Red Hot Chilli Peppers: 21 anos de “Californication”

Em 8 de junho de 1999, o RED HOT CHILLI PEPPERS lançava o sétimo álbum de sua carreira. E “Californication” representa o maior sucesso comercial da carreira deste quarteto.

A banda havia demitido o guitarrista Dave Navarro, que havia feito um bom trabalho no disco anterior, “One Hot Minute”, que não é um disco ruim, porém, não decolou. Diferenças musicais foram o estopim para a separação. Navarro que havia substituído Jon Frusciante, que recentemente retornou à banda, sairia para dar lugar a… Jon Frusciante.

Frusciante que quando da sua primeira saída do RHCP entrou de vez no caminho das drogas, principalmente cocaína e heroína, o que o levou a perder tudo que havia conquistado e quase perdeu seu bem maior: a vida. Ele soube aproveitar a chance que lhe foi dada e após três meses de recuperação em uma clínica, ele recebeu a visita do baixista Flea, que lhe fez um convite de retornar a banda. Frusciante aceitou e o lineup do sucessor de “One Hot Minute” estava definido.

Assim a banda se dividiu para o processo de composição: o vocalista Anthony Kiedis ficou com Frusciante discutindo os riffs e o conteúdo lírico, enquanto que Flea ficou reunido com Chad Smith para discutirem como ficariam suas partes. A banda se reunia para jams e ensaios até que o repertório fosse definido e eles pudessem ir ao estúdio.

Com produção de Rick Rubin, todos foram a “Mansão Houdini”, entre dezembro de 1998 e março de 1999, de onde saíram com essa pérola do Rock. São 15 músicas em 54 minutos de audição em um disco que, em minha opinião é o ponto alto da banda, em termos de criatividade. O fã vai me xingar por eu colocar “Californication” acima do clássico “Bloodsugarsexmagik”, mas aqui os caras alcançaram a maturidade musical e fizeram um disco bem acima da média.

Colocando a bolacha para rolar, não tem como não pirar com o espetáculo que Flea dá na faixa de abertura, “Around the World”, uma música com o velho estilo da banda em misturar Rock e Funk, mas com aquela grooveada bem gostosa no refrão, enquanto que a faixa a seguir, “Parallel Universe” tem uma levada bem legal e aqui o espetáculo fica por conta do excelente baterista Chad Smith e suas batidas firmes, em uma música que tem um punch legal na guitarra.

Ai temos duas músicas que definitivamente levantaram o RHCP até a crista da onda, aumentando ainda mais a sua popularidade e fazendo com que angariassem mais fãs: a inofensiva e calma “Scar Tissue”, que foi exibida à exaustão na MTV (o clipe com os caras em um carro conversível e Jon Frusciante tocando uma guitarra de papelão é icônico) e “Otherside”, uma bela canção, que começa lentinha, como se não fosse dar em nada mas ela cresce de maneira impressionante

Temos a volta do Funk N’ Roll com Get on Top e a cozinha brilha: Flea e Chad Smith são uma das duplas mais entrosadas do Rock e com uma capacidade única de fazer sua criatividade se tornar música boa. A sequência se dá com a faixa título, que também fez muito sucesso e eve seu videoclipe que traz um jogo de videogame em terceira pessoa. Essa música fez tanto sucesso que raramente fica de fora dos shows da banda. Ela foi lançada como single e alcançou o 69º lugar na “Billboard Hot 100”.

A minha favorita deste play chegou e ela atende pelo nome de “Easily”, um baita Rock com muito groove. Um inspirado Chad Smith dá mais uma vez um espetáculo a parte e eu também destaco as guitarras de Jon Frusciante, que mesmo sendo riffs simples, deu certo. Às vezes a simplicidade resolve.

Após sete músicas muito boas, temos a melancólica e chatinha “Porcelain”, em que apenas a guitarra sem distorção de Frusciante acompanha a voz afinada de Kiedis. Mas nem isso salva a música. “Emit Remains” vem logo a seguir e traz um pouco mais de peso ao disco, em uma música bem interessante.

“I Like Dirt” é Funk puro. Se o RHCP costuma incluir o Funk no Rock, aqui foi o contrário. Jon” Frusciante usa e abusa do pedal “Wah-wah” e o resultado aqui ficou bom. O refrão chiclete ajuda. A faixa a seguir, “This Velvet Close” é uma música bonitinha, bem feita e dentro das propostas da banda, é até bem tocada, mas ela não cresce em nenhum momento.

Ai o disco tem uma queda muito acentuada, com duas faixas desnecessárias: “Savior”, que tem a mesma emoção que a banda demonstra nos palcos hoje em dia, ou seja, nenhuma; a outra desnecessária é “Purple Stain”, que até conta com boas passagens de Flea em seu baixo, mas é demasiadamente chata,

A parte final melhora um pouco, com o Funk N’ Roll dando as caras novamente com “Right on Time”, essa é uma música bem enérgica e o final se dá com a melancólica e bonitinha “Road Trippin”, na qual temos novamente a parceria entre o violão de Jon Frusciante e a voz de Kiedis, mas desta vez a coisa funcionou.

Ainda que a banda tenha escorregado no final, trata-se de um grande disco do RHCP. Como eu disse nos primeiros parágrafos, trata-se, em minha opinião, do melhor álbum da carreira da banda. Ainda que eu respeite muito músicas como “Breaking the Girl”, “Give it Away”, “Suck My Kiss”, “Under the Bridge”, “Aeroplane” ou “My Friends”, por exemplo, é aqui em “Californication”, que a banda alcançou seu ponto alto.

Californication” é o álbum mais vendido da carreira da banda, tendo alcançado a marca de 40 milhões de álbuns vendidos ao redor do mundo, sendo 16 milhões apenas nos Estados Unidos. Dentre as conquistas do aniversariante de hoje estão a 3ª posição na “Billboard 200” e a conquista do “Grammy” com a faixa “Scar Tissue”. Foi na turnê deste álbum que a banda se apresentou pela primeira vez no Rock in Rio, em 2001, sendo o Headliner em uma das noites.

Enfim, um bom álbum para se ouvir, ainda que o leitor considere comercial e o é, mas “Californication” é uma boa pedida para quem quer escutar um bom Rock And Roll sem frescuras. E para quem tem a mente aberta para escutar outros estilos que são acrescentados aqui. Não se esqueça de seguir as orientações da OMS e fique em casa.

Californication – Red Hot Chilli Peppers
Dara de lançamento: 08/06/1999
Gravadora: Warner Bros

Tracklisting:
01 – Around the World
02 – Paralell Universe
03 – Scar Tissue
04 – Otherside
05 – Get on Top
06 – Californication
07 – Easily
08 – Porcelain
09 – Emit Remains
10 – I Like Dirt
11 – This Velvet Glove
12 – Savior
13 – Purple Stain
14 – Right on Time
15 – Road Trippin

Lineup:
Anthony Kiedis – Vocal
Jon Frusciante – Guitarra
Flea – Baixo
Chad Smith – Bateria

Special Guests:
Greg Kurstin – Teclado
Chamberlain – Órgão em “Road Tripin”

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