Já escrevi muitas críticas em algumas plataformas nessas mais de três décadas que acompanho o mundo da música pesada. E é com muita satisfação que digo que essa resenha não vai apenas retratar a minha opinião a respeito desse novo álbum da banda Armored Dawn, pois quando você tem a oportunidade de acompanhar durante alguns anos a luta por um objetivo, é impossível não se levar em conta todo o contexto que esse trabalho merece.
Os primeiros passos foram dados com o nome de Mad Old Lady desde o início desse década e ao longo dos anos pude acompanhar diversas vezes a banda capitaneada pelo vocalista Eduardo Parras abrindo shows para alguns nomes de respeito como Alcatrazz, Marillion, Tarja, Symphony X, Sabaton, Rhapsody entre tantos.
Mudanças foram necessárias na busca pela formação ideal, assim como o próprio nome da banda. Muito se diz que para se investir em um sonho às vezes temos que saber escolher entre muitos caminhos e acreditar em suas convicções. E mesmo a distancia tenho plena certeza que o Armored Dawn com sua atual formação passou por diversas situações complicadas, onde sua convicção no bom trabalho foi à cola que manteve o sonho vivo. Mudar de nome nunca é fácil, mas foi uma escolha acertada.
Tão acertada que após o bom disco “Power of Warrior” – que tem suas versões com ambos os nomes – chegamos ao verdadeiro motivo dessa resenha. O tão aguardado novo disco que é assinado por músicos conhecidos da cena pesada nacional e que hoje representam o nome do Armored Dawn.
Além do vocalista Eduardo Parras, as guitarras são responsabilidade do finlandês Timo Kaarkoski e do virtuoso Tiago de Moura. A cozinha é muito bem representada por Fernando Giovannetti no baixo (Karma, Wizards entre outras) e pelo batera Rodrigo Oliveira (Korzus). E nos teclados Rafael Agostino (ex-Eterna).
A identidade do Armored Dawn é totalmente voltada para o ‘Viking Metal’, mas pela experiência acumulada ao longo dos anos, muitos ingredientes estão presentes nas composições. Faz parte do padrão da banda usar coros melódicos cativantes, dando aquela sensação de poder e grandeza, envolvendo um conteúdo lírico com batalhas e mitologia nórdica.
Sempre gostei, desde que é possível, ouvir meus álbuns de forma aleatória, fugindo da sequência proposta e com isso buscando um novo ponto de vista. E da vez que escutei o disco para iniciar essa resenha logo de cara explode pelos autofalantes a sensacional ‘Beware of the Dragon’. Que rife meu amigo. Já conhecia, pois a banda andou tocando-a nos recentes shows realizados no final do ano passado, mas o impacto pela excelente produção me chamou muito a atenção. Sem dúvida uma das melhores do disco graças à cama que os teclados e os bumbos proporcionam como pano de fundo deixando os coros e peso da melodia se destacar facilmente.
Por falar em ‘coro’ – aqueles backing vocals harmônicos – muitas bandas tentam utilizar essa arma, mas conseguir um resultado ‘a lá Accept’ não é nada fácil. Ponto para o Armored Dawn que utiliza essa prática com muita propriedade como nas ótimas ‘Men Of Odin’, que só pode ser definida como Épica e a totalmente Power Metal ‘Bloodstone’ com seu refrão cativante e um coro matador.
Vale ainda destacar ‘Eyes Behind The Crow’ que tem uma atmosfera teatral no seu início para depois cair, no bom sentido, em um Heavy Metal muito particular da metade dos anos 90. É um show a parte o trabalho que o batera Rodrigo proporciona nesse tijolo.
Propositalmente deixei duas faixas para comentar no final. Uma delas a primeira ‘música de trabalho’, a balada ‘Sail Away’.
De cara esse hit possui um vídeo clipe de se tirar o chapéu. Produção de primeiro mundo com muito bom gosto, digna dos bons tempos que se investir em um clipe de qualidade, poderia abrir mais portas do que um single. Não se esqueça de conferir o clipe no final desta resenha. A música anda tocando com boa frequência nas ‘webrádios’ especializadas e até mesmo em ‘rádios rock’ do modelo tradicional (entenda-se FM), onde conseguir se afirmar na programação não é uma tarefa nada fácil. Mas como se trata de uma bela melodia, cativante, mesmo quem não está lá muito acostumado com a música pesada, se impressiona de cara com o refrão e a dramaticidade proporcionada pelos teclados muito inspirados do Rafael. É perfeita para se angariar novos fãs.
O outro grande destaque vai para a contagiante ‘Survivor’ com seu ‘groove headbanging’, que só pode ter sido escrita com o propósito de não deixar ninguém parado. Você começa a ouvir e sem perceber começa a bater o pé, balançar a cabeça acompanhando o ritmo do pesado rife. Coisa simples, mas que faz uma falta danada nos dias de hoje, uma música típica pra se curtir. Muito útil para encaixar no ‘setlist’ na parte final dos shows.
Em suma “Barbarians In Black” não traz ‘aquela novidade’ ou ‘aquele novo som’, até porque a proposta não é e nunca foi essa. O álbum foi forjado para ser um pedaço do bom e velho HEAVY METAL, com todas as suas certezas e qualidades, com todo seu poder de cativar os fãs. É disso do que se trata. O universo da música pesada esta pavimentado há muito tempo, pronto para aqueles que querem percorrer um caminho seguro, onde banda e fãs interagem em nome da boa música. E se continuar nessa estrada o Armored Dawn terá sua recompensa. E não se trata de fama ou remuneração, mas sim conquistar como bons vikings, um lugar para SEU NOME ao lado dos Grandes.
“Barbarians In Black” tem sua data de lançamento marcada para o dia 23 de fevereiro, fique de olho.
Armored Dawn:
Eduardo Parras – Vocais
Timo Kaarkoski – Guitarra
Rafael Agostino – Teclados
Fernando Giovannetti – Baixo
Tiago de Moura – Guitarra
Rodrigo Oliveira – Bateria
Tracklisting:
- Beware Of The Dragon
- Bloodstone
- Men Of Odin
- Chance To Live Again
- Unbreakable
- Eyes Behind The Crow
- Sail Away
- Gods Of Metal
- Survivor
- Barbarians In Black
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