fazer a alegria de todos os amantes do Indie/Rock Alternativo, tendo o real potencial de ser um dos melhores álbuns do estilo em 2023.

“Nossa, isso é bom!”. Essa foi minha reação quando os primeiros segundos de “Monkey Jar”, faixa que abre Galactopus, começaram a tocar em meu fone de ouvido. Baixo forte e envolvente, que se entrelaça com a bateria, o sintetizador e o ótimo vocal de Linda Brancato, resultando em uma experiência simplesmente imersiva e viajante, repleta de ótimas melodias e uma pitada de psicodelia. Na sequência, “Upside Down” começa com uma bateria que conduz a canção até o final, o baixo mais uma vez destacado e linhas vocais que capturam o ouvinte. A voz de Linda é, para mim, o ponto mais alto de um álbum com muitos pontos altos. “Gray Dorian” mantém o nível lá no alto com suas melodias, bom trabalho de guitarra e um sintetizador que dá um ar mais atmosférico a música. “Reverse The Rule” envolve o ouvinte com suas guitarras e linha de baixo marcante, que somados aos vocais, a tornam viciante.

Nesse momento pensei: “Ah, isso é sorte de principiante, eles não vão conseguir manter esse nível o álbum inteiro”. Então, como que lendo meus pensamentos, a Arson Whales me responde com a ótima “Zephyr and Sycophant”, com um baixo dançante, uma guitarra deliciosa e um sintetizador que cria atmosferas imersivas. É dessas canções que você coloca no repeat e escuta sem parar. Rompendo a barreira da metade do trabalho, entregam “Sprit In A Wormhole”, com um trabalho rítmico delicioso e envolvente, que me colocou para cantarolar sua melodia principal. “Finding Betsy Dar”, mais cadenciada, tem algo meio década de 1960 em sua parte rítmica e linhas vocais que simplesmente me ganhou de cara. Quando me dei conta, já estava batucando na mesa.

A sequência final abre com “This Chimera”, canção que envolve o ouvinte graças a seus ótimos vocais e uma guitarra que despeja ótimas melodias. Nem irei citar o trabalho da parte rítmica, pois isso seria “chover no molhado”. “Sonic Eclipse” tem ótimas batidas e um ar meio pós-punk que, sinceramente, me ganhou de cara. As melodias vocais são viciantes. “Whales Fall” é outra com linha de baixo marcante, uma levada mais densa, mas não menos envolvente que as anteriores. Encerrando, temos “Blackhole”, que se diferencia um pouco mais das demais canções por uma utilização um pouco mais na cara de batidas eletrônicas, mas que ainda assim não abre mão de uma levada simplesmente hipnótica, que prende o ouvinte até seu último segundo.

Quando nos damos conta que a Arson Whales surgiu em 2021 e que Galactopus é apenas o seu primeiro álbum completo de estúdio, tudo que ouvimos em suas 11 música causa ainda mais impacto. A maturidade musical aqui mostrada impressiona e faz nos perguntar sobre o próximo passo da banda. Se mantiverem o nível e passarem pelo desafio do segundo álbum, o futuro tende a ser brilhante.

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