Escrever sobre um estilo musical que você não gosta, não simpatiza e muito menos conhece a fundo sobre as obras é extremamente complicado, some a isso o fato de ter que escrever sobre um álbum considerado clássico, ou sagrado, para essa vertente musical e para os fãs desse mesmo estilo, pois bem, aqui estou eu com essa árdua tarefa de ter que escrever sobre a banda “Ratos de Porão” e seu segundo álbum da carreira “Descanse em Paz” lançado originalmente em 1986.
Antes de começar a imprimir minha opinião sobre essa obra, deixo claro que nunca ouvi uma obra sequer por inteiro da banda, muito menos algo punk, definitivamente não está no meu gosto pessoal, mas como isso aqui é um desafio, vamos nesse e seja o que deus quiser!
Já de início é perceptível que a gravação é tosca e sem qualquer qualidade na produção, todos os instrumentos soam sujos e um passa por cima do outro, chega a ser difícil identificar os instrumentos, tamanha a confusão criada e a chiadeira produzida, mas para o estilo PUNK creio ser assim mesmo. A banda nesse disco, faz uma mistura de punk e crossover, aqui temos que encarar o fato que em 1986, o RDP ainda descobria sua identidade musical e obviamente João Gordo trouxe muita influência do Crossover, que nada mais é que o Metal com hardcore, para o grupo.
O álbum é uma avalanche de críticas a sociedade, protesto e anarquia, estigmas cruciais nas partes líricas da maioria das bandas punks do mundo todo, e não diferente disso, pelo menos as partes que consegui entender, percebe-se uma banda criticando aos berros todos os males sociais do final dos anos 80.
O álbum “Descance em Paz” obteve alguns contratempos antes de seu lançamento, quando os músicos João Gordo e Mingau, saíram do grupo e dessa forma o guitarrista e fundador Jão, assumi os vocais e dá início as composições do álbum, porém João Gordo retorna a banda e junto com ele o baterista “Spaghetti” assume as funções por trás das baquetas.
O selo responsável pela grande maioria dos lançamentos nacionais nos anos 80, “Baratos e Afins” do Luiz Calanca é o responsável pelo lançamento do disco no brasil, logo que saiu, uma atenção à capa foi atribuída, a imagem de uma mulher espancada e morta estampava a arte de capa, imagem essa retirada de um extinto jornal carioca sensacionalista da época.
https://www.youtube.com/watch?v=-ExZUKt7G4s
Musicalmente o álbum possui clássicos inconfundíveis da carreira do RDP, as músicas “Cérebros Atômicos”, “Paranoia Nuclear” e “Velhus Decréptus” são referências em qualquer roda punk que surgir.
RDP tem sua importância significativa ao som pesado nacional, sendo um dos maiores expoentes do estilo Punk no Brasil e importador da nossa cultura para todo o mundo, algo a ser respeitado por todos, mesmo aqueles que não “curtem” o som e estilo proposto, meu caso, mas independente de minha opinião pessoal, fica meu respeito à obra criada por esse grupo.
Tracklist:
01 – Cérebros Atômicos
02 – Morrer Mais Uma Vez
03 – Velhos Decreptus
04 – No Junk
05 – Sofrimento Real
06 – Juventude Perdida
07 – Paranoia Nuclear
08 – Descanse em Paz
09 – Fora Eu
10 – Aviso Final
11 – Zona
Formação:
João Gordo – Vocal
Jão – Guitarra
Jabá – Baixo
Spaghetti – Bateria