Mais uma vez temos um caso do qual a música é praticamente medicinal. Sim, este riquíssimo disco do Purbeck Temple é mais um caso de superação, que prova o quão importante essa maravilhosa arte pode ser. E a história talvez supere qualquer uma que você conheça ou tenha ouvido por aí.
O Purbeck Temple é um projeto capitaneado pelo britânico Paul Gill. O músico, compositor e vocalista começou a produzir este disco, “The Agoraphobia Files”, depois de sofrer uma tragédia e arcar com suas consequências. Talvez isso explique o título do disco, já que ‘agorafobia’ consiste em um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo e evitação de lugares ou situações que possam causar sensações de pânico e afins.
Em 2009, depois de ser atacado e deixado para morrer em frente ao seu bar, Paul sofreu ferimentos graves na cabeça e o cirurgião disse à sua família que ele não sobreviveria. Ele teve a face desfigurada, como todos os ossos do rosto quebrados e contraiu MRSA (um tipo de bactéria resistente a vários antibióticos comuns, como a meticilina e a penicilina) no estômago, além de pneumonia dupla. Realmente o cara quase nos deixou, mas o que ele deixou foi outra coisa.
Foi esse maravilhoso disco, do qual ele mostra um rock alternativo que não fecha o leque e mantém uma sonoridade versátil mesmo diante de sua proposta. Tudo em treze faixas onde peso e melodia são equilibrados, pendendo apenas para um contexto emotivo intenso, o que é totalmente compreensivo diante das circunstâncias.
O disco apresenta um equilíbrio impressionante entre as faixas no que concerne em qualidade. Mas, podemos apontar algumas referências e dentre elas está a excelente faixa de abertura “Not Everybody Looks For A Reason To Run”, uma faixa poderosa por natureza. Trazendo um ar de esperança e introspectivo ao mesmo tempo, a música conta com um refrão magistral.
“Poor As I Am”, uma das mais emotivas do disco também merece menção. Seu início épico, apenas com orquestrações e piano, vocais ultras sentimentais, até a explosão das guitarras e cozinha, arrancam arrepios do ouvinte mais frio.
O disco merece uma audição completa, mas ainda podemos indicar faixas como “Almost Feels Like”, o grunge robusto “Emptiness In Paradise” e a mais acessível “Anger and Religion”. No mais, além da lição de vida, “The Agoraphobia Files” é um disco que traz uma qualidade ímpar, com produção excelente e uma estrutura que muita banda grande não oferece. Ouça agora!
https://open.spotify.com/artist/2pnQpcalBaZbn8IgIgETW9?si=qTCUJTJ2T3Gja0AXlMDwow
https://www.youtube.com/watch?v=YEW30I6SHV8&list=OLAK5uy_lMSCKP9nNZNCLkSrlCVJpl_eq_00wwefM