A banda Rebotte, formada por Lívia Almeida – Vocal, Ellen War – Bateria, Armando Rocha – Baixo, Bruno Abud – Guitarra e Vitor Acacio – Guitarra, vem desde o ano de sua criação arrebatando seguidores e fãs por onde passa. Seu mais recente lançamento – o single “Sua Missão” – traz uma banda renovada, mostrando que eles não têm medo de evoluir. A Roadie Metal teve uma conversa com a vocalista Lívia Almeida que você pode conferir a seguir.

Roadie Metal: Antes de começarmos, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e sobre a sua banda Rebotte.

Lívia Almeida: Eu que agradeço o convite! O Rebotte nasceu de forma inesperada, uma diversão entre amigos. Eu já tinha uma outra banda com a Ellen, baterista, mas a banda acabou, porém, como não conseguimos ficar sem tocar, é praticamente um vício, e de tanto eu encher o saco dela (risos) fundamos juntas o Rebotte para uma diversão a mais nos finais de semana, foi algo totalmente despretensioso.

A diversão foi se tornando algo mais sério, e hoje levamos a banda como nosso segundo trabalho. Tudo anda como uma empresa, cada um com suas atribuições, prazos de entregas de tarefas e etc, exatamente como uma empresa.

Isso tem dado super certo, além disso, hoje temos um time completo com pessoas realmente dispostas e engajadas, com um único objetivo, fazer dar certo! A gente rala muito para fazer virar, e o resultado, no momento certo, vem!

Eu sempre fui vocal em outras bandas, mas nunca tinha entrando de cabeça no gutural, procurei a ajuda de um profissional especializado na área do gutural e todo o aprendizado com ele foi incrível e hoje posso afirmar que para cantar dessa forma é necessário muita técnica, muito estudo e o acompanhamento de um profissional na área, não é simplesmente sair gritando, sem técnica e sem preparo, aliás, esse é um assunto sério que pretendo abordar numa próxima oportunidade, pretendo falar sobre os meus aprendizados e técnicas que eu uso.

Hoje sou muito grata a tudo que aprendi com o meu professor e tento passar isso para as pessoas ao meu redor, é muito gratificante receber feedback sobre isso até mesmo comparações com cantoras que são minhas influências.

Hoje o Rebotte vem ganhando cada vez mais notoriedade na cena, temos um EP lançado, dois singles, sendo o último, tema do nosso clipe intitulado “Sua Missão”, lançado no dia 1º de março. Esse clipe é a nova cara da banda, com mais pegada e agressividade, foi um resultado além do esperado e nos sentimos muito felizes por todo trabalho ter sido reconhecido e ter tido uma aceitação relevante no meio.

Juntamente com o lançamento desse clipe, entre os meses de março e abril estamos fazendo uma mini tour pelo interior de São Paulo e Paraná aos finais de semana, pois todos somos CLT, é dureza (risos)! Estamos com nove datas marcadas e mais quatro em processo de fechamento. Está sendo uma experiência incrível, conhecer pessoas novas, a galera de outras cidades, o contato com os fãs é algo que nos motiva! Ouvir a galera cantando nossa música, sem dúvidas, é sensacional!

Sobre planos para o segundo semestre, pretendemos lançar nosso álbum que está em fase de composição, e esperamos causar ainda mais barulho para sacudir a cena de São Paulo (risos)!

Roadie Metal: Sendo o Rebotte uma banda mista, qual a reação das pessoas ao perceber duas mulheres na banda?

Lívia: Acaba chamando atenção, é uma espécie de avaliação um tanto perniciosa: “Vamos ver se elas mandam bem mesmo, menina cantando gutural? Menina tocando bateria?”, parece que a galera quer ver prá crer sabe? E depois do show a gente recebe diversos elogios e comentários do tipo: “Nossa, muito bom, eu não estava esperando um som nesse nível e etc etc”. E isso prá gente, como banda no geral, chaga a ser engraçado e vem se tornando cada vez mais recorrente e natural.

Isso é um “tapa na cara” da galera que acha que menina tem que ir aos shows somente como ”namorada do cara da banda”, hoje não levantamos bandeira alguma, mas indiretamente o objetivo é desmistificar isso, é descaracterizar o uma cena predominada por “cuecas” por assim dizer (risos)! Queremos mais minas no palco, mais front-womans, mais guitarristas, mais baixistas, mais bateristas.

O que temos percebido ultimamente, são coisas do tipo: “Nossa fulano, se liga nessa voz, esse gutural é natural ou é mexido”, “Nossa, olha esse gutural, nem parece mina cantando?”, “É uma menina cantando?” E por aí vai… É o que eu sempre digo, eu sou toda natural (risos), quer conferir meu gutural? Levanta da cadeira, sai do Facebook e vai num show do Rebotte, comparece, apoia a cena, apoia os shows que estão cada vez mais escassos, e esse apoiar não é fazer comentário nas redes sociais, apoiar é se fazer presente.

Roadie Metal: E falando nisso, como vem sendo a aceitação da banda no cenário brasileiro e principalmente, qual a sua visão do atual cenário da música pesada nacional?

Lívia: O Rebotte tem sido muito bem aceito na cena, muito elogios, e críticas bastante inteligentes. Procuramos sempre apresentar boas composições, um bom instrumental, e um visual melhor ainda, pois é isso que as pessoas compram.

A respeito da cena, é algo bem complicado de falar! A cena não existe, união não existe, infelizmente é uma banda passando o pé na outra, querendo se sair melhor, é uma desunião tamanha e bestial, não existe aquela “brodagem”, e sabemos muito bem disso. É cada uma que a gente passa, e a banda que se diz brother, é a primeira a te virar a costas, a te deixar na mão. Mas a gente não liga muito para isso, fazemos o nosso corre, miramos no nosso objetivo e seguimos em diante.

Em contrapartida, hoje podemos ver várias bandas excelentes, com boas músicas, instrumental muito bom, ótimas letras. Eu particularmente adoro conhecer novas bandas independentes, trocar ideia, fazer amizade, criar um elo de verdade. O Brasil é um celeiro muito fértil de bandas boas e a cada minuto nasce e morre uma banda boa, e isso deve-se à vários motivos, entre dificuldades, falta de incentivo e muitas vezes falta de comprometimento e força de vontade de fazer a parada acontecer. A correria é pesada, é monstra, afinal de contas as oportunidades não caem do céu!

A banda para conseguir chegar lá tem que ralar muito, muito suor, muitos finais de semana tocando e abdicando dos momentos com a família, muitos ensaios, é abrir mão de muita coisa e ter a banda como prioridade e poucos estão dispostos a isso.

Hoje o Rebotte é a nossa prioridade, como disse antes, todos somos CLT, não conseguimos largar nosso trampo fixo ainda, mas um dia quem sabe né?! Enquanto isso a gente se diverte sendo profissional ao máximo e levando muito a sério (risos)!

Roadie Metal: Apesar de vocês se chamarem de uma banda de Metal, percebemos as mais diversas influências no som da banda. Como vocês lidam com as influências e o gosto musical de cada um na hora de compor?

Lívia: Verdade, temos muitas influências diferenciadas, cada um tem sua peculiaridade de tipos de som que ouve, mas tudo é válido, tudo entra como referência. A gente pira em tirar um dia prá comprar uns petiscos, breja e passar a noite assistindo shows de várias bandas, na última vez que fizemos isso, assistimos ao show do Gojira! E dali saíram muitas ideias não só musicais, mas de presença de palco, disposição das músicas no set até mesclas de riffs, métricas de letras, arranjos e etc. Hoje podemos falar que Gojira é uma das nossas maiores influências.

Nós gostamos de fazer tudo juntos, temos nosso QG que é na casa da Ellen (batera) e toda sexta, regrado, faça chuva ou faça sol a gente ensaia, compõe e conversa. Então, normalmente o Vitor e o Bruno (guitarras) vêm com uma ideia crua, passam para o Rocha (baixista) que já deixa a música com mais formato, em cima dessa ideia de cordas, e a Ellen monta as linhas de batera, e por último coloco a letra e os guturais. A gente gosta de começar uma música pelo refrão, a gente se cobra muito prá ter refrões marcantes e muito bem feitos, pois ao nosso ver, isso é essencial e acabou sendo uma “marca registrada” nossa.

Muitas vezes eu chego com uma letra pronta, ou o Rocha com alguma linha de baixo, não tem uma regra, e juntos terminamos de compor a música. O respeito fala sempre mais alto, tudo que é citado, dado como ideia é válido e tentamos ao máximo colocar a identidade de cada um nos nossos sons, que resulta nisso que temos hoje (risos).

Roadie Metal: Vocês acabaram de lançar o single “Sua Missão” que traz uma incontestável evolução da banda, não apenas como banda, mas como compositores individuais. Ao que você credita essa evolução dentro da banda?

Lívia: Devemos essa evolução a muito amadurecimento, muita pesquisa para encontrar dentro de nós mesmos qual é a cara da banda, qual é o nosso Norte. Hoje tenho convicção em dizer que encontramos o nosso Norte, a nossa identidade como banda.

Tivemos uma mudança de integrantes há algum tempo, e isso foi muito valioso para banda, a entrada do Rocha deu uma repaginada na banda em termos de musicalidade e dinâmica, peso, ele é um cara muito focado e estudioso, leva realmente a banda a sério! Obviamente que somou com aquilo que já tínhamos em casa, uma dupla de guitarristas que se completam musicalmente e não sofrem com a doença do ego, uma batera com uma mão extremamente pesada e cheia de criatividade. Hoje somos um time fechado!

Então, esse amadurecimento que está aí transcrito em forma de música, se materializou na letra, arranjos, riffs e a dinâmica que colocamos na “Sua Missão”, essa música mostra a nossa cara, a nossa identidade, mostra aquilo que sempre buscamos. O significado do nome Rebotte é isso, voltar com um novo ânimo, e é esse o nosso lema, ânimo e força para seguir em frente​.

Roadie Metal: Você já tem uma previsão para o lançamento do próximo trabalho?

Lívia: Acabamos de lançar o single “Sua Missão”, música do nosso clipe, e ainda temos que divulgar muito esse som pelo por aí, mas como o trampo não para nunca, estamos em fase de composição do nosso novo álbum, com previsão para ser lançado em meados do segundo semestre desse ano, se tudo der certo (risos)!

Roadie Metal: Muito obrigado pela entrevista, o espaço é seu para enviar uma mensagem aos nossos leitores!

Lívia: Eu que agradeço a oportunidade, foi demais fazer essa entrevista! Esse espaço cedido para pessoas conhecerem melhor as bandas, é fantástico, isso sim é valorizar a cena, as bandas. Vida longa à Roadie Metal! Vamos pra cima!! #GoRebotte

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