A década de 80 deixou um imponente legado no mercado musical, com o surgimento de grandes ícones e álbuns memoráveis no cenário artístico. Mas infelizmente o panorama conservador da era Regan nos EUA, nos rendeu coisas insanas, como o famigerado Parents Music Resource (PMRC), um conselho criado por Tipper Gore, esposa do ex-vice presidente, sob o pretexto dos pais possuírem um controle maior em relação ao acesso das crianças às músicas consideradas violentas, sexuais e de apologia as drogas. O propósito era defender os ideais de mantenimento dos valores da família americana, e sua luta a favor do moral e dos bons costumes da sociedade.
As canções abaixo fizeram parte de uma lista que ficou conhecida como “Filthy Fifteen” (quinze obscenas). A maioria delas, não surpreendem, são temas de rock (em sua maioria, hard rock ou metal)! Os discos vinham com um selo do PMRC em sua capa, para alertar sobre o “conteúdo inapropriado”. Vale frisar que o conselho se manteve durante muito tempo defendendo a censura, até meados dos anos 90. Um marco na luta contra essa cruzada conservadora e a favor da liberdade de expressão, foi o protesto do Rage Against the Machine em uma das primeiras edições do festival Loolapalooza. Entraram no palco nus, com as bocas vendadas, e a sigla pintada em seus corpos. A performance silenciosa em tom de protesto, substituiu o show de música. Memorável! Logo após essa ação, o órgão se enfraqueceria com a adesão em massa da classe artística, para mais tarde finalmente se extinguir.
Confira abaixo as “músicas proibidas”:
AC/DC – Let Me Put My Love Into You
Presente no álbum Back in Black, de 1980, a faixa foi incluída na lista por causa do seu evidente tema sexual. A seleção não deve ter sido fácil, já que no mesmo álbum encontram-se as músicas Givin’ The Dog A Bone e You Shook Me All Night Long.
Def Leppard – High ‘n’ Dry
A faixa-título do álbum de 1981 do Def Leppard, foi recomendada para ser censurada com base em suas referências ao uso de drogas e álcool.
Black Sabbath – Trashed
O principal single do álbum Born Again, de 1983, a única colaboração do Black Sabbath com o cantor Ian Gillan, também foi criticado por suas referências ao álcool e ao ato de dirigir embriagado. A amarga ironia, é que a música termina com um momento de medo envolvendo um acidente automobilístico.
W.A.S.P. – Animal (F— Like a Beast)
A inclusão de Animal na “Filthy Fifteen” inicialmente levou a gravadora do W.A.S.P. a exigir que a faixa fosse removida do álbum autointitulado de estreia, de 1984. Uma década depois, o projeto ganhou certificado de ouro e Animal foi reintegrada como parte de uma nova reedição do disco.
Motley Crue – Bastard
A faixa do álbum Shout at the Devil, de 1983, abriga uma fantasia de vingança envolvendo um estuprador. O disco decolou assim que recebeu o adesivo parental-advisory.
Twisted Sister – We’re Not Gonna Take It
A música foi censurada por incitar a violência e isso levou o vocalista da banda, Dee Snider, a se tornar parte de um trio de músicos que testemunharam na audiência no Congresso.
Venom – Possessed
Escolher apenas uma música do Venom deve ter sido difícil para o conselho. Afinal, muito antes desse lançamento em 1985, os caras já haviam lançado um projeto de estreia intitulado Welcome to Hell.
Judas Priest – Eat Me Alive
Essa faixa com tema bondage, presente no álbum Defenders of the Faith, de 1984, inevitavelmente atraiu a atenção do PMRC. Sentindo claramente que não entenderam a piada, o Judas Priest mais tarde incluiu a faixa intitulada Parental Guidance no álbum Turbo, de 1986.
Mercyful Fate – Into the Coven
Esse grupo dinamarquês mal havia visitado os EUA antes de ser incluído na “Filthy Fifteen”. Isso levou King Diamond e companhia, a se tornarem uma das bandas mais influentes no gênero metal.
Sheena Easton – Sugar Walls
Um período de colaboração com Prince levou a esta virada sexualizada na carreira de Easton, que antes de lançar Sugar Walls, em 1984, era uma estrela pop mediana.
Cyndi Lauper – She Bop
She Bop, hit do disco de estreia de Cyndi Lauper, em 1983, mostrou a cantora exaltando as virtudes da satisfação pessoal (masturbação), para o horror do PMRC.
Mary Jane Girls – In My House
Ex-backing vocals do controverso Rick James, pareceram que foram consideradas culpadas por associação. Claro, James escreveu e produziu muitas de suas músicas, mas In My House não era nada mais do que uma insinuação funk-pop.
Vanity – Strap On ‘Robbie Baby’
Ex-protegida (e namorada) de Prince, Vanity encontrou uma maneira de superar seu sucesso colaborativo Nasty Girl, de 1982. Strap On ‘Robbie Baby’ é bem mais sórdida na descrição sexual.
Madonna – Dress You Up
Descrita como profana e sexualmente explícita pelo conselho, Dress You Up soa estranho para os padrões de hoje. Mas também parecia estranho para os padrões de Madonna, mesmo naquela época. Afinal, a música foi apresentada em um álbum intitulado Like a Virgin, de 1985.
Prince – Darling Nikki
Tipper Gore supostamente teve a ideia de criar o PMRC depois de ouvir essa música vinda do quarto de sua filha. Enquanto isso, Prince vendeu mais de 13 milhões de cópias de Purple Rain, e usou a música como tema de seu filme de sucesso.
Fonte da descrição das músicas: site Rock Bizz.