Se você é um fã de Heavy Metal com mente mais aberta (se não é, recomendo que seja. Faz bem e não te tornará um anátema na sua alcateia tr00), certamente conhece o Primus. Fundada em 1984, o Primus tem nove álbuns de estúdio lançados e se tornou uma das mais importantes bandas do Rock alternativo durante a década de 90 por conta da genial interação feita com o Funk e, obviamente, pelo virtuosismo técnico e pelas peripécias do baixista Les Claypool, único membro a fazer parte de todas as formações da história da banda. Onde mais você já viu um contrabaixo com alavanca? E aqueles figurinos ao mesmo tempo bem alinhados e espalhafatosos, que vestem um baixista que toca seu instrumento como se fosse uma guitarra, sem palheta, sem nada? Muitos costumam incluir o Primus na seara do Rock Progressivo por causa dos experimentalismos e da complexidade da música do grupo, além de que as influências da banda incluem nomes como Rush e King Crimson. Ne época que o Primus emergia para a fama, os críticos da MTV afirmavam que o Primus era uma espécie de “versão Pós-Punk do Rush com a sensibilidade e o humor de Frank Zappa”.
Além de Les Claypool, outro integrante de longa data do Primus é o guitarrista Larry LaLonde, que entrou na banda em 1988 e por lá permanece até hoje, a menos de uma curta saída no período entre 2001 e 2003. O que pouca gente sabe, somente aqueles que se debruçam a fundo na história da banda, é que ambos tiveram um passado Heavy Metal antes de fazerem sucesso com seu Funk/Rock psicodélico e experimental. Claypool foi um dos membros fundadores do Blind Illusion, banda que pratica um Thrash Metal complexo, com forte veia progressiva. Claypool esteve por lá entre 1979 e 1981, tendo retornado em 1986 para gravar o álbum The Sane Asylum. E quem era o guitarrista do Blind Illusion quando Claypool retornou? Larry LaLonde. Que fora guitarrista há pouco tempo sabe de quem?
Do Possessed.
Sim, LaLonde, um dos grandes músicos do Funk/Rock dos anos 90 até hoje, ajudou a sedimentar aquilo que viria a ser conhecido como Death Metal. LaLonde esteve na banda do guerreiro Jeff Becerra entre 1984 e 1987, tendo gravado guitarras nos clássicos do Metal extremo Seven Churches (1985) e Beyond The Gates (1986). Após sua saída do Possessed, ele foi ajudar o Blind Illusion na gravação de The Sane Asylum, tendo em vista que sempre houve um entra-e-sai desorganizado na banda.
Pois bem, no Blind Illusion, LaLonde encontra o virtuoso baixista Les Claypool, que acabara de fazer um teste sabe para qual banda?
O Metallica.
Claypool foi um dos candidatos à vaga de baixista do Metallica, vacante desde o trágico falecimento de Cliff Burton em 1986. Amigo de Kirk Hammett desde os tempos de escola, Claypool foi convidado pelo próprio guitarrista do Metallica para se candidatar ao posto de baixista. Obviamente que o candidato apresentou o melhor de sua apurada técnica e virtuosismo no instrumento, e justamente foi isso que levou James Hetfield a reprová-lo. O co-líder do Metallica declarou que Claypool era muito bom para ser baixista deles e que toda sua técnica deveria ser aproveitada em um projeto próprio. Já o próprio Claypool declarou em uma entrevista dada em 2014 que ele não era um cara do Thrash Metal e que ele sequer tinha noção do tamanho do Metallica na época do dito cujo teste. Todavia, Claypool teve seu talento aproveitado no Metallica sim. Ele tocou banjo no cover de Tuesday’s Gone, do Lynyrd Skynyrd, que saiu no álbum Garage Inc. (1989).
Em 1988, ambos Claypool e LaLonde deixaram em definitivo o cabaré chamado Blind Illusion e passaram a focar no Primus, juntamente com o baterista Tim Alexander, onde desde então fazem a música experimental e funkeada que bem entendem e alcançaram a fama e importância da qual são merecedores.