Carnaval em Curitiba foge das peculiaridades comuns às outras cidades brasileiras. Apesar de ter desfile e alguns bloquinhos de rua, o público que vem para a capital paranaense tem outra coisa em mente. É o refugo do underground, do alternativo, da cultura que se formou por ser marginal, mas ganhou tantos adeptos que se tornou maior do que se julgava.
Este será o quinto ano seguido que o Jokers Pub será a casa do Psycho Carnival. Inaugurado em 2001, o bar é um dos mais tradicionais da capital paranaense e possui quatro ambientes diferentes, além da área do palco na qual acontecem os shows. O evento, que começou com aquecimento na quinta feira no Jokers, com Terremotor, de Umuarama e Hillbilly Rawhide, de Curitiba. Na sexta, a festa começou mais cedo, por volta das 17 horas, na Gibiteca, com as curitibanas The Jorgettes e Cigarras. E continuou no Jokers com Fish´n Creepers e Mongo, de Curitiba, Asteroides Trio, vindos de Arujá, São Paulo, Kingargoolas de Guarapuava, os poloneses da Freeborn Brothers e terminou com os curitibanos da Ovos Presley.
No sábado aconteceu um almoço de confraternização, no Cão Véio, com a Double Shot, de Curitiba. Na parte da tarde, por volta das 16 horas, tocaram Psycho Daime, de Curitiba e Barbatanas, de Quatro Barras, no palco do Lado B.
Davy e os Jones – 20hs (Americana/SP)
Os primeiros a subir no palco do Jokers neste sábado foram Davy e os Jones. A banda, de Americana em São Paulo, é formada por Brudy Jones, na guitarra e no vocal, Felipe Hannibal no violino, Bob Jones no violão e bandolim, Bruninho no baixo e Thico Maderada na bateria. Eles tocam muito bem e são bem divertidos. “Primeira vez que a gente tá tocando aqui. Encontramos vários amigos. Queria agradecer a produção do Psycho Carnival pelo convite.”, disse Brudy.
Setlist: “Pé de Cana e Puro Osso”, “Tiozinho”, “Noix”, “Rabo de Galo”, “Case-se Comigo”, “Oh Suzanah”, “Festinhas”, “Sonata”, “Buena Suerte”, “Marcha Funebre”, “Pepitas Laminadas”, “Colonião”.
Los Ruido – 21hs (México)
A banda Los Ruido de surf garage rock foi formada em fevereiro de 2011 em Azcapotzalco, Cidade do México. Eles se preparam para lançar seu novo material e organizar sua turnê fora do país. A banda esteve em turnê pelo México com a banda de surf rock Kingargoolas, de Guarapuava, no Paraná. Atualmente é formada por Luis Ruido (guitarra), Shoko Ferraz (baixo), Isaac Ruido (guitarra) e Alex Ruido (bateria).
“Viva o Mexico Cabrones”, disse Luis. Eles pediram palmas e também para o pessoal gritar em coro “psycho carnival”. Luis ainda elogiou o evento, as “bandas sensacionais”, agradeceu aos organizadores e aos novos amigos. A energia da banda era tão animada que, ao final da apresentação, o público já estava bem mais perto do palco e dançando.
Setlist: “Monstruos”, “Speed 69”, “Enemigos enmascarados”, “Salvaje”, “Matudo”, “Depredador malacopa”, “Pistolas humeantes”, “Galanes de balneario”, “Amanecer en caleta”, “Gran Turismo”, “Demoler” (cover). Bônus: “Sheriff diente de oro”, “Amigo Salíd”.
13BATS – 21h55hs (Espanha)
13Bats foi formada em 2006, nos porão do Vallekas Tattoo em Madri. Eles estiveram por aqui em 2018, para o Psycho Carnival, mas desta vez, trouxeram uma nova formação. Isso porque o 13 Bats tirou um sabático e voltou com Fede na guitarra, acompanhando Dani no baixo e vocais, e Carter na bateria. “Um prazer estar aqui pela segunda vez.”, disse o vocalista jogando 3 vinis para o público. Eles fizeram uma versão de “Homem Primata”, do Titãs. Dani ofereceu a música para o Marcos Anubis, da CWB Live. Nessa hora, o público já tinha quase que lotado a casa. Uma roda se abriu e começou a quebradeira. Ele jogou mais dois discos pro público, um pouco antes de fazer uma outra versão, mas desta vez de “Run To The Hills”, do Iron Maiden. “Muito obrigado ao pessoal da organização do Psycho Carnival”, disse Dani antes de se despedir do palco.
Setlist:“Riot”, “Tragic Night”, “Frankenstyle”, “Virus187”, “Wrong Side”, “Let´s Lynch The Landlord”, “Hombre Primate” (Cover Titãs), “Cecil”, “Skeleton Girl”, “Run To The Hills” (Iron Maiden), “The Man with the Toilet Made of Gold”, “Goodfellas”, “Bomb Extra Bomb”.
Luiz Fireball & The Good Looking’ Boys – 22h50 (Curitiba/PR)
Ainda que a noite toda é uma ode a um estilo, a banda em si é uma volta ao passado. A ponto de os casais aproveitarem o clima e a plateia se tornou uma pista de dança. A banda é formada por Luiz Costa, no vocal, Beto Glaser, na guitarra, Ari Skroch, na bateria e Guilherme Valengo no baixo. “Vamos se divertir porque carnaval é psycho carnival.”, disse o vocalista. Luiz Fireball & The Good Looking’ Boys lançaram, em 2017, o vinil de estreia “All That Crazy Rhythm” com 2 faixas. Em 2018 fizeram uma turnê pela Europa onde tocaram em festivais importantes do estilo como o Waldorf Rock and Roll Wekender e o Kustom Kultture na Alemanha. “Se eu não estiver divertindo vocês, jogue um pouco de água gelada na minha cara.”, disse o vocalista brincando com o nome da música “Ice water”.
Setlist: “I´m Comming Home”, “Done Gone”, “Footprint”, “Get With It”, “Juke Joint Johnny”, “New Shoes New Blues”, “Never Gonna Be That Guy”, “Ice Water”, “Hayride Booggie”, “Thanks a Lot”, “I Got a Hole in My Pocket”, “Royal Flush”, “Just One More Time”, “Stop Doggin´me”, “Indian Joe”, “Blue Blue Day”, “We´re Gonna Have a Good Time”. Bônus: Rock and Roll Guitar”.
Os Cabeloduro – 23h55 (Brasilia/DF)
Os Cabeloduro subiram no palco do Jokers Pub cheios de atitude. A banda de Brasília, formada por Hélio Gazú nos vocais, Ralph na guitarra, Guilherme no baixo e Daniel Quirino na bateria, completa 24 anos do lançamento de seu primeiro disco “Com Todo amor e Carinho” (1996). “Valeu Curitiba, a última vez que estivemos aqui foi a 16 anos atrás.”, agradeceu Gazú. Como não podia ser diferente, o público da primeira banda punk da noite agitou a maior roda até então. “Nos anos 80, o Paulo Maluf falou uma frase escrota: se tem desejo sexual, estupra mas não mata. A gente fez uma música sobre isso. Violência contra a mulher não.”, disse o vocalista. A saideira teve participação do Fofinho da banda Repudiyo. “Queria agradecer a organização do Psycho Carnival. Curitiba é a nossa casa sabe por quê? Porque aqui a gente fez grandes amigos.” Ele ainda agradeceu ao vocalista da banda Alucinados, Fabrício Vitor, pelo empréstimo dos instrumentos.
Setlist: “A Gente Só Se Fode”, “Foda-se”, “Mãozinha”, “Tio Sam”, “Punk Rock Song”, “Pinga com Limão”, “Não Passarão”, “Se Meu Fígado Falasse”, “Cala Boca Animal!”, “Pregador”, “Na Mesma Moeda”, “Punk Rock do Mal”, “Mr. Crazy Fist Fucker”, “Hey Garoto”, “Obrigado, Presidente”, “Enfia no Cú!”, “Jump!”, “Skate or Die”, “Vida Anormal II”, “Ignorar é Fácil”, “Vida Infernal I”, “Fim do Caminho”, “A Barca”.
Os Catalépticos – 01hs (Curitiba/PR)
Para fechar a noite, e com grande estilo, Os Catalépticos entraram no palco já com três pés no acelerador e nenhum no freio. O público respondeu com muita atenção e não ficou parado um só momento. Vlad Urban, vocalista e guitarrista, Gustavão no baixo e Mutant Cox na bateria e no vocal, formam o trio que se tornou uma das referências do gênero, com um som bem agressivo e rápido. A banda foi formada em 1996, mas se despediu dos palcos em 2006. Em 2017 o trio curitibano decidiu retomar os shows. Entre as músicas estavam “El Dia de Los Muertos”, “Entrance to hell”, “Cannibal Holocaust”, entre outros. O público pediu mais uma e eles tocaram “Gambling With A Demon”.
Setlist: “Death March”, “One more tattoo”, “Cannibal Holocaust”, “Henry”, “Hot Rod Funeral”, “Like in a gasoline tank”, “You must die”, “Serial joe”, “Barbecue Girl”, “Follow me to die”, “Death Train”, “Psychopath fever”, “Freaks!”, “Hungry for meat”, “Psychobilly is all around”. Bônus: “El dia de los muertos”, “Brand new cadillac”, “Gambling With A Demon”, “When the sun goes down”.
